Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

A Confissão

O principal "porquê" das confissões mal feitas

 

O principal “porquê” das Confissões mal feitas?.

 

Discípulo. — Diga-me, Padre; qual será o primeiro “por quê” de tantas confissões mal feitas?

 Mestre. — Os “por quês” podem ser diversos, mas o principal é sem dúvida “o medo”, ou seja a maldita vergonha pela qual o demónio fecha a boca a muitos, fazendo-os calar ou confessar mal certos pecados ou o número deles.

Sabes como é que o demónio age quando quer induzir alguém ao pecado? Cerca o infeliz de mil maneiras, vai-lhe sugerindo:

 

“— Ora, cometa à vontade esse pecado… Afinal não é assim tão grave. Deus é bom… Ele não o quer castigar… Depois, com uma confissão Ele o perdoa e esta tudo acabado…”

 E assim, batendo hoje, batendo amanhã, e sempre na mesma tecla, o demónio acaba triunfando, ou seja, fazendo cometer e talvez até repetir os pecados.

Depois, então, quando o coitado, roído pelo remorso, resolve confessar-se, o demónio muda de tática.

 Novamente trata de impedir que Deus tome conta dessa alma, dizendo:

— “Como ousas confessar esse pecado? O confessor ficará surpreendido, há de ralhar contigo, levá-lo-á a mal e é provável que te negue a absolvição.

 

Ora, vamos, não temas, confessar-te-ás depois… Há tempo de sobra… Há sempre tempo para isso.

 — E assim o mais das vezes fecha a boca de quem estaria quase resolvido a falar e induz os pobres infelizes a se calarem e a cometerem sacrilégios.

M. — Certamente! Ele mesmo o confessou a Santo Antonino, arcebispo de Florença.

 Um dia, tendo o santo visto o demónio junto do confessionário, perguntou-lhe:

— O quê fazes aí?

 

— Estou esperando para fazer a restituição.

 

— Qual restituição? Fala, ou ai de ti.

 

— Venho restituir aos pecadores a vergonha e o medo que lhes roubei quando os fiz cometer os pecados…

 

Discípulo. - Se não me engano, parece-me que li que D. Bosco também viu o demónio em circunstâncias iguais.

 

Mestre. — Justamente! E ouça como foi:

 

Certa noite, estava o santo a confessar na Igreja de São Francisco de Sales, em Turim; era grande o número de jovens à espera que chegasse a sua vez.

 

Pelo confessionário passam dez, vinte, e chega finalmente um que, tendo já feito uma parte da confissão, pára de repente.

 

— Continue, diz-lhe D. Bosco, que por inspiração divina lia na consciência dos seus filhos. — Continue! E o resto?

 

— Não há mais nada, Padre, mais nada!

 

Não temas, meu filho, o Confessor não ralha, não castiga, perdoa sempre, perdoa sempre, perdoa tudo em nome de Deus; tem coragem… confessa-te bem…

 

— Não há mais nada! Nada mais!…

 

— Mas por que queres, com uma confissão sacrílega, dar prazer ao demónio… causar  tristeza a Jesus, fazê-lo chorar?

 

— Garanto-lhe Padre, que não tenho mais nada a dizer!

 

D. Bosco que vê o perigo que o infeliz jovem corre, inspirado por Deus, abandona a luta inútil e diz:

 

— Pois bem, olha quem está atrás de ti!

 

O rapaz vira-se de repente, solta um grito agudo e, agarrando-se ao pescoço de D. Bosco exclama:

 

— Sim, Padre, eu tenho mais este pecado…

 

E conta o pecado que não ousava confessar… Os companheiros que estavam na igreja ouviram o grito; assim que saíram, cercaram o rapaz, e, curiosos, queriam saber o que tinha acontecido.

 

E ele sorrindo, apesar de estar ainda um tanto assustado:

 Se vocês soubessem… Eu tinha cometido uma falta que não ousava confessar.

D. Bosco leu o meu coração… e eu vi o demónio que, sob a figura de um gorila de olhos de fogo e garras afiadas, estava pronto para me agarrar!

 

D. — D. Bosco era um Santo! Que sorte confessar-se com um Santo; não é, Padre?

 

M. — Todos os confessores representam Jesus Cristo e Jesus Cristo é sempre Santo; Ele tudo sabe, Ele vê tudo, tem pena de todos, perdoa tudo!

 

Discípulo. — Mas mesmo assim o demónio procura enganar e trair nas confissões?

 

Mestre. — Justamente; em todas as ocasiões.

 

Assim como o lobo agarra as ovelhas pela garganta para que não gritem, e as carrega e as devora, assim também faz o demónio com certas almas; agarra-as pela garganta para que não confessem os pecados e arrasta-as miseravelmente para o inferno.

 

D. — Que espertalhão malvado! Haverá quem, depois de enganado uma vez, se deixe levar por este impostor?

  

M. — Há muitos, muitíssimos, infelizmente!

 

Ai daquele que começa a seguir por este caminho! São geralmente os que cometem pecados contra a pureza que enveredam por tal caminho!

 

Geralmente não há dificuldade em confessar os pecados contra a fé, os pecados de blasfêmias, os de profanação dos dias festivos, os de desobediência, de vingança e mesmo os de furto;

 

Mas quando se trata de acusar pecados de impureza, ou ter que acrescentar certas circunstâncias que os acompanharam, ou ainda quando se trata de dizer o número bastante considerável dessas faltas, então uma maldita vergonha surge e fecha sacrilegamente a boca do penitente.

 

De mais a mais, a confissão sacrílega geralmente não fica sozinha.

 

Depois de uma vêm outras e assim estas almas infelizes continuam durante anos e anos, e além disso acrescentam às confissões mal feitas outras tantas Comunhões sacrílegas.

 E não raro, acontece que aqueles que, tendo começado a esconder pecados graves desde as primeiras confissões, chegam a uma idade avançada sem nunca fazerem uma boa confissão e sem nunca repararem a desordem das suas almas.

É inacreditável, é inacreditável como o medo e a vergonha são comuns principalmente entre os rapazes.

 

Daí vem o hábito de continuar a calar os pecados para não sofrer a humilhação, o sacrifício de os confessar.

  

S. Leonardo afirma ter tido a seus pés pessoas que, mesmo em perigo de morte não puderam vencer a vergonha que lhes fechava a boca. 

 

Ai daquele que começa…

 

Discípulo — Padre, se é assim tão fácil encontrar quem se deixe enganar pelo demónio e se cala, renovando o sacrilégio na confissão por quê é que os sacerdotes e os confessores não indagam, não interrogam os penitentes para impedir as confissões mal feitas?

 Mestre — Eles sabem e vêem que algumas almas deixam muito a desejar, mas em geral receiam ser indiscretos interrogando e esclarecendo certas coisas.

Até pelo contrário, com certas pessoas, não ousamos, parece-nos imprudência interrogar.

 

Um pai ou uma mãe gostam de fazer sempre bom juízo dos filhos, e ficam penalizados quando têm que duvidar da sua conduta, da sua sinceridade, da sua inocência.

 

Do mesmo modo sente o pobre sacerdote no que diz respeito aos próprios filhos espirituais e penitentes.

 

D. — E então?

 

M. — E então, continua-se em tal vida até que Deus intervenha com a sua mão providencial.

 

Eis porque por ocasião dos Exercícios Espirituais, das Missões, da Páscoa e de outras tantas festividades do mesmo género se encontram muitas almas, as quais, tendo tido a desgraça enorme de calar uma vez certos pecados na confissão e continuaram depois com sacrilégios durante anos e anos até ao dia em que, tocados por graça especial, podem finalmente abrir os olhos e tranquilizar a consciência por tanto tempo torturada pelo remorso.

 

D. — Mas a misericórdia infinita de Deus não vem em auxílio?

 

M. — Tu podes supor que Deus queira sempre, na hora da morte, usar de misericórdia com quem durante toda a vida abusando dessa misericórdia, O injuriou com sacrilégios?

 

E além disso na maioria dos casos, nem invocam essa misericórdia; pelo contrário, muitas vezes a desprezam.

 

Aqui também quero persuadir-te com factos.

 

O Padre dal Rio conta que uma jovem empregada se confessava frequentemente, porque a patroa exigia, mas por vergonha e teimosia calava os pecados desonestos.

 

Uma ocasião ela caiu gravemente enferma; sempre por causa da solicitude da patroa, confessou-se, e mais de uma vez, sacrilegamente.

 

Depois que a curaram com muitos cuidados, chegava até a caçoar com as amigas pondo em ridículo o zelo da patroa e do confessor para a induzir a fazer uma boa confissão.

  

Tendo adoecido pela segunda vez e mais gravemente do que da primeira, a patroa tornou a chamar o sacerdote o qual acudiu com presteza.

 Com toda a piedade e paciência que Deus concede em casos análogos, o padre procurou induzir a infeliz a uma sincera e dolorosa confissão. Mas tudo em vão!

Sempre teimosa, perseverou durante a longa agonia no propósito de se esquivar e de se calar, recusando-se até a repetir a jaculatória e as invocações sugeridas pelo confessor; mostrava-se aborrecida com tudo aquilo e com a presença do Padre.

 

E, quando por fim vendo que chegava o momento da morte, o sacerdote lhe pediu que beijasse o crucifixo, ela com um esforço supremo afastou-o com maus modos e olhando-o com desprezo disse:

 

— Tirem da minha frente este Cristo, não preciso dele!

 

— E voltou-se para o outro lado; assim com um suspiro horrível expirou aquela alma impenitente e sacrílega.

 

Ai daquele que começa!

 

Discípulo. — O Senhor conta coisas cada vez mais horripilantes!

 

Então não haverá mesmo saída para quem teve a infelicidade de enveredar por esse caminho?

 

Mestre. — Sim, há um modo de reconhecer as faltas e emendar-se e isto consiste em:

 

1.° — Uma vontade firme.

 

2.° — Eliminar e afugentar as ocasiões.

 

3.° — Praticar os Sacramentos.

 

É sobretudo numa vontade firme que isto consiste.

 

Santo Agostinho levou uma vida de libertino até aos trinta anos, mas quando abriu os olhos, sentiu tamanha vergonha que se converteu, abandonou os prazeres e as loucuras da mocidade, se tornou sacerdote, bispo, Santo, e célebre doutor da Igreja.

 

O mesmo aconteceu a Santo Inácio de Loiola, que com trinta anos se aborreceu da vida até então tida: e com uma vontade resoluta foi correndo bater à porta de um convento, onde fez duras penitências; lavou as culpas passadas, e fundou a Ordem dos Jesuítas, de quem é glória e orgulho.

 

São Camilo de Lelis, da nobre família dos “Abbruzzi” muito jovem também se entrega aos divertimentos e aos prazeres mundanos, mas aos vinte e cinco anos toma o hábito e consagra a Deus e a Maria Santíssima a sua vida, em favor dos doentes e dos moribundos.

 

O quê diremos então de uma Madalena Penitente? de uma Pelágia, de uma Santa Margarida de Cortona, que de vasos de corrupção e de escândalo, transformaram-se em lírios celestes? A vontade resoluta foi suficiente para salvá-las.

 

Em segundo lugar, eliminar e afugentar as ocasiões.

 Aqui também os Santos nos ensinam. Santo Tomás de Aquino, jovem elegante de família nobre, é fechado numa torre e ali é tentado por uma mulher infame.

Não tendo outro meio de se livrar dela, pega no fogão um tição ardente e brandindo-o grita: “Saia, saia, ou eu a queimo”, consegue assim a fuga da tentadora sem escrúpulos.

 

Regressar