O sacramento da penitência é a volta a Deus. Quase todos os
dias, caímos e levantamo-nos. Pequenas quedas e grandes tombos. Ninguém quer
ficar no chão. Pisamos em falso, porque não vemos bem os passos e o caminho de
Jesus. Erramos no caminho. Atrapalhamos a caminhada uns dos outros. Mas o Nosso
Bom Deus dá-nos sempre a mão, para que nos deixemos conduzir no caminho d’Ele,
que é o caminho da irmandade. Os que se aproximam do sacramento da penitência
obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e, ao mesmo tempo,
são reconciliados com a Igreja que feriram, pecando contra ela; e esta colaborará
para a conversão deles com caridade, exemplo e oração. O sacramento da
confissão foi instituído pelo próprio Jesus Cristo, com o qual o sacerdote
perdoa os pecados cometidos depois do baptismo. Sobre o sacramento da
confissão, devemos analisar o seguinte:
Todos somos pecadores e necessitamos de confissão
Diz a Sagrada Escritura: “O justo cai sete vezes por dia”
(Prov 24,16).
“Não há homem que não peque” (Ecl 7,21).
“Aquele que diz que não tem pecados faz Deus mentiroso” (1 Jo
1,10).
O “livre arbítrio” humano permite ao homem realizar actos
contrários ao Seu Criador. Por isso é necessário obter o perdão desses pecados.
“Nesta porta do Senhor, só o justo pode entrar” (Sl 117,20).
“Não sabeis que os pecadores não possuirão o reino de Deus?”
(1 Cor 6,9).
Sabendo da nossa condição, Jesus instituiu o sacramento da
penitência.
Então, qual é o meio para alcançarmos o perdão dos nossos
pecados? A nós, cristãos, é ensinado na Primeira Epístola de São João: “Se
dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está
em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos
perdoar os pecados e para nos purificar de toda a iniquidade” (1Jo 8-9).
Todavia, (…) “aquele que esconde os seus crimes não será
purificado; aquele, ao contrário, que se confessar e deixar os seus crimes,
alcançará a misericórdia” (Prov. 38,13). “Não vos demoreis no erro dos ímpios,
mas confessai-vos antes de morrer” (Ecl 17,26).
A confissão não é nova, já existia no Antigo Testamento, mas
foi elevada à dignidade de sacramento por Jesus, que conhecia a fraqueza humana
e desejava salvar os Seus filhos.
Jesus deu autoridade aos sacerdotes
Como tudo concorre para o nosso bem, nosso Senhor tem o poder
de nos perdoar os pecados, como vemos, por exemplo, na passagem bíblica de São
Mateus: (…) “Meu filho, coragem! Os teus pecados te são perdoados” (Mt 9, 2-7).
Jesus transmite este poder aos Seus apóstolos dizendo: “Assim como o Pai me
enviou, isto é, com o poder de perdoar os pecados, assim eu vos envio a vós, ou
seja, dotados do mesmo poder. E para dissipar qualquer dúvida, continua:
“Soprando sobre eles: Recebei o Espírito Santo…”, como se dissesse: “Recebei um
poder divino. Só Deus pode perdoar pecados, pois bem… àqueles a quem perdoardes
os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão
retidos” (Jo 21,21-23).
A conclusão é rigorosa: Cristo podia perdoar os pecados. Ele
comunicou este poder aos Apóstolos e por eles aos sucessores dos Apóstolos:
pois a Igreja é uma sociedade “que deve durar até ao fim do mundo” (Mt 28,20).
O livro dos Actos dos Apóstolos refere que quem se convertia “vinha fazer a
confissão das suas culpas” (At 19, 18). Aqui nós começamos a refutar uma
argumentação dos protestantes: cada um confessa-se directamente com Deus.
A confissão deve ser feita a um padre
Pelo próprio livro dos Actos dos Apóstolos, quando se afirma
que o convertido “vinha fazer a confissão”, fica claro que era necessário um
deslocamento da pessoa para realizar a confissão junto dos apóstolos, pois o
verbo “vir” é usado por quem recebe a visita do penitente. Se a confissão fosse
directa com Deus, bastaria pedir perdão dos seus pecados, sem precisar “ir” até
à Igreja.
Aliás, São Tiago é explícito a este respeito: “Confessai os
vossos pecados uns aos outros, diz ele, e orai uns pelos outros, para que
sejais salvos” (Tgo 5, 16). Isto é, confessai os vossos pecados a um homem, que
tenha recebido o poder de os perdoar. De qualquer forma, a instituição do
sacramento deixa claro o poder que Jesus conferiu à sua Igreja.
Sem a vontade de se confessar com um outro homem, o pecador
demonstra que o seu arrependimento não é profundo, pois ele não se envergonha
mais de ofender a Deus do que de expor a sua honra. No fundo, ama a si mesmo
mais do que a Deus e pode estar a cometer um outro pecado, ainda mais grave,
contra o primeiro mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas.
Mas, não existindo um padre, como confessar-se? E como ficam
os homens no Antigo Testamento?
Contrição e Atrição
A Contrição consiste em pedir o perdão dos seus pecados por
amor de Deus. A atrição, por sua vez, consiste em pedir o perdão dos pecados
por temor do inferno.
A primeira contrição (chamada contrição perfeita) apaga os
pecados da pessoa antes mesmo da confissão. Todavia, só é verdadeira se há disposição
de se confessar com um padre. Foi assim que se salvaram os justos do Antigo
Testamento. A atrição só é válida através do sacramento da confissão, que é
eficaz mesmo se há apenas “medo do inferno”.
Ninguém duvida de que o sincero arrependimento dos pecados,
com firme propósito de não pecar mais, e satisfação feita a Deus e aos
prejudicados, eram, no Antigo Testamento, condições necessárias e suficientes
para obter o perdão de Deus. O mesmo vale ainda hoje para todos os que
desconhecem Jesus e o seu Evangelho (desde que sigam a Lei Natural) e para os
que não têm como se confessar (desde que façam um acto de contrição perfeita).
Mas quem, no seu orgulho, não acredita nas palavras de Cristo Ressuscitado, com
as quais Ele instituiu o sacramento da penitência e, por isso, não se quer confessar,
não receberá o perdão, pois não ama a Deus verdadeiramente.
Sê humilde e obediente
Cada pecado é um acto de orgulho e desobediência contra Deus.
Por isso “Cristo humilhou-se e tornou-se obediente até à morte, e morte na
Cruz” (Flp 2, 8) para expiar o orgulho e a desobediência dos nossos pecados, e
nos merecer o perdão. Por isso ele exige de nós este acto de humildade e
obediência na Confissão sacramental, na qual confessamos os nossos pecados
diante do seu representante, legitimamente ordenado. E conforme a sua promessa:
“Quem se humilha, será exaltado, e quem se exalta, será humilhado” (Lc 18,14).
Alguns protestantes aliciam os católicos para a sua seita com
a promessa de que, depois do baptismo (pela imersão), estariam livres de
qualquer pecado e nem poderiam mais pecar! Consequentemente, concluem que não
haveria necessidade de confissão.
Apoiam esta afirmação nas palavras bíblicas de 1 Jo 3,6 e 9. Mas,
basta confrontar esta passagem com outra, do próprio João Apóstolo (1 Jo
1,8-10), para perceber que a conclusão é precipitada: “Se dissermos que não
temos pecado algum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se
confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, e perdoa os nossos pecados,
e nos purifica de toda a iniquidade. Se dissermos que não temos pecado,
taxamo-Lo de mentiroso, e a Sua palavra não está em nós”.
Portanto, todos as pessoas necessitam de misericórdia divina;
e os sinceros seguidores da Bíblia recebem-na, agradecidos, no sacramento da
Confissão.