A pornografia corrompe a mais profunda expressão do amor
Actualmente, uma das maiores fontes de recursos financeiros é a indústria pornográfica, que cresce, cada ano, em todos os países. O acesso a este tipo de produto modernizou-se e, para ficar menos ofensivo, trocou de nome. Aquilo que era sinónimo de vulgaridade, para se tornar mais popular, passou a ser conhecido como ”produto destinado ao público adulto”.
Foi-se o tempo em que a pornografia era veiculada apenas nas revistas, quase sempre mal impressas e vendidas de maneira escondida nas bancas de jornais. Esta “indústria” capacitou-se em diversos segmentos e tem crescido com a aceitação, cada vez maior, por parte da sociedade. Algumas empresas não se intimidam em oferecer abertamente aos clientes, entre as linhas dos seus serviços, produtos também destinados ao “público adulto”. Tal exemplo vê-se em canais de TV a cabo, jogos eletrónicos entre outras infinidades de ofertas.
Com a facilidade de acesso e com a aceitação cada vez maior no meio social – como algo normal – muitas pessoas têm se tornado ávidas consumidoras destes produtos. Por meio de vários tipos de mídia, elas prendem-se, pouco a pouco, ao consumo de materiais com conteúdos obscenos, que podem levá-las à dependência.
Como em qualquer outro tipo de vício, esta prática vai exigir da pessoa, cada dia, a necessidade de assistir a imagens com teores gradativamente mais fortes. As cenas, cada vez mais bizarras, pouco a pouco, vão deixando de ser tão ofensivas para os olhos do adicto, mesmo quando trazem como protagonistas crianças ou jovens, que mal conseguem entender aquilo o que estão a ser submetidos.
A pornografia corrompe a mais profunda expressão do amor por meio da intimidade entre um homem e uma mulher. Ela faz com que a pessoa, acostumada ao seu consumo, altere as suas preferências, experimentando uma libido desvirtuada, que vai totalmente contra a sua própria natureza, ofuscando a singeleza da intimidade sexual.
As pessoas que se sentem anestesiadas pelas mais esdrúxulas imagens, é sinal de que aquilo que anteriormente era apenas uma curiosidade para elas está a caminhar para uma dependência, que, certamente, afectará os seus relacionamentos. É comum que estas pessoas – acostumadas com o pornográfico – manifestem atitudes lascivas nas conversas, nos olhares, nos pensamentos, como também nos gestos de carinho, infelizmente, nem sempre puros.
Por mais embaraçoso que possa ser para alguém admitir um vício, é necessário buscar ajuda. A pessoa que se vê presa ao consumo destes produtos precisará de romper com esta dependência. E como em todo o tratamento, será necessário eliminar, do seu dia a dia, o acesso a conteúdos eróticos; livrando-se de revistas, filmes, bloqueando os canais de TV de conteúdos eróticos, e/ou dificultando o acesso à internet, por meio de senhas ou outros dispositivos de protecção.
Reverter os males causados pelas fantasias pornográficas trará novamente a alegria do convívio equilibrado e saudável entre homem e mulher; sem esvaziar a grandeza da intimidade reservada ao casal.
A pornografia, em que me afecta?
Ver um filme erótico ou uma revista pornográfica, em que é que isso me afecta?
Infelizmente, o hábito de consumir pornografia tem-se tornado endémico na nossa sociedade. Com efeito, mesmo sem o querermos, começamos a considerar a mulher ou o homem como um objecto de consumo ao serviço do nosso prazer. A nossa visão torna-se parcial. Em vez de descobrirmos o nosso namorado (a) em toda a dimensão da sua personalidade, com o seu corpo, o seu espírito, o seu coração, a sua inteligência e sensibilidade, reduzimos tudo a um só objecto de interesse: o prazer do corpo.
Nas nossas relações com os amigos ou no meio profissional, a nossa atitude será focalizada sobre o sexo, por causa da nossa memória embebida de imagens eróticas. Rapidamente, os que nos rodeiam darão conta disso e as relações homem/mulher tornar-se-ão ambíguas.
No casal, a pornografia destrói o amor
Na verdade, o verdadeiro amor é dom de si, escuta do outro, delicadeza, ternura e atenção ao outro. E o nosso coração pode tornar-se cego, abafado pela tristeza e pelo desgosto que o erotismo gera.
Ora, o Criador, como sabemos, inscreveu no fundo do nosso ser uma aspiração à pureza. Esta aspiração permanece sempre em nós, mesmo se fizemos muito para a estragar. É possível reencontrar esta pureza, onde quer que estejamos.
Em primeiro lugar, encontramo-la no perdão de Deus. Depois, na vida de todos os dias, se nos mantivermos vigilantes: é uma atitude interior que consiste em afastar com simplicidade, mas com firmeza, tudo o que pode amolecer o nosso coração (desviar um olhar, não dar asas à imaginação, não olhar para uma revista, para um cartaz).
Tenhamos a certeza de que, pouco a pouco, no meio de altos e baixos, a nossa boa vontade tomará o comando e reencontraremos a paz e a alegria do coração.
Como deixar o vício da pornografia?
· O vício da pornografia desfigura a vivência da castidade
Muitos, sobretudo jovens, perguntam como deixar o vício de estar na frente do computador vendo sites pornográficos. Sabemos que também há muitos filmes e revistas pornos. Para muitos, isso já se tornou um vício, especialmente porque a internet facilita muito esta actividade negativa. Também muitas pessoas casadas têm este vício. Às vezes, uma esposa surpreende o seu esposo a ver sites pornográficos. Uma delas, apavorada, perguntar de deveria abandoná-lo. É claro que não! Mas elas sentem-se traídas.
Antes de tudo, é preciso dizer que é condenado pela moral cristã entregar-se ao deleite da pornografia. O Catecismo da Igreja coloca-a como um dos pecados contra a castidade:
§2354 – “A pornografia consiste em retirar os actos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para os exibir a terceiros de maneira deliberada. Ela ofende a castidade porque desfigura o acto conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (actores, comerciantes, público), porque cada um torna-se para o outro objecto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito. Mergulha uns e outros na ilusão de um modo artificial. É uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos”.
§2396 – “Entre os pecados gravemente contrários à castidade, é preciso citar a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais”.
Não desesperar diante do problema, ter calma e não desanimar
Portanto, o cristão não pode entregar-se a esta prática pecaminosa; é preciso lutar com os auxílios da graça de Deus e da força de vontade para combater este vício moderno. Antes de tudo, é preciso não desesperar diante do problema, ter calma e não desanimar. O mais importante é lutar com perseverança contra isto, até que se domine a situação. Jesus disse que quem perseverar até ao fim será salvo do pecado. Mesmo que se tenha uma recaída, é preciso levantar-se e retomar a luta.
O grande remédio que Jesus recomendou aos apóstolos contra o pecado foi: “vigiar e orar” para não cair em tentação. Duas coisas: rezar bastante, pedir ajuda de Deus, da Virgem Maria, de São José, castíssimo, dos anjos e santos. Comungar, sempre que possível, e pedir a Jesus Eucarístico a graça dessa libertação. Sempre que houver uma queda, confessar-se, ainda que isso se repita, pois a confissão dá forças para vencer o vício. Converse com o confessor sobre o assunto, sem medo, ele está cansado de ouvir isto e pode ajudá-lo.
Fugir da ocasião de pecado
E “vigiar”. Isto significa fugir da ocasião de pecado; e esta é uma fuga heróica; não abrir nenhum site pornográfico, a revista suja nem o filme impuro; nem mesmo abrir o computador se não se conseguir controlar diante dele. Suplicar a força de Deus, a intercessão dos santos, da Virgem Maria nessa hora. “Algumas vezes, encontrei-me em perigo de morte, mas fui libertado pela graça de Deus” (Eclesiástico 34,13).
É muito importante tomar a decisão de não acessar o site porno, “por amor a Jesus” que morreu na cruz por ti. Ofereça-Lhe este “jejum de pecado” e suplique que o Seu preciosíssimo Sangue o ajude. Ele vai gostar muito! E o mais importante é não desistir nunca, não desanimar, mas lutar. Às vezes, para ganhar uma guerra é preciso vencer muitas batalhas, uma de cada vez.
Fechar as janelas da alma
Uma das batalhas a vencer é desintoxicar a alma do veneno do sexismo, hoje espalhado por toda a parte, especialmente na moda e nos meios de comunicação. Santo Agostinho gostava de lembrar que tudo o que invade a nossa alma entra pelas “janelas”, que são os sentidos: olhos, ouvidos, boca, mãos e nariz. Então, é preciso fechar as “janelas da alma” para que a tentação não entre por elas. Não permita que a sua alma seja excitada sexualmente pelo lixo que entra por estas janelas.
A Bíblia ensina que quem abusa da ocasião cai no pecado. E o povo diz que “a ocasião faz o ladrão”, “Quem ama o perigo nele perecerá”. (Eclo 3,27)
As esposas ou maridos que surpreendem o outro a ver filmes e sites pornográficos, não devem desesperar, mas ajudá-lo, com firmeza e carinho, a vencer o vício; exigir a mudança para o bem dele e do casamento. Esta tentação é muito forte, e o “paciente” precisa de ser ajudado pelo amor, pela oração da (o) esposa (o). Não é isto que deve abalar ou muito menos destruir um casamento; juntos, marido e mulher devem conversar, ajudarem-se mutuamente e vencer o problema. Será uma bela vitória de ambos, do casamento e da família.