SANTO ANTÓNIO E A CONFISSÃO
No dia 13 de Junho celebramos a memória de um grande santo português Santo António. Todos nós o conhecemos como um grande pregador, como o “Santo dos Milagres”, o “Santo Casamenteiro”, o “Santo dos Objectos Perdidos”,
mas são poucos os que conhecem a sua faceta de grande confessor.
Na verdade, S. António tinha dias que confessava sem interrupção desde manhã cedo até ao pôr-do-sol, sem comer nem apanhar um pouco de ar, apesar de se encontrar com a saúde bastante debilitada. Ele foi um incansável pescador de almas e a felicidade que o inundava ao restituir a Luz da graça divina aos pecadores era tal, que nesses dias se esquecia do cansaço, do frio, do calor e da fome.
Foi ele que escreveu: “O sacramento da penitência é chamado “casa de Deus”, porque aí os pecadores reconciliam-se com Ele, assim como o filho pródigo se reconcilia com o pai, que o acolhe novamente em casa. É também chamado “porta do paraíso”, já que, através da confissão, o penitente é levado a beijar os pés, as mãos, o rosto do Pai Celeste. Oh casa de Deus! Oh confissão, porta do paraíso! Bem-aventurado quem habita em ti, bem-aventurado quem entra em ti! Humilhai-vos, meus irmãos e entrai por esta porta santa”.
Noutra altura escreveu: “Tal como te confessaste, assim deves emendar-te. Há muitos que confessam os seus pecados, mas nunca se emendam. O verdadeiro penitente, por onde quer que vá, deve sempre ter fixo na alma o propósito de não voltar a cair na culpa.
Há quem se confesse uma única vez por ano, mas seria bom confessar-se mais frequentemente. De facto, frágeis como somos e inclinados para o mal, todos os dias nos acontece contrair alguma mancha. A nossa memória, além disso, é tão escorregadia que tem dificuldade em recordar à noite aquilo que fez de manhã. Porquê então adiar para amanhã aquilo que seria urgente fazer hoje? Oh homem, hoje existes; mas amanhã, se calhar, não. Vive e comporta-te hoje como se amanhã tivesses que morrer. E sempre que absorveres o veneno da culpa, corre imediatamente a procurar o contra-veneno da sincera e dolorosa confissão”.
Meditemos nestas sábias palavras e conselhos de Santo António.
Ao longo dos vários anos de vida de confessor de Santo António, aconteceram episódios singulares. Fica aqui o mais conhecido:
“Um habitante de Pádua confessou uma vez que tinha agredido a sua mãe com um pontapé e, com tal violência que a fez cair por terra. O bem-aventurado Santo António, que ferozmente detestava a fúria, levado pelo zelo e quase com horror, exclamou: ‘O pé que bate no pai ou na mãe merecia, sem dúvida, ser cortado!’ O homem, não tendo compreendido bem tais palavras, voltou com toda a pressa para casa e imediatamente cortou o seu próprio pé. A notícia de tão atroz punição divulgou-se imediatamente por toda a cidade de Pádua e chegou aos ouvidos de Santo António. Ele dirigiu-se logo para junto daquele homem e depois de uma devota oração, juntou o pé cortado à perna, fez sobre ela o sinal da cruz e impôs por cima as suas santas mãos. Imediatamente o pé ficou ‘colado” à perna. O homem levantou-se com o seu pé intacto e são, louvando e exaltando o Senhor, e dando graças ao bem-aventurado Santo António, pela tão maravilhosa forma com que tinha sido curado pela sua intervenção”.
Vemos assim que Santo António, para além de ser grande na pregação, não era menor no confessionário. Isto vai de encontro aos seus pensamentos: “De que serve pregar no púlpito a uma multidão de ouvintes, se depois o confessionário ficar deserto? Seria como ir à caça e regressar com a bolsa vazia!”.
Peçamos a Deus que nos envie muitos e santos sacerdotes, com um espírito confessor como o de Santo António.