Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

A Confissão

Como foi instituído o Sacramento da Penitência?

“Recebei o Espírito Santo! Àqueles a quem perdoardes os pecados ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos”

Confessar-se! Etimologicamente, admitir com intensidade a própria culpa, reconhecer-se equivocado. Uma acção de valor dúbio. Para alguns, é sinal de fraqueza: afinal, quem gosta de admitir que está errado? Para outros, é um acto sincero de coragem genuína: a humildade de reconhecer em si as fraquezas é que permite o progresso, qualquer que seja a intenção.

Mas no campo espiritual, confissão não é apenas uma palavra de muitos sentidos ou aferição de valores. É sacramento da penitência; é sinal visível de uma graça invisível; é acção salvífica de Deus que opera em mistério através do sacerdote e do penitente. Para entender o que se esconde espiritualmente neste sacramento, é preciso percorrer o caminho, que tem como ponto de partida a misericórdia divina e a sua instituição sacramental no Novo Testamento.

Instituição do sacramento da Penitência

Em primeiro lugar, precisamos de entender o que significa sacramento. Sabendo que se aproximava a sua Paixão, quis Jesus prometer algo extremamente significativo e poderoso àqueles que o seguissem: “não vos deixarei órfãos!” (Jo 14,18). Em outra narração do Evangelho, desta vez em Lucas, após a sua Ressurreição, voltou a afirmar: “Eu estarei convosco sempre até ao fim dos tempos” (Mt 28,20). Cristo permanece no mundo pela acção do Espírito na Igreja, mas também pelos sacramentos. Como afirma São Tomás de Aquino, os sacramentos são instrumentos nas mãos de Deus para nossa salvação.

Mas onde se encontram as origens da Reconciliação? Já no Antigo Testamento, há uma variedade intensa de textos em que se demonstra o poder da misericórdia divina que se manifesta nas acções de salvação que se realizam em favor de Israel e em favor da conversão do povo eleito, numa relação íntima de um Criador que ama sem limites a sua criação. Também na vida missionária de Jesus a sua pregação está directamente relacionada à conversão dos pecadores e ao perdão gratuito que o Pai nos deseja dar.

Porém, quando falamos na instituição dos sacramentos da nova lei (cf. Catecismo 1210), precisamos de ir ao Novo Testamento, afinal é Cristo que os institui. Vamos, então, outra vez ao Evangelho de João. No capítulo 20, versículos 22 e 23, o Ressuscitado fala aos discípulos: “Recebei o Espírito Santo! Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos”.

Ao ler estes versículos algo se torna claro: Jesus, que tem o poder soberano do perdão, confere a mesma graça aos seus apóstolos, para que eles apliquem a eficácia da misericórdia àqueles que estiverem arrependidos dos seus pecados. Ou seja, é Deus que continua sempre disposto ao perdão da humanidade! Mas este perdão torna-se um acto mediado pela presença de um ministro da misericórdia que acolhe e direcciona o penitente a um caminho de mudança de vida.

O desenvolvimento do sacramento

Cristo instituiu o sacramento da penitência, ainda que não tenha usado a palavra “sacramento” ou que não tenha definido como se confessar, da forma como hoje conhecemos. Isto só se foi desenvolvendo ao longo da história da Igreja, desde os primórdios das comunidades pós-pascais até aos dias de hoje.

Com o passar dos anos, na história da Igreja foi amadurecendo a compreensão do sentido teológico da penitência, e, consequentemente, a forma como viver a presença visível de uma acção invisível de Deus. Porém, a origem e a eficácia não sofreram sequer um arranhão.

O sacramento da reconciliação, como também é conhecido, era feito de maneira bem diferente de hoje. Se alguém caísse em falta grave depois do Baptismo, precisava de fazer penitência pública pelos pecados e penitência que poderia durar anos antes que fosse concedido o perdão. Apenas a partir do séc. VII é que entrou em prática a confissão particular, secreta e privada. Assim sendo, o crente pode confessar-se com frequência. O Concílio de Latrão (1215) impôs a todos os fiéis o dever de se confessar ao menos uma vez por ano.

Por quê confessar-se?

Os Padres da Igreja gostam de chamar-lhe “segunda tábua da salvação depois do naufrágio”: o primeiro salvamento veio com o baptismo, que nos livra da desgraça; a penitência dá-nos uma nova chance de salvação! A confissão é uma penitência pós-baptismal. Por isso, é chamada de irmã do baptismo, em que somos curados na nossa dignidade filial perdida sob os escombros do pecado que, voluntariamente, aceitámos cometer. No sacramento da Penitência, faz-se como o filho pródigo da parábola de Lucas: tocados na nossa consciência pela graça do Espírito Santo, retoma-se o caminho de volta na esperança de alcançar misericórdia nos braços do Deus de amor, a quem chamamos Pai.

A Igreja ensina que a força presente na Penitência reconstitui em nós a graça de Deus e nos une com máxima amizade (cf. Catecismo 1468). Este sacramento reconcilia-nos com a Igreja curando a quebra de comunhão causada pelo pecado. A Penitência traz mais uma vez a vida de Deus a cada fiel que, na sua inconstância humana, peca!

Exactamente porque todos pecamos, precisamos continuamente de retornar ao único tribunal da história humana em que mesmo ao declarar-se culpado se é perdoado das suas faltas. Ir até à confissão significa ir ao encontro da misericórdia de Deus que sempre nos acolhe e que sempre nos convida a uma conversão autêntica, a uma mudança de vida. Não se trata apenas de um alívio na consciência humana ou uma espécie de “passaporte” que nos permite viver os outros sacramentos. Não! É um reconhecer-se necessitado do perdão de Deus, motivado por um desejo sincero de mudar de vida!

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