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QUARENTENA

Tempo de penitências e orações

Estamos na Quaresma: o tempo de conversão, o tempo da salvação, e da graça de Deus que não podemos passar em vão.

É tempo de oração. Sem oração é impossível caminhar na fé e fazer a vontade de Deus. A oração é a nossa força. Jesus manda-nos “orar sempre sem nunca deixar de o fazer” (Lc 18,1), e São Paulo recomenda: “Orar sem cessar” (I Tess 5,17).

A oração é para a alma o que o ar é para o corpo. Uma alma que não reza é uma alma que não respira; não tem vida. Ninguém pode servir a Deus sem muita oração, porque é Ele, e somente Ele, quem realiza todas as coisas; Ele capacita-nos, nós somos apenas seus instrumentos. Quanto mais comungamos com Ele pela oração, mais nos tornamos um instrumento útil nas suas santas mãos.

É uma grande ilusão querer fazer algo por Deus, e para Deus, sem antes muito rezar. Esta é a maior tentação que sofremos: rezar pouco, não rezar ou rezar mal. Jesus é muito claro sobre tudo isto: “Sem Mim nada podeis” (Jo 15,5).

É tempo de conversão! A oração pode mudar todas as coisas; pois, o próprio Anjo Gabriel disse a Maria: “A Deus nada é impossível” (Lc 1,37). “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9,23), garantiu-nos o Senhor.

São Paulo recomenda com insistência: “Orai em todo o tempo” (Ef 6,18), “orai sempre e em todo o lugar” (1 Tim 2,8). “Recomendo que se façam súplicas, orações, petições, acções de graças por todos os homens…” (1 Tim 2,1).

O efeito da pandemia do Coronavírus leva-nos a uma Quaresma especial, pois todos estamos em quarentena, em nossas casas. Então, temos mais tempo para rezar, para que Deus tenha compaixão de nós e nos livre quanto antes desta tormenta.

A nossa penitência deve ser a de oferecer a Deus o nosso sofrimento e o dos nossos entes queridos para a salvação nossa e do mundo, com resignação e amor a Deus.

Dica de penitência para esta Quaresma

São Paulo disse: “Completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja” (Col 1,24). E pede na Carta aos romanos: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rom 12,2-3).

Esta, então, será a nossa melhor penitência nesta Quaresma, oferecer a Deus o nosso sacrifício como um culto espiritual. São Francisco de Sales, doutor da Igreja do século XVII, dizia que a melhor penitência não é a que escolhemos para fazer, mas a perfeita aceitação do sofrimento que Deus permite que nos atinja. É o médico que deve prescrever o remédio e não o paciente. Sabemos que Deus não é o autor do mal, mas Ele pode permitir – na sua sabedoria e bondade – que o sofrimento nos atinja para nossa purificação, para o exercício das virtudes: pureza, paciência, desprendimento, caridade, temperança, bondade, mansidão… E para a salvação nossa e da humanidade.

Monsenhor Ascânio Brandão, no seu livro “Breviário da Confiança” (Ed. Cléofas), diz que, Deus, muitas vezes, precisa de “ferir o corpo para salvar a alma”. Tenhamos fé e confiança em Deus!

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