Semana Santa
Da condenação de Jesus e subida ao Calvário
- 27-03-2024
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Pilatos, com medo de perder
as boas graças de César, depois de ter declarado tantas vezes a inocência de
Jesus, condenou-o finalmente a morrer crucificado.
Ó meu inocentíssimo
Salvador, que delito cometestes para serdes condenado à morte? pergunta S.
Bernardo, e responde: O vosso pecado é o vosso amor.
O vosso pecado é o grande amor que nos tendes, é ele que mais do que Pilatos
vos condena à morte.
Lê-se a iníqua sentença.
Jesus a escuta e todo resignado a aceita,
submetendo-se à vontade do eterno Padre, que o quer ver morto e morto na cruz
pelos nossos pecados: “Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte
de cruz” (Fl 2,8).
Ah, meu Jesus, vós
aceitastes inteiramente inocente a morte por meu amor; eu, pecador, por vosso
amor, aceito a morte quando e como vos aprouver.
Lida a sentença,
precipitam-se com fúria sobre o inocente cordeiro, impõem-lhe novamente as suas
vestes e apresentam-lhe a cruz feita com duas toscas traves.
Jesus
não espera que lha imponham, ele mesmo a abraça, beija-a e coloca-a sobre os seus
feridos ombros, dizendo: “Vem, minha querida cruz, há trinta anos que eu te
busco; quero morrer por ti por amor das minhas ovelhas”.
Ah, meu Jesus, que
podíeis fazer ainda para obrigar-me a vos amar? Se um criado
meu se tivesse oferecido unicamente a morrer por mim, teria conquistado todo o
meu amor.
Como, pois, pude eu viver
tanto tempo sem vos amar, sabendo que vós, meu sumo e único senhor, morrestes
por mim? Eu vos amo, ó sumo bem, e, porque vos amo, arrependo-me de vos ter
ofendido.
Contempla
o Salvador que vai morrer por ti
Os condenados deixam o
tribunal e se dirigem para o lugar do suplício: entre eles se acha também o rei
do céu com a cruz às costas: “E carregando sua cruz se encaminhou para o lugar
que se chama Calvário” (Jo 19,17).
Saí também vós do paraíso,
ó serafins, e vinde acompanhar o vosso Senhor que sobre o Calvário para ser
crucificado. Ó espetáculo! Um Deus que vai ser crucificado pelos homens! Minha
alma, contempla o teu Salvador que vai morrer por ti.
Vê como está com a cabeça
curvada, com os olhos trêmulos, todo coberto de feridas, escorrendo sangue com
aquele feixe de espinhos na cabeça e aquele pesado madeiro sobre os ombros.
Ó
Deus, com que dificuldade caminha ele, parecendo que vai expirar a cada passo
que dá. Ó Cordeiro de Deus, aonde ides? Vou morrer por ti. Quando me vires
morto, recorda-te do amor que te mostrei e ama-me.
Ah, meu Redentor, como pude
viver até agora esquecido do vosso amor? Ó pecados meus, vós haveis amargurado
o coração de meu Senhor, esse coração que tanto me amou.
Ó meu Jesus, arrependo-me
da injustiça que vos fiz, agradeço-vos a paciência que tendes
tido comigo e vos amo: amo-vos com toda a minha alma e só a vós eu quero amar.
Recordai-me sempre do amor que me consagrastes, para que eu nunca mais deixe de
vos amar.
“…tome
a sua cruz todos os dias, e siga-me”.
Jesus Cristo sobe o
Calvário e nos convida a segui-lo.
Sim, meu Senhor, vós, inocente,
ides adiante com a vossa cruz; pois bem, caminhai, que eu não vos abandonarei.
Enviai-me
a cruz que quiserdes, que eu a abraço e com ela quero acompanhar-vos até à
morte. Quero morrer juntamente convosco, como vós morrestespor mim.
Vós
me mandais que eu vos ame e eu nada mais desejo senão amar-vos.
Meu Jesus, vós sois e
sempre haveis de ser o meu único amor. Ajudai-me a vos permanecer fiel.
Maria, minha esperança, rogai a Deus por mim.