Página Eucarística
Todo o pecado, confessado na Santa Missa é perdoado?
- 13-07-2022
- Visualizações: 105
- Imprimir
- Enviar por email
A Eucaristia é o ápice da vida cristã, pois é o memorial do sacrifício de amor de Jesus. Portanto, o homem, que só encontra a sua realização em Deus, deve celebrar com todo o amor e zelo este memorial. Para isso, na Santa Missa, o acto penitencial colabora e faz com que ele reconheça quem realmente é: um filho que tem pecados e necessita do amor.
O pecado confessado na Missa ajuda-nos a celebrar melhor a
Eucaristia
O cristão, ao participar na Missa, comunga de duas mesas: da
mesa da Palavra e da mesa Eucarística. Mas, assim como antes de fazermos
qualquer refeição lavamos as nossas mãos por motivos de higiene, o cristão
também é chamado a “lavar as mãos” antes de participar deste banquete; e este
“lavar as mãos” é no sentido de pedir perdão pelos seus pecados no acto
penitencial.
Missa: união com Cristo e perdão dos pecados
Há uma motivação do sacerdote que diz: “Preparemo-nos, pois,
para celebrar dignamente estes santos mistérios, reconhecendo que somos
pecadores”. Assim, quando o cristão reconhece que é pecador e pede perdão, ele
lava a alma, celebrando com mais dignidade os mistérios do Senhor.
Na Missa, o cristão é convidado a unir-se mais a Cristo e
progredir na amizade com Ele. Ela não é destinada a perdoar os pecados, nem se
deve a confundir com o sacramento da reconciliação (Cf. CIC 1396). Na Missa,
Deus perdoa os nossos pecados veniais. Não que Ele não seja capaz de perdoar os
mortais, mas, como um pai que não dá tudo fácil ao filho, para o educar para os
verdadeiros valores, é preciso dirigirmo-nos ao Sacramento da Reconciliação. A
Igreja ensina que “quem está consciente de um pecado grave deve receber o
Sacramento da Reconciliação antes de receber a comunhão (CIC 1386).
O pecado: venial e mortal
O pecado é uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e
para com o próximo, por causa dum apego mau a certos bens (Cf. CIC 1850). O
pecado venial é aquele acto que não priva o homem da amizade total com Deus. Já
o pecado mortal é o acto pelo qual o homem, com liberdade e advertência,
rejeita Deus. Mas “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os
membros pecadores da sua Igreja; antes de tudo, para aqueles que, depois do baptismo,
cometeram pecados graves e, assim, perderam a graça baptismal e feriram a comunhão
com a Igreja. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova
possibilidade de se converter e recobrar a graça da justificação. Os padres da
Igreja apresentam este sacramento como a segunda tábua (de salvação) depois do
naufrágio, que é a perda da graça” (CIC 1446).
Sobre o pecado mortal, na Encíclica “O Esplendor da Verdade”
do Santo João Paulo II lemos o seguinte: “Separar a opção fundamental dos
comportamentos concretos, significa contradizer a integridade substancial ou a
unidade pessoal do agente moral no seu corpo e a alma” (67). A partir disto,
João Paulo II acrescenta que alguns teólogos dizem que “o pecado mortal, que
separa o homem de Deus, verificar-se-ia somente na rejeição de Deus, feita a um
nível da liberdade que não é identificável com um acto de escolha, nem
alcançável com consciência reflexa. Neste sentido — acrescentam —, é difícil,
pelos menos psicologicamente, aceitar o facto de que um cristão, que quer viver
unido a Jesus Cristo e à Sua Igreja, possa cometer pecados mortais tão fácil e
repetidamente, como indicaria, às vezes, a mesma matéria dos seus actos” (69).
O sentido do acto penitencial
O cristão é convidado a reconhecer a sua pequenez, a sua
limitação, a sua condição de pecador no acto penitencial da Missa. Assim, Deus
pode vir ao seu encontro com a Sua graça, pois o homem é chamado a ser filho da
luz. Santo Agostinho afirma que “a confissão das más obras é o começo das boas
obras, contribui para a verdade e consegues chegar à luz”.
Na Eucaristia, o homem é elevado a Deus e à comunhão com Ele
e com os irmãos. A unidade do Corpo Místico vence todas as divisões humanas:
“Todos vós, com efeito, que fostes baptizados em Cristo, vos vestistes de
Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem
mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,27-28).
O homem participa da comunhão dos santos, ou seja, cada alma
que se eleva a Deus dignifica o mundo, porque existe uma solidariedade humana
misteriosa. Assim, também há a solidariedade do pecado. Por isso, escreve São
João Paulo II: “A esta lei da elevação corresponde, infelizmente, a lei da
descida, de tal modo que se pode falar de uma comunhão no pecado, em razão da
qual uma alma que se rebaixa pelo pecado arrasta consigo a Igreja, e, de certa
maneira, o mundo inteiro” (Reconciliação e Penitência, 16). Desta forma, todo o
acto pecaminoso repercute na sociedade, assim como todo o acto caridoso edifica
a Igreja e o mundo. Reconhecer-se pecador, no acto penitencial, já é um início
para edificar um mundo melhor.
Não tenhamos medo
Há também o rito da aspersão da água que substitui o rito
penitencial, pois lembra da aliança baptismal que se renova em cada Missa e
recorda o nosso compromisso de baptizados, acentuando a nossa identidade de
povo sacerdotal.
Enfim, sempre sujamos as mãos no decorrer da história com o
pecado, mas não tenhamos medo de lavar as nossas mãos, ou seja, a nossa alma.
Recorramos à Misericórdia de Deus, porque na Missa somos perdoados dos nossos
pecados veniais e, especialmente no Sacramento da Reconciliação, somos
perdoados de todos os pecados. Assim, participamos dignamente no Banquete que
Ele preparou, desde sempre, para nós.