Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

A voz dos Bispos

Homilia do Bispo de Lamego

Homilia do Bispo de Lamego no Dia da Igreja Diocesana

Uma vez mais nos reunimos na Igreja Mãe de Lamego para viver o Memorial da Paixão e Morte do Senhor, da Sua Ressurreição e Glorificação. Celebramos a Solenidade de Cristo Rei. O texto da profecia de Daniel que ouvimos naprimeira leitura, fala-nos de alguém “semelhante a um filho do homem”, personagem singular, entendida como figura do Messias, a quem é entregue o poder, a honra e a realeza, a quem as nações hão-de servir e cujo reino não será destruído. Também o diálogo de Jesus com Nicodemos que o Evangelho relatou refere um reino, mas que não é deste mundo, nem colide com qualquer autoridade terrena, porque o Reino universal de Cristo, o Príncipe dos reis da terra, como o denomina o texto do Apocalipse, que celebramos nesta solenidade, é um reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça de amor e de paz – assim rezaremos no Prefácio. Cristo não é rei como Pilatos imaginava. O seu trono é uma Cruz, e a coroa uma tecedura de espinhos pungentes que lhe perfuraram a cabeça. Governa os corações com o ceptro do amor e da justiça, impondo o seu domínio não com armas, mas com a Verdade. Esta Verdade afirmada por Ele a Pilatos não é um conjunto de leis, mas a Sua própria Vida na expressão máxima da doação de Si próprio até à morte. O Seu, é o mundo dos valores absolutos. A sociedade em que nos encontramos cada vez mais se afasta d’Ele e desta soberania. Mas o lugar que Ele ocupa na nossa vida é o termómetro da seriedade e da autenticidade do nosso cristianismo. Proclamá-lo Rei, como queremos, é escutar a Palavra e pô-la em prática, como discípulo, com a humildade e obediência até ao aniquilamento, por Ele testemunhada.

Mas hoje, porque é o Domingo imediato, a seguir ao aniversário da Dedicação desta Catedral, celebramos também, de há vários anos a esta parte, o Dia da Igreja Diocesana. Esta, incorporada na Igreja fundada por Cristo, “incessantemente nasce da Eucaristia, da auto-doação de Jesus e é a continuação deste dom”, como referiu Bento XVI, precisamente há quinze dias na visita a Brescia, terra natal do Servo de Deus, Paulo VI. A afirmação de Sua Santidade está em sintonia com o pensamento expresso na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramento da Caridade: “O Sacramento do altar está sempre no centro da vida eclesial; «graças à Eucaristia, a Igreja renasce sempre de novo!» Quanto mais viva for a fé eucarística no povo de Deus, tanto mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio duma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos. Testemunha-o a própria história da Igreja: toda a grande reforma está, de algum modo, ligada à redescoberta da presença eucarística do Senhor no meio de nós.”

Estamos por isso conscientes de que o momento que vivemos, aqui e agora, é o ponto alto desta jornada diocesana quase a concluir-se, tão densa e rica de reflexão e oração. É que, como continua Sua Santidade no referido documento, “do centro eucarístico surge a necessária abertura de cada comunidade, de cada Igreja particular: ao deixar-se atrair pelos braços abertos do Senhor, consegue-se a inserção no seu corpo único e indiviso. Por este motivo, na celebração da Eucaristia, cada fiel encontra-se na sua Igreja, isto é, na Igreja de Cristo”.

Mergulhar na Eucaristia, mistério de vida e de amor nunca suficientemente apreciado e vivido e, porque mistério, longe de ser compreendido, é sempre oportuno e actual.

Por isso a Eucaristia é de novo o tema do presente ano pastoral, providencialmente também Ano Sacerdotal, na conclusão do ciclo que temos vivido nestes últimos nove anos. Conjugam-se assim duas realidades inseparáveis, mutuamente ordenadas uma para a outra, nascidas na mesma hora: Eucaristia e Sacerdócio.

Tendes à vossa disposição o Plano Pastoral para este ano. Mas o objectivo apostólico não pode ficar no conhecimento das iniciativas que são sugeridas, ou mesmo na sua realização, mas numa séria e autêntica vivência eucarística que revitalize as nossas comunidades e comprometa responsavelmente os nossos cristãos. E não podemos esquecer que os primeiros protagonistas desta vivência temos de ser nós, os sacerdotes, generosamente empenhados em que a nossa identidade se configure com a de Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote, que na Eucaristia permanentemente se dá à humanidade. Nós, os padres, ou somos, como o Santo Cura de Ars, homens da Eucaristia, ou nunca seremos Pastores, mas simples mercenários descuidados e desatentos do rebanho que o Senhor nos confiou.

Insisto no que escrevi e podeis ler no plano pastoral: Que a reflexão e as várias iniciativas programadas ao longo do ano, revigorem uma autêntica piedade eucarística nas nossas comunidades paroquiais, sensibilizando para a digna celebração do Domingo, como Dia do Senhor, tornando mais exigente e consciente a participação na Missa dominical; aprofundando e consolidando a devoção à Eucaristia, proporcionando e programando tempos de adoração ao Santíssimo Sacramento; e descobrindo a exigência da partilha fraterna e da caridade que o autêntico culto eucarístico reclama.

Ninguém foi excluído de participar no encontro desta manhã na Casa de S. José. Todos foram convidados, destacando porém aquelas pessoas ligadas a actividades, movimentos e associações, para quem a Eucaristia é a referência específica. A reflexão partilhada, sublinhando as três dimensões, os três pólos, para os quais o Santo Padre, João Paulo II, tão empenhadamente chamou a nossa atenção e Sua Santidade Bento XVI se não cansa de recordar: a celebração e a sua dignidade, a comunhão com as exigências consequentes e o Sacrário onde Jesus, realmente presente, espera a nossa adoração, foi de certeza uma valiosa e privilegiada oportunidade a interpelar-nos em ordem ao dinamismo co-responsável que nos á pedido como pedras vivas da Igreja a que pertencemos. A luz que recebemos abriu-nos perspectivas e possibilidades de testemunho e de acção que iremos concretizar no nosso ambiente de família, de trabalho e de convivência, na nossa comunidade paroquial.

Aproveito esta ocasião para testemunhar a todos o meu apreço e gratidão pela dedicação generosa e tantas vezes sacrificada, de que sois exemplo, nas vossas paróquias, na edificação do Reino e na implantação corajosa da Verdade, que Jesus referiu no diálogo do Evangelho, até à vitória desta Verdade sobre o erro, sobre as atitudes condenáveis, hoje tão comuns, de falsa acomodação e tolerância ambígua, não obstante apresentarem-se como cultura moderna e expoente de progresso. Quero significar e sublinhar o meu especial reconhecimento para com as pessoas, familiares e não familiares, que acompanham os nossos sacerdotes nas suas residências. Trata-se duma ocupação muito discreta e humilde, quase imperceptível, mas com um relevo e importância extraordinários. Anjos da Guarda dos nossos Padres, garantem a normalidade da sua missão e até o equilíbrio psicológico no seu desempenho. Pessoas sempre presentes e actuantes, frequentemente esquecidas e às vezes incompreendidas, manifestam em todas as circunstâncias um sorriso de disponibilidade que apazigua.

O próximo ano vai ser amplamente enriquecido com a graça da vinda de Sua Santidade Bento XVI a Portugal. Todos quereremos vê-lo perto, mas que sintamos a necessidade de aproximar-nos dele com a mesma fé que arrastava as multidões ao encontro de Jesus, ávidas da Verdade que saia da Sua boca e que para todos era a resposta que inundava de paz os ouvintes, e transmitia sentido ao viver. Preparemos particularmente o nosso interior para este encontro, comprometendo o nosso coração com a mensagem que nos comunicar.

Que Nossa Senhora dos Remédios, a Mulher Eucarística e Mãe dos Sacerdotes, S. Sebastião e S. Agostinho, nossos Padroeiros, S. João Maria Vianney, o Santo Cura de Ars, intercedam por todos os fiéis da Diocese de Lamego.
 

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