INTRODUÇÃO
Em Jerusalém, Jesus entrava de modo triunfante, aclamado pelas multidões. Hoje, na mesma cidade, cristãos de todo o mundo fazem o mesmo percurso que Jesus fez, manifestando a fé e conservando a mesma fé, embora com um sofrimento muito grande, por causa das perseguições que lá ainda existem. Nós fazemos o mesmo gesto com a mesma fé. Santo André de Creta ensina: “Corramos, pois, com aquele que se dirige a Jerusalém para chegar à Paixão, e imitemos aqueles que foram ao seu encontro. Não vamos com ramos de árvores, mas para colocar debaixo da sua pessoa as nossas próprias pessoas com um Espírito de humanidade e coração sincero, para ouvir a sua palavra que vem a nós e dar lugar a Deus”.
A celebração de hoje tem dois momentos: Bênção dos ramos, com a procissão entusiasmada de louvor, e a Missa, onde retomamos o caminho da Quaresma na reflexão sobre a Morte e Ressurreição do Senhor. Os ramos são abençoados; e nós os levaremos para casa num sinal de compromisso com Aquele que aclamamos.
A multidão, crianças e estrangeiros, aclama. Marca o momento da ruptura de Jesus com os aristocratas e com os chefes dos Judeus. Podemos ver que é o mesmo povo que receberá a intervenção de Pentecostes. São aqueles a quem foram revelados os segredos do reino (Lc 10,21). São os verdadeiros adoradores do Pai (Jo 4,23).
Jesus vem como o Messias predito pelo profeta Zacarias: manso, na montadura do povo, como Davi, indicando um projecto de reino da Justiça, do Amor e da Paz, tendo quebrado toda a violência. Toda a natureza o acolhe: são os ramos de palmeira e oliveira. São crianças que, se forem caladas, falarão as pedras. Os ramos de palmeira significam a vitória de Cristo sobre a morte, pela ressurreição, e o sentido da vida. Os ramos de oliveira significam a sua unção espiritual. É Cristo, do qual nos vem toda a força, toda a vida.
Com todo o nosso ardor celebremos e aclamemos, exultando com a sua glória. Este amor nasce no nosso coração quando nós somos tão amados de Cristo. Não se trata de um acto do passado, de uma recordação. O hoje do mistério celebrado leva a reconhecer a divindade de Jesus. Somos chamados a compartilhar da sua paixão e ser instrumento para a redenção do mundo.
A - BÊNÇÃO E PROCISSÃO
1. BÊNÇÃO DOS RAMOS
A bênção dos ramos evoca a caminhada de Jesus à Jerusalém terrestre. Estimula-nos e convida a continuar a caminhada até a Jerusalém celeste, o céu.
2. EVANGELHO DA ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM
A narração da entrada de Jesus em Jerusalém mostra o gesto de Jesus, como o rei da paz, cuja vitória está na humildade que quebra as armas da violência. É também realização do Deuteronómio (Dt 18,15) que fala do profeta como Moisés. Assim temos as características do seu reino: simplicidade, acolhimento de todo o tipo de pessoa. Mostra igualmente a vitória sobre a sua dolorosa Paixão. Se houver a recusa pelos chefes que o crucificaram, já houve uma vitória, uma aceitação fundamental por parte do povo, os pobres de Javé, aqueles que cantam para Deus. Como o acolhe hoje o nosso povo? A glorificação por parte de muitíssimos do povo é já o anúncio da sua glorificação da cruz. É também a sua gloriosa ressurreição, meta final da sua caminhada para Jerusalém. Os discípulos compreenderão mais tarde, à luz da ressurreição. Ano A: Ano B: Ano C:
3. PROCISSÃO
Nós imitamos o gesto das multidões que acolheram Jesus como Bendito que vem em nome do Senhor. Entramos com Ele na cidade, aclamamos e tendo nele as mais profundas esperanças. Com a mesma disposição façamos a caminhada para a nossa cidade, firme manifestação de que temos uma opção: Jesus é o centro da nossa vida. Os ramos serão a lembrança do compromisso e deste encontro de hoje; nós os usaremos nos momentos de tempestades na vida, para nos dar segurança naquele que vem em nome do Senhor. Mais que uma recordação, é a nossa caminhada com Cristo para a sua entrega a Deus, acto central da nossa redenção.
B. MISSA
1. ORAÇÃO
A celebração da Eucaristia começa com a oração da missa. A missa tem carácter de reflexão sobre a Paixão, mudando o festivo da procissão. É no acolhimento da sua palavra, da sua pessoa redentora que nos tornaremos participante do seu mistério. A oração da missa, lembrando o exemplo de humildade de Cristo demonstrada no seu sofrimento, conduz a comunidade a aprender da sua paixão para chegar à sua ressurreição.
2. PRIMEIRA LEITURA (IS 50,4-7)
A leitura da Palavra traz Cristo na sua Paixão. Ela não é só um sofrimento, mas uma escolha que o Filho de Deus fez, na sua encarnação, de chegar ao extremo da sua igualdade com as pessoas, para fazer a ressurreição de todos.
A primeira leitura é o terceiro cântico do Servo de Javé. A liturgia identifica este servo com Jesus que, pelo sofrimento e humilhação (Arrancar a barba) e resistência, nos entende e ensina a aprender da dor e do sofrimento a aproximar-nos das pessoas e falar com elas.
3. SEGUNDA LEITURA (Fl 2,6-11)
O servo de Javé, Jesus, humilhou-se ao extremo sofrimento: morte de cruz. A Sua aniquilação é a Sua exaltação. Somos convidados a Ter os mesmos sentimentos de Jesus: participar de sua morte para chegar à sua ressurreição. Este é o seu Evangelho.
4. A. EVANGELHO (Paixão do Senhor)
Ano A: (Mt 26,14-27 ,66;27,11-54)
Jesus realiza a sua paixão na total entrega ao Pai, na plena liberdade do seu Dom. é abandonado, traído, renegado. É o homem que morre pelo povo.
B. EVANGELHO (Paixão do Senhor)
Ano B: (Mc 14,1-15,47; ou 15,1-39)
O sofrimento e a morte de Jesus levam a crer: este homem é Messias, Filho de Deus. A fé é completa quando passamos por Jesus na cruz para chegar à ressurreição com ele. Quando o véu do templo se rasga, podemos também entrar no santuário do novo relacionamento de Deus com seu povo.
C. EVANGELHO (Paixão do Senhor)
Ano C: (Lc 22,14-23,56; ou 23,1-49)
A caminhada de Jesus desde a Galiléia chega aos seus passos finais com a proclamação do letreiro da cruz: este é o rei dos judeus! Fala também: lembra-te de mim quando estiveres no teu reino, diz o ladrão. E Jesus: hoje estarás comigo no paraíso. O centurião dá glória a Deus: este homem era justo.
MENSAGEM
Acolhamos a chegada de Cristo para implantar o reino de Deus em nós. Acolhamos a sua Paixão. Agora, durante este tempo que nos separa da sua Ressurreição, estejamos firmes na palavra, seguros na sua cruz, procurando entender os caminhos que nos levam a segui-los de perto para estar no momento mais alto da ressurreição.
C - PREPARAÇÃO:
Introdução
O documento conciliar Sacrosanctum Concilium (SC) e a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), ao se referirem à actuação na liturgia, falam de serviço, função, parte, encargo, ministério, ministério particular, ofício (Cf. SC 11, 14, 19, 21, 26, 28;IGMR nn. 58-73.127-152).
Olhando para as celebrações litúrgicas da Semana Santa, devemos considerar como um serviço litúrgico as actividades, funções e papéis que ajudam na participação activa e consciente da assembleia e na realização plena da celebração.
São actividades exercidas pelos fiéis, movidos pela fé.
Não precisam do reconhecimento da comunidade. Devem ter certa consistência e estabilidade, vistas como necessárias à realização das acções litúrgicas.
Preparar:
- Ramos;
- carvão;
- incenso;
- talha de barro ou turíbulo;
- água benta;
- cruz processional;
- mesa pequena;
- paramentos vermelhos (capa ou casula para o sacerdote);
- livro dos Evangelhos.