INTRODUÇÃO
Noite mais clara que o dia! Assim canta a Igreja na Vigília Pascal, mãe de todas as celebrações da Igreja. Com o acender do círio pascal, na noite escura, dá-se início à celebração. Assim a Ressurreição de Jesus dentre os mortos ilumina o mundo com a serenidade da sua luz.
A Vigília Pascal foi restaurada, mas ainda não se tem consciência da sua riqueza e necessidade. A “Semana Santa” não termina com a sepultura de Jesus, nem a Páscoa consiste o seu sentido a partir da Ressurreição da Jesus. Nela também nasce e toma sentido toda a vida cristã. Celebrar esta noite santíssima é ressuscitar com Cristo. A vitória de Cristo é a vitória de todo o cristão.
A Páscoa cristã tem a sua história no Antigo Testamento. A ordem de Deus era que fosse celebrada sempre. Recordando as maravilhas operadas por Deus na História da salvação olhamos também para o futuro: a realização de todas as promessas garantidas pela Ressurreição e a realização da vida nova e vida de cada um que nasceu de novo.
A celebração da Vigília Pascal tem quatro momentos:
Liturgia da Luz
Liturgia da Palavra
Liturgia Baptismal
Liturgia Eucarística
I - LITURGIA DA LUZ
1. BÊNÇÃO DO FOGO E PREPARAÇÃO DA CÍRIO
Segundo antiga tradição, o fogo aceso com pederneira (tirado da pedra), simboliza Cristo, a luz que sai do túmulo de pedra. Com ele acende-se o Círio Pascal. Ele é a imagem e símbolo de Cristo ressuscitado, luz do mundo, que entra pela Igreja escura e vai iluminando lentamente, até atingir o clarão total. A luz é Cristo.
O Círio é preparado: faz-se nele uma cruz explicando que Cristo salvou pela Cruz. São colocadas as letras A e Z, dizendo que Cristo nos salva pelas suas chagas. Acende-se o Círio e inicia-se a procissão em direcção ao altar. É a coluna de fogo que guia o novo povo resgatado de uma escravidão e salvo pelas águas do baptismo. Entrando no Reino de Deus, presente na Eucaristia.
2. PROCLAMAÇÃO DA PÁSCOA
Canto da proclamação da Páscoa (Precónio): na alegria de Cristo Ressuscitado são proclamadas as festas pascais. Celebram-se as maravilhas de Deus nesta noite. Celebra-se a alegria da luz. Não se esquece da abelhinha que produziu a cera com a qual foi feito o Círio, imagem e símbolo de Cristo que conduz o seu povo.
II - LITURGIA DA PALAVRA
1. INTRODUÇÃO
A celebração da Vigília Pascal tem um elemento forte: a liturgia da Palavra. Nela celebra-se Cristo que é Palavra do Pai, luz do mundo. Ele está presente na Palavra lida na comunidade. É a proclamação da História da Salvação e das maravilhas realizadas por Deus, até chegar a Cristo, maravilha que permanece não como uma história passada, mas como vida da qual participamos. São 7 (sete) leituras do Antigo Testamento, sendo uma da Carta de São Paulo aos Romanos e outra dos Evangelhos. Do Antigo Testamento não é obrigatório ler todas. Recomenda-se, porém, que sejam escolhidas pelo menos três. E a leitura do Êxodo (14,15-15,1) não pode ser omitida. A Igreja recomenda que o critério de escolha das leituras seja o pastoral e não a comunidade. Elas são uma excelente catequese do Ministério Pascal de Cristo.
2. PRIMEIRA LEITURA (Gn 1,1-2,2 ou 1,1.26-31a)
A Criação do mundo e do homem, primeiro gesto de salvação de Deus: Criação e Ressurreição vêm juntas, pois em Cristo ressuscitado faz-se presente a nova criação. A criação em Cristo encontra o seu 7o dia, dia do repouso, e o homem, o ingresso no Paraíso. Em Cristo todas as coisas se fazem novas. Todo o mundo criado, juntamente com o povo fiel, canta a glória do Cristo. O homem é o centro da criação. Em Cristo, novo homem, novo Adão da história, a criação e toda a humanidade tomam novo sentido e têm nele a sua garantia. O mundo é o lugar da salvação.
3. SEGUNDA LEITURA (Gn 22,1-18 ou 22,1-2.9a.10-13.15-18)
O Sacrifício de Abraão, nosso Pai na Fé.
Abraão é chamado por Deus a constituir o povo de Deus. Tantas são as promessas. Mas Abraão é colocado à prova. Responde com fé e generosidade!
O povo de Deus é nascido não do sangue, mas da fé no Deus que chama a compartilhar do seu plano de vida. Cristo é o novo cordeiro que está em nosso lugar, na resposta total e fiel a Deus. A Sua descendência será grande como as areias da praia.
4. TERCEIRA LEITURA (Êx 14,15-15,1)
Passagem do Mar Vermelho.
O povo de Deus tem uma forte experiência de libertação através das águas do mar. São as maravilhas de Deus que acompanham a criação e formação do povo de Deus.
O novo povo passa pelas águas do baptismo, que lhe dão não uma liberdade humana, mas a passagem da morte de cada cristão através da sua passagem com Cristo nos sacramentos.
5. QUARTA LEITURA ( Is 54,5-14)
A Nova Jerusalém caminha para o esplendor da luz do Senhor.
A Nova Jerusalém é figura da Igreja, novo povo de Deus, reunido em Cristo numa só família pelo seu sacrifício pascal. Novo povo, na unidade do Pai, do Filho e do Espírito, é instruído pela Palavra de Deus. Será povo Santo.
6. QUINTA LEITURA ( Is 55,1-11)
A salvação é oferecida gratuitamente a todos os povos.
O povo de Deus não isolado e fechado. A salvação é como um banquete oferecido a todos os povos. É uma aliança prometida a todos. Deus é generoso em sua promessa, sua Palavra não cai em vão, mas produz sempre o fruto.
7. SEXTA LEITURA ( Br 3,9-15.32-4,4)
Fonte de vida e sabedoria.
Fazemos parte de um povo novo pelo Baptismo. Somos constantemente chamados a procurar a sabedoria e a caminhar na luz da sua lei, que é um jugo suave e de leve peso. A lei dos ressuscitados é o amor de Cristo.
8. SÉTIMA LEITURA ( Ez 36,16-17a.18-28)
Um coração novo e um Espírito novo.
Pela Ressurreição de Cristo todos serão transformados e reunidos num único povo purificado pela água do Baptismo. O coração transformado receberá um Espírito novo, estabelecendo-se uma aliança de amor e de mútua pertença, fruto da Páscoa. A oração que segue a leitura evoca a acção de Jesus restaurador de todas as coisas. A Igreja reunida é o ponto de chegada de todo o caminho de salvação iniciando no gesto criador de Deus.
9. HINO DE LOUVOR
Canto do Glória:
Depois de uma longa Quaresma, tempo de reflexão e penitência, chegamos ao momento de celebrar a alegria da Ressurreição. É o hino de louvor e adoração a Cristo vivo, na unidade do Pai e do Espírito.
10. ORAÇÃO
Rezemos a alegria desta noite santíssima iluminada pela Ressurreição. Pedimos a Deus o espírito filial e o reavivamento da comunidade cristã.
11. OITAVA LEITURA (Epístola) (Rm 6,3-11)
Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais.
Pelo Baptismo estamos unidos à morte de Cristo, com ele caminhamos na Vida nova. Somos semelhantes a ele. A morte não tem mais domínio sobre ele. Consideremo-nos mortos ao pecado e vivos para Deus.
12. ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
(Canto do Aleluia)
Aleluia! Louvado seja Deus!
O sacerdote entoa solenemente a Aleluia que significa: Louvores a Deus. É o momento da explosão de alegria. Santo Agostinho dizia ao seu povo: com o canto do Aleluia nós exprimimos o tempo da alegria, do repouso e do triunfo representados pelos dias pascais. Não temos ainda o objectivo do nosso louvor, mas caminhamos para ele, Cristo, no seu reino definitivo.
13. EVANGELHO
Ano A: (Mt 28,1-10)
Ao raiar do dia, surge a nova luz. O anúncio feito às mulheres é simples: “Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito”. Tornam-se elas as primeiras anunciadoras: “Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos”.
Ano B: (Mc 16, 1-7)
As mulheres entram no túmulo e viram um jovem vestido de branco. Tiveram medo. Disse ele: “Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde o puseram. Ide, dizei aos discípulos e a Pedro que ele irá à vossa frente, para Galileia. Lá o vereis”.
Ano C: (Lc 24, 1-12)
“Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!” Voltaram as mulheres do túmulo e foram contar aos discípulos. Pedro correu ao túmulo e foram contar aos discípulos. Pedro correu ao túmulo, debruçou-se, mas só viu as ligaduras. Voltou para casa admirado com o sucedido.
III - LITURGIA BAPTISMAL
1. EXORTAÇÃO
A Igreja, desde os primeiros séculos, ligou a noite pascal com a celebração do Batismo. Toda a celebração é estruturada sobre o tema do Baptismo e a nossa vida em Cristo Ressuscitado. Baseia-se no pensamento de Paulo que o Baptismo é uma imersão em Cristo, na sua morte e o ressurgimento com Cristo na sua ressurreição.
Nas comunidades de muitos catecúmenos, neste momento da celebração recebem o Baptismo aqueles que devem se baptizados.
Se houver Baptismo de adultos, estes recebem também o Crisma e a Eucaristia. Baptismo, Crisma e Eucaristia formam um só sacramento da iniciação cristã.
Com palavras próprias ou seguindo a fórmula do Missal Romano, o Celebrante faz breve exportação ao povo sobre o significado e a importância do Baptismo.
2. LADAINHA DE TODOS OS SANTOS
O rito da Liturgia Baptismal inicia-se com a ladainha de todos os santos. Invocamos a presença de toda a Igreja celeste e terrestre para que esteja orando junto, implorando o Dom do Baptismo não é algo pessoal, mas pertence a todo o povo de Deus no qual é inserido o baptizado. Todos enxertados em Cristo.
3. BÊNÇÃO DA ÁGUA BAPTISMAL
A solene bênção relembra e faz memória de todas as maravilhas operadas por Deus mediante a água do Jordão.
Coloca-se o Círio dentro da água, pedindo a Cristo que infunda nesta água a força do Espírito Santo, para que quem nela for baptizado seja sepultado na morte com Cristo e ressuscite com ele para a vida.
Segue-se o rito do Baptismo, se houver pessoas para serem baptizadas.
4. RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS DO BAPTISMO
Terminado o rito do Baptismo, a comunidade faz a renovação de suas promessas baptismais e do seu aprofundamento na fé. É o momento em que nos inserimos mais profundamente no mistério de Cristo Ressuscitado, através dos ritos da Igreja.
Ficam todos de pé com as velas acesas.
IV - LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO EUCARÍSTICA
É o momento culminante da celebração. A comunidade, reunida em torno da Páscoa, renova o mistério da imolação e glorificação de Cristo.
Baptizados em Cristo, ungidos por seu Espírito, entramos em comunhão total com ele, fazendo sua a nossa vida, participando do seu mistério.
Transformados em homens e mulheres novos, nesta noite santíssima fazemos uma acção de Graças a Deus, pelo que Deus realizou em Cristo: ele é o cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo; morrendo, destruiu a morte e, ressuscitando, restaurou-nos a vida.
Vivos em Cristo, com ele viveremos no amor. O abraço da paz será o símbolo da paz instaurada por Cristo. Paz que dá testemunho ao mundo da vitória do Ressuscitado. As promessas cumpriram-se: surgiu um novo céu e uma nova terra no gesto de amor e de fraternidade universal.
A Preparar
a) para a bênção do fogo:
- uma fogueira (num lugar fora da igreja, onde o povo se reúne);
- o Círio Pascal;
- cinco grãos de incenso; um estilete;
- utensílio adequado para acender a vela com o fogo novo;
- lanterna para iluminar os textos a serem lidos;
- velas para os que participam da vigília;
- incenso; talha de barro ou turíbulo;
- utensílio para se tirar as brasas acesas do fogo novo e deitá-las na talha de barro ou turíbulo;
- tochas ( acompanharão o Círio Pascal).
b) para a proclamação da Páscoa ( Exultet) e para a liturgia da palavra:
- candelabro para o Círio Pascal, posto junto à mesa da Palavra;
- uma estante para o (a) cantor(a) proclamar o Exulte e para os leitores da liturgia da palavra;
- Leccionários;
- foguetes e sino.
c) para a liturgia baptismal:
- potes, jarros ou recipientes adequados, com água;
- hissope ou um ramo apropriado para se lançar a água benta;
- quando se administram os sacramentos da Iniciação cristã: óleo dos catecúmenos, santo crisma,
vela baptismal, Ritual do Baptismo.