– Mãe, por que é que o pai está sempre
triste?
– Não sei, amor, respondeu a mãe, com
paciência. Deve estar preocupado com os seus negócios.
O homem parou, sem coragem de entrar e
continuou a ouvir:
– O que são negócios, mãe?
– São as lutas da vida, filho. Depois de
uma pequena pausa, a voz infantil fez-se ouvir outra vez:
– O pai fica alegre nos negócios?
– Fica, sim, respondeu a mãe.
– Mas, então, por que fica triste em
casa?
Sensibilizado, o pai ouviu a esposa
explicar ao pequenino:
– Nas lutas de cada dia, meu filho... o
teu pai deve sempre demonstrar contentamento. Deve ser alegre para agradar ao
chefe da repartição e aos clientes. É importante para o trabalho dele. Mas,
quando ele volta para casa, ele traz muitas preocupações. Se fora de casa,
precisa cuidar para não ferir os outros, e mostrar alegria, gentileza, não
acontece o mesmo em casa.
– Aqui é o lar, meu filho, onde ele está
com o direito de não esconder o seu cansaço, as suas preocupações. A criança
escutou atenta e depois, suspirando, como se tivesse pensado por longo tempo,
desabafou:
– Que pena, mãe! Eu gostava tanto de ter
um pai feliz, ao menos de vez em quando. Gostava que ele chegasse a casa e
pegasse em mim ao colo, brincasse comigo. Sorrisse para mim. Eu gostava tanto…
Naquele momento, o homem pareceu sentir
as pernas tremerem. As lágrimas escorreram dos olhos e chorou mesmo.
– Meu Deus, pensou, como estou a
maltratar a minha família. E, ainda emocionado, irrompeu pela cozinha, abriu os
braços, correu para o menino, abraçou-o com força e convidou-o: – Filho, vamos
brincar?”
Todos nós temos problemas e os teremos a vida toda. O
importante é não os deixar que nos sufoquem. Deus manda-nos procurar e cultivar
a alegria, mesmo nas horas difíceis: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito:
alegrai-vos! O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as
circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as
súplicas e a acção de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência,
guardará os vossos corações e os vossos pensamentos, em Cristo Jesus” (Fil 4,
4-7).