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A Igreja Católica proíbe lançar as cinzas dos mortos ao mar
- 31-08-2022
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Mauro Carlorosi, padre argentino do Oratório São Felipe Nerie membro da Academia Internacional da Divina Misericórdia de Cracóvia, explicapor que é que a Igreja Católica proíbe lançar as cinzas dos mortos no mar,conservá-las em casa, usá-las para plantar árvores ou fazer enfeites com elas.
O padre usou como base para a sua reflexão a instrução Adresurgendum cum Christo sobre a sepultura dos defuntos e a conservação dascinzas em caso de cremação, publicada pela Santa Sé em 2016.
O texto explica que “a Igreja continua a preferir a sepulturados corpos, uma vez que assim se evidencia uma estima maior pelos defuntos;todavia, a cremação não é proibida, ‘a não ser que tenha sido preferida porrazões contrárias à doutrina cristã’”.
Por que é importante enterrar os mortos?
Carlorosi disse: “para nós católicos é tão importanteenterrar os mortos que se tornou uma das obras de misericórdia corporaistradicionais, desde o Antigo Testamento e muito mais depois de Cristo”.
“É uma boa obra aos olhos de Deus porque representa overdadeiro amor a Deus e ao próximo”, acrescenta.
“Amor a Deus, porque é cuidar de um dos seus filhos, porque écomo cuidar do próprio Cristo que foi sepultado; e é amor ao próximo defunto,porque honra o seu corpo e a sua alma, sobretudo com a oração; dá testemunho deesperança na vida eterna a todos e nos convida a reflectir sobre a morte e overdadeiro sentido da vida”, destaca o padre.
A cremação
O padre Carlorosi disse que, embora a cremação sejapermitida, agora está "muitas vezes ligada a práticas pagãs que ignoram osfundamentos da fé católica em relação ao corpo e alma humanos".
“O homem foi criado em corpo e alma e, portanto, também éredimido de corpo e alma. Além disso, pela graça, o ser humano, corpo e alma, étemplo do Espírito Santo. E, depois da morte, o corpo ressuscitará, se reuniráà sua alma”, explica o padre.
"Não há concepção de homem tão elevada e esperançosa,tão positiva tanto para esta vida como para a próxima."
Carlorosi disse que "só a decadência da fé e a grandeignorância sobre esta dignidade humana podem fazer entender que hoje a cremaçãoé cada vez mais escolhida para fins pagãos, como espalhar cinzas e fazertrivialidades".
Para Carlorosi, "o uso injustificado da cremaçãoresponde a uma concepção que se tem hoje sobre o corpo humano" e reflecte"o pensamento que se tem hoje sobre Deus".
"Na cremação injustificada, há uma visão vazia designificado transcendente que concebe o homem como um simples indivíduo comcapacidade de produzir, consumir e desfrutar temporariamente e depois 'perecer'como os animais e que ele não deve ‘incomodar' com os seus restos mortais”,disse Carlorosi.
“Uma sociedade que em muitos aspectos é pós-cristã, e com aracionalidade de não acreditar em Cristo, mas, não tem dificuldade em acreditarque um defunto se possa tornar uma planta ou espalhar o seu espírito em energiacósmica. Sem nenhuma razão válida”, lamenta o padre.
Segundo Carlorosi, “com o tempo a própria cremação poderiaficar ultrapassada se fosse imposto o costume, também pagão, de gerar com osrestos mortais o que hoje se chama compostagem humana. Ou seja, um ser humanotransformado em fertilizante para a terra”.
As cinzas podem ser lançadas ao mar?
O número 7 do documento da Santa Sé de 2016 afirma que"para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista,não seja permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou, ainda,em qualquer outro lugar ".
É ainda proibida "a conservação das cinzas cremadas soba forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objectos,tendo presente que para tal modo de proceder não podem ser adoptadas razões deordem higiénica, social ou económica a motivar a escolha da cremação".
O Padre Carlorosi também comentou que quando alguém tentalançar as cinzas ao mar ou fazer alguma decoração, afastou-se de Deus e precisade ser evangelizado.
Quando o Senhor não está na vida, advertiu, "o homem perde-see não quer encontrar nenhuma razão para respeitar os restos de parentes demaneira cristã".
“Um bom católico, coerente com a sua fé, não pode fazer isto,pois revelaria uma visão de mundo pagã de vida e morte”, disse ele.
O padre destacou que aparece então um “paganismo queconsidera a morte como a fusão com a mãe natureza; ou um retorno a um estadopré-racional onde a alma se reencarna noutro corpo e, portanto, os restosmortais não valem mais do que uma foto”.
Por que não conservar as cinzas de uma pessoa morta em casa?
“Família e amigos devem ser amados, não usados, nem vivos nemmortos. Os meus defuntos não são objectos da minha memória pessoal. Eles nãonos pertencem, eles pertencem a Deus, são da família, eles têm outro fim enecessidade. São pessoas que precisam de mim!”, disse o padre argentino.
Os defuntos, disse ele, “precisam de orações, sacrifícios,penitências, sufrágios. Esta é a maneira digna de os honrar. Mas eles nãoprecisam apenas das minhas orações, mas de todos os outros parentes e dacomunidade crente, tanto da nossa geração como das próximas”.
Por isso, destacou Carlorosi, “as cinzas devem ser colocadasem lugares sagrados e adequados e devem ser visitadas para serem lembradas coma ajuda de que mais precisam, que são orações”.
“Lembremo-nos de que uma alma no purgatório está viva, sabede nós a partir de Deus e deseja a nossa ajuda para a sua alma, mais do que umasimples e ineficaz lembrança do seu corpo”.
“Diga-me como você trata a morte e eu lhe direi o valor que avida tem para você”, continuou o padre Carlorosi.
Carlorosi concluiu destacando que "o tema de evitar acremação injustificada é tão importante que o documento, autorizado pelo PapaFrancisco, pede que as exéquias sejam negadas àqueles que solicitam a cremaçãoe a dispersão das suas cinzas na natureza por motivos contrários à fécristã".