O Homem
Todo o homem é chamado por Deus a ser um guerreiro
- 21-02-2020
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O nosso Deus é um Deus guerreiro. Esta é uma característica
forte Nele, e a sua morte de Cruz comprova isto. Para se entregar da forma como
Cristo se entregou só um verdadeiro herói poderia ir até ao fim. Somos imagem e
semelhança deste Deus e, nós homens, de forma especial, somos chamados por Deus
a assumir o papel de guerreiros na luta por causas justas.
No primeiro livro de Samuel, capítulo 17, é dado início à
história de David. David era o oitavo filho de Jessé, mais novo e menos
preparado para ir à guerra, menos ainda para reinar sobre Israel. Ao ir ao
acampamento do exército israelita, o jovem depara-se com o Filisteu Golias que anda
a amedrontar as tropas do Rei Saul, pois ninguém tinha coragem de lutar contra
ele.
Este trecho da história David mostra a sua força, a sua
inteligência e disposição em lutar por aquilo que para ele é importante. David revela-se
um guerreiro. Mas não um guerreiro qualquer, ele mostra que não basta um homem
ser forte, ele precisa de usar a força em causas nobres. David não entra na
batalha para ser reconhecido, mas luta por seu povo e pela honra do seu Deus.
Hora da batalha
Jesus sabia muito bem quando deveria entrar numa batalha e
não temia usar a força, se necessário. Quando está no templo de Jerusalém e se
depara com um comércio montado, a sua acção é expulsar todos e derrubar as
mesas (Cf. Mt 21, 12). Jesus lutou pela casa de seu Pai, a sua intenção era ensinar
que há certas batalhas que o homem precisa de travar. Da mesma forma, no
capítulo 4 do Evangelho de São Lucas 14-30, Jesus está na sinagoga de Nazaré, e
no fim dessa leitura vemos que Jesus se retira do meio do povo que deseja
lançá-Lo num precipício. Um guerreiro sabe também evitar batalhas
desnecessárias.
O homem traz em si a agressividade, o impulso por batalhar, o
coração de guerreiro. Isto não é coisa ruim, mas hoje não temos referências com
quem possamos aprender a usar essa potência de forma positiva. Vemos este dom a
perder o seu sentido e a nossa sociedade está cheia de homens que se confundem na
sua identidade, deixando-se dominar por prazeres e conquistas pequenas. O Papa emérito
Bento XVI, diz: “Deus veio ao mundo para despertar em nós a sede pelas grandes
coisas”.
Ele precisa de ter firme na sua mente que Deus deseja estar com
ele nas batalhas. Mas, nos ensinam por aí que somos fracos, que não
conseguimos. Como então encontrar um meio de usar a nossa força de forma boa? O
Pai quer nos treinar para isso, Ele quer nos dar motivos fortes para usarmos
essa força, motivos nobres. O Salmo 144, 1 diz: “Bendito seja o Senhor, meu
rochedo, que treina as minhas mãos para a batalha e os meus dedos para o
combate”. Sim, Deus quer nos treinar para usar a nossa força quando for
preciso.
O homem tem desistido
das suas batalhas e com isso toda a humanidade perde. Um casamento, por
exemplo, é um motivo pelo qual todo o homem precisa de estar disposto a
batalhar e assim também pelos seus filhos, amigos, pela sua fé.
Legado de pai para filho
Na história da humanidade este legado era transmitido de pais
para filhos. Era com o pai que um jovem aprendia como usar a força. Houve uma
ruptura neste ciclo e os pais de hoje não sabem como ensinar os filhos a
assumirem o papel de homem, pois também não aprenderam isso. A nós, cabe buscar
em Deus a referência que precisamos. Deus é o nosso Pai e quer nos treinar,
quer nos fazer homens com toda a potencialidade que Ele criou.
Para que nos possamos encontrar na nossa identidade masculina
é preciso que, antes, nos encontremos no coração do Pai, no coração de Deus.
Se, primeiro, provarmos da experiência de que somos filhos amados de Deus,
poderemos assumir a nossa identidade e com isso retomar o ciclo de pais, que
são verdadeiramente pais, e filhos que se sentem filhos.
Somente no coração de Deus conseguiremos encontrar o caminho
que nos restituirá ao que realmente somos, homens guerreiros.