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O Inferno visto por Santa Francisca Romana
- 28-12-2020
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Deus consolou Santa Francisca Romana com revelações e
comunicações místicas sobre a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria
Santíssima. Tornou-se célebre pelos seus milagres e dons de cura. Restituiu a
vista aos cegos, a palavra aos mudos, a saúde aos doentes, e libertou muitos
possessos do demónio.
Santa Francisca teve o pressentimento da sua morte e preveniu
os seus amigos. Pedia a Deus que a levasse desta vida, pois não queria ver as
novas crises que já começavam a assaltar a Santa Igreja. Caiu enferma, vindo a
falecer em 1440.
Na vida desta mística italiana, as visões ocupam um lugar
saliente. A propósito do que a Santa viu sobre o inferno, o célebre escritor
católico francês Ernest Hello apresenta um apanhado sucinto e sugestivo na sua
obra “Physionomie des Saints”, o qual exporemos abaixo.
Inúmeros suplícios, tão variados como os crimes, foram
mostrados à Santa em detalhes. Por exemplo, ela viu o ouro e a prata serem
derretidos e derramados na boca dos avarentos. A hierarquia dos demónios, as
suas funções, os seus tormentos, os diversos crimes aos quais presidem,
foram-lhe apresentados. Viu Lúcifer, chefe e general dos orgulhosos, rei de
todos os demónios e proscritos, rei muito mais infeliz do que os próprios
súbditos.
O inferno é dividido em três partes: o superior, o do meio e
o inferior. Lúcifer encontra-se no fundo do inferno inferior. A Lúcifer, chefe
universal, subordinam-se três outros demónios, os quais exercem império sobre
os demais:
1) Asmodeu, que preside aos pecados da carne, e era antes da
queda um Querubim;
2) Mamon, que preside aos pecados da avareza, era um Trono. O
dinheiro fornece ele sozinho.
3) Belzebu preside aos pecados de idolatria. Tudo que tem
algo a ver com magia, espiritismo, é inspirado por Belzebu. Ele é, de um modo
especial, o príncipe das trevas, e mediante as trevas é atormentado e atormenta
as suas vítimas.
Uma parte dos demónios permanece no inferno, a outra no ar, e
uma terceira actua entre os homens, procurando desviá-los do caminho certo. Os
que ficam no inferno dão ordens e enviam os seus embaixadores; os que residem
no ar agem fisicamente sobre as mudanças atmosféricas e telúricas, lançando por
toda parte as suas más influências, empestando o ar, física e moralmente. O seu
objectivo é debilitar a alma. Quando os demónios encarregados da Terra vêem uma
alma enfraquecida pelos demónios do ar, atacam-na no seu ponto fraco, para a
vencer mais facilmente. É o momento em que a alma não confia na Providência.
Esta falta de confiança, inspirada pelos demónios do ar, prepara a alma para a
queda solicitada pelos demónios da Terra.
Assim, enfraquecidos pela desconfiança, os demónios inspiram
na alma o orgulho, em que ela cai tanto mais facilmente quanto mais fraca se
encontra. Quando o orgulho aumentou a sua fraqueza, vêm os demónios da carne
que atacam o seu espírito.
Quando os demónios da carne aumentam mais ainda a fraqueza da
alma, vêm os demónios que insuflam os crimes do dinheiro. E quando estes
diminuíram ainda mais os recursos da sua resistência, chegam os demónios da
idolatria, que completam e concluem o que os outros começaram. Todos se
articulam para o mal, sendo esta a lei da queda: todo o pecado cometido, e do
qual a alma não se arrependeu, prepara-a para outro pecado. Assim, a idolatria,
a magia, o espiritismo, esperam no fundo do abismo aqueles que foram
escorregando de precipício em precipício. Todas as coisas da hierarquia celeste
são parodiadas na hierarquia infernal. Nenhum demónio pode tentar uma alma sem
a permissão de Lúcifer.
Os demónios que estão no inferno sofrem a pena do fogo. Os
que estão no ar ou na terra não sofrem actualmente tais penas, mas padecem
outros suplícios terríveis, e particularmente a visão do bem que praticam os
santos. O homem que faz o bem inflige aos demónios um tormento indescritível.
Quando Santa Francisca era tentada, sabia, pela natureza e violência da
tentação, de que altura tinha caído o anjo tentador e a que hierarquia
pertencera.
Quando uma alma cai no inferno, o seu demónio tentador é
felicitado pelos demais. Mas quando a alma se salva, o demónio tentador recebe
insultos dos outros, que o levam a Lúcifer e este lhe inflige um castigo a
mais, além das torturas que já padece. Este demónio entra às vezes no corpo de
animais ou homens. Ele finge ser a alma de um morto. Quando um demónio consegue
perder certa alma, após a condenação desta transforma-se em tentador de outro
homem, mas torna-se mais hábil do que foi a primeira vez. Aproveita-se da
experiência que a vitória lhe deu, tornando-se mais forte para perder o homem.
Santa Francisca observava um demónio em cima de alguém que
estivesse em estado de pecado mortal. Confessado o pecado, via o mesmo demónio
ao lado da pessoa. Após uma excelente confissão, o anjo mau ficava enfraquecido
e a tentação já não tinha a mesma energia.
Ao ser pronunciado santamente o nome de Jesus, Santa
Francisca via os demónios do ar, da terra e do inferno inclinarem-se com
sofrimentos espantosos, tanto maiores quanto mais santamente o nome de Jesus
fora pronunciado. Se o nome de Deus é pronunciado no meio de blasfémias, os
demónios são obrigados a inclinar-se, mas um certo prazer é misturado com a dor
causada pela homenagem que são obrigados a render.
Se o nome de Deus é blasfemado por um homem, os anjos do Céu
inclinam-se também, testemunhando um respeito imenso. Assim, os lábios humanos,
que se movem tão facilmente e pronunciam tão levianamente o nome terrível,
produzem em todos os mundos efeitos extraordinários e ecos, dos quais o homem
não é capaz de compreender nem a intensidade nem a grandeza.
in oracoesemilagresmedievais.blogspot.com