Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

Espiritualidade

São Francisco curou miraculosamente um leproso de alma e corpo; e o que a alma lhe disse ao subir ao céu

São Francisco, vivendo nesta miserável vida, com todo o seu esforço empenhava-se em seguir a Cristo perfeito mestre.

De onde advinha frequentes vezes, por divina inspiração, que, de quem ele sarava o corpo, Deus na mesma hora lhe sarava a alma, como se lê de Cristo.

Pelo que servia não só voluntariamente os leprosos, mas havia também ordenado que os frades da sua Ordem, andando ou parando pelo mundo, servissem os leprosos pelo amor de Cristo, o qual quis por nós ser considerado leproso.

Adveio num lugar próximo àquele em que morava São Francisco, servirem os frades num hospital leprosos e enfermos, no qual havia um leproso tão impaciente e insuportável e arrogante que cada um acreditava certamente, e assim o era, estar possuído pelo demónio.

Porque aviltava com palavras e pancadas tão cruelmente a quem o servisse, e, o que era pior, com ultrajes blasfemava contra Cristo bendito e sua Santíssima Mãe, a Virgem Maria, que por nenhum preço se encontrava quem o pudesse ou quisesse servir.

E ainda que os frades procurassem suportar pacientemente as injúrias e vilanias para aumentar o mérito da paciência, não podiam em sua consciência sofrer aquelas que eram contra Cristo e sua mãe, resolvendo por isso abandonar o dito leproso.

Mas não o quiseram fazer sem falar antes, conforme a Regra, com São Francisco, o qual vivia então num convento próximo dali.

E tendo-lho explicado, São Francisco foi procurar aquele leproso perverso; e aproximando-se dele, saúda-o, dizendo: “Deus te dê a paz, irmão meu caríssimo”.

Respondeu o leproso com arrebatamento: “E que paz posso ter eu de Deus que me tirou a paz e todos os bens e me fez todo podre e asqueroso?”

E São Francisco disse: “Filho, tem paciência; porque as enfermidades do corpo nos são dadas por Deus neste mundo para a salvação da alma, pois são de grande mérito quando suportadas em paz”.

Responde o enfermo: “E como posso suportar com paciência o tormento contínuo que me aflige de dia e de noite? E não somente me aflige essa enfermidade, mas muito pior fazem os teus frades que me deste para me servir, e não me servem como devem”.

Então São Francisco, conhecendo pela divina revelação que este leproso estava possuído do espírito mau, foi e pôs-se em oração e suplicou devotamente a Deus por ele.

E terminada a oração, volta a ele e diz-lhe: “Filho, quero servir-te eu, porque não estás contente com os outros”.

 “Está bem, disse o enfermo; que me podes fazer mais do que os outros?”

Responde São Francisco: “Farei o que quiseres”.

Disse o leproso: “Quero que me laves todo o corpo; porque tenho cheiro tão ruim, que nem mesmo eu me posso suportar”.

Então São Francisco mandou ferver água com muitas ervas aromáticas: depois lhe tirar a roupa e começa a lavá-lo com as suas mãos, enquanto outro irmão lhe punha água em cima.

E por divino milagre, onde São Francisco tocava com as suas mãos, desaparecia a lepra e a carne ficava perfeitamente curada.

E quando começou a carne a sarar, também começou a alma a sarar; donde o leproso, vendo-se começar a curar, começou a ter grande compunção e arrependimento dos seus pecados e a chorar amargamente: de modo que, enquanto o corpo se limpava por fora da lepra pela lavagem com água, a alma se limpava por dentro do pecado pela contrição e pelas lágrimas.

E ficando completamente sarado quanto ao corpo e quanto à alma, humildemente reconheceu a sua culpa e disse chorando em alta voz:

 “Ai de mim, que sou digno do inferno pelas vilanias e injúrias que fiz e disse aos frades e pela impaciência e pelas blasfêmias que disse contra Deus”.

E esteve durante quinze dias em amargo pranto pelos seus pecados e em pedir misericórdia a Deus, confessando-se ao padre, inteiramente.

E São Francisco, vendo um milagre tão expressivo, que Deus tinha operado pelas mãos dele, agradeceu a Deus e partiu, indo daí a terras muito distantes: porque era humildade e queria fugir de toda a glória humana, e em todas as suas operações só procurava a honra e a glória de Deus e não a própria.

Pois, como foi do agrado de Deus, o dito leproso, curado do corpo e da alma, após quinze dias de penitência, enfermou de outra enfermidade: e armado com os santos sacramentos da santa madre Igreja, morreu santamente; e a sua alma, indo ao paraíso, apareceu nos ares a São Francisco, que estava numa selva em oração, e disse-lhe:

- “Reconheces-me?”

- “Quem és?”, disse São Francisco.

E ele disse: “Sou o leproso que Cristo bendito sarou pelos teus méritos, e hoje vou para a vida eterna, pelo que dou graças a Deus e a ti. Bendito sejam a tua alma e o teu corpo e benditas as tuas palavras e obras: porque por ti muitas almas se salvarão no mundo: e saibas que não há dia no mundo em que os santos Anjos e os outros santos não dêem graças a Deus pelos santos frutos que tu e a tua Ordem fazeis em diversas partes do mundo: e, portanto, toma coragem e agradece a Deus e fica com a sua bênção”.

Ditas estas palavras, subiu para o céu; e São Francisco ficou muito consolado.

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