A Confissão
Sim, aquele é um pecador. Mas e eu?
- 07-04-2021
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Vivemos numa sociedade crítica, que para qualquer erro ou
deslize que alguém cometa haverá sempre uma opinião, um julgamento, uma
sentença. Muitas vezes, as situações que acontecem na vida do outro são
analisadas de maneira geral, como se o cálculo matemático de 2 + 2 =4
funcionasse também para a condição humana. Mas não funciona! Entre os números,
há detalhes que ninguém mais vê e conhece senão o próprio protagonista da
história. Por trás do erro existe o coração que sofre por ter errado; por trás
do pecado, existe o homem ou a mulher que espera não por sentenças, mas por uma
mão que lhe seja estendida e uma voz que lhe diga: “Eu também sou como tu e
estou aqui para te ajudar. Vamos!”
Quando julgamos e condenamos uma pessoa pelo pecado que ela
cometeu, assumimos um lugar que não é nosso, mas unicamente de Deus. E convém lembrar
que o próprio Deus amou tanto o mundo, que enviou o Seu Filho único para que
não fôssemos condenados, mas salvos. Esta salvação estende-se a toda a
humanidade – os homens de ontem, os de hoje e os de amanhã. Precisamos sempre de
recordar que nós – eu e tu – fazemos parte dessa mesma humanidade que foi
redimida pelo Sangue do Cordeiro derramado na Cruz.
Sendo assim, estamos na mesma condição, não? Se aquele que eu
vejo é um pecador, eu também sou, pois por ele e por mim Jesus se ofereceu. Assim,
somos convidados a trilhar um caminho de misericórdia, sabendo bem dividir e
separar o pecado do pecador. O primeiro passo é não julgar nem condenar, mas ter
uma atitude de misericórdia. Tal atitude é abrangente e pode ser vivida de
várias maneiras. Por exemplo, se aquele pecador está a ser criticado num grupo
de conversa, tenhamos a atitude de nos calarmos quando chegar a nossa vez; e no
silêncio, ponhamos um fim ao julgamento. Troquemos a condenação pela oração! O
segundo passo é o acolhimento, que, com certeza, fará uma grande diferença na
vida de quem cometeu o pecado, visto que ele mesmo já se condena pelo seu erro.
Neste passo é indicado o exercício da empatia, que é colocar-se no lugar do
outro sem deixar de seres tu mesmo. Quando paramos para escutar e tentar
entender, começamos a conhecer o que está no íntimo da pessoa, inclusive o seu
sincero desejo de mudança. Com isso, poderemos ser na vida do outro um canal da
Misericórdia, que ama e acolhe o pecador e o conduz à liberdade e à dignidade
de filho de Deus.
O que faz de alguém um pecador é justamente o acto de pecar,
e deste nenhum de nós está isento. Todos temos os nossos espinhos na carne e
travamos lutas diárias para não voltarmos à escravidão da qual Cristo nos
libertou. A ti, pecador como eu, dou mais um conselho: ao se deparar com alguma
situação de pecado na vida de alguém, não devemos reagir como quem já superou
todas as suas faltas e defeitos, mas reflictamos: eu posso cometer semelhante
pecado ou até pior. E diante desta verdade, rezemos de todo o coração por nós e
pelo nosso irmão: “Tem piedade de nós, Senhor, porque somos pecadores!”