SANTA MARTA
A vida de Santa Marta tem o seu testemunho gravado nas Sagradas Escrituras. Padres e teólogos encontram em Marta e sua irmã Maria, a figura da vida activa (Marta) e contemplativa (Maria). O nome Marta vem do hebraico e significa "senhora".
No Evangelho, Santa Marta apresenta-se como modelo activo de quem acolhe: "... Jesus entrou numa aldeia e uma mulher chamada Marta o recebeu em sua casa" (Lc 10,38).
Esta não foi a única vez, já que é comprovada a grande amizade do Senhor para com Marta e seus irmãos, a ponto de Jesus chorar e reviver o irmão Lázaro.
A tradição diz que perante a perseguição dos judeus, Santa Marta, Maria e Lázaro, saíram de Bethânia e tiveram de ir para França, onde se dedicaram à evangelização. Santa Marta é considerada em particular como padroeira das cozinheiras e a sua devoção teve início na época das Cruzadas.
Bem-aventurados os que mereceram receber o Senhor em sua própria casa
Jesus, no Evangelho, adverte-nos que, no meio da multiplicidade das ocupações deste mundo, há um bem único para o qual devemos tender. Tendemos porque ainda estamos a caminho e não em morada permanente; em viagem e não na pátria definitiva; em tempo de desejo e não da posse perfeita. Mas devemos tender sem preguiça e sem parar, a fim de podermos um dia chegar ao fim.
Marta e Maria eram duas irmãs, ambas irmãs não só de sangue, mas também pelos sentimentos religiosos. Ambas estavam unidas ao Senhor; ambas, em perfeita harmonia, serviam o Senhor corporalmente presente. Marta recebeu-O como costumam ser recebidos os peregrinos; e no entanto, era uma serva que recebia o seu Senhor, uma doente que acolhia o Salvador, uma criatura que hospedava o Criador. Recebeu o Senhor para Lhe dar o alimento corporal, ela que precisava do alimento espiritual. Com efeito, o Senhor quis tomar a forma de servo e nesta condição de servo quis ser alimentado pelos servos, por condescendência e não por necessidade. De facto, também foi por condescendência que Se apresentou para ser alimentado, porque tinha assumido um corpo sujeito à fome e à sede. E assim pôde ser hospedado o Senhor, Aquele que veio para o que era seu e os seus não O receberam; mas a quantos O receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Adoptou os servos e fê-los irmãos; remiu os cativos e fê-los coerdeiros. Mas ninguém de entre vós ouse dizer: «Oh bem-aventurados os que mereceram receber a Cristo na sua própria casai» Não tenhas pena, não te lamentes por teres nascido num tempo em que já não podes ver o Senhor na sua carne. Ele não te privou dessa honra, porque Ele mesmo disse; O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.Além disso tu, Marta, — com tua licença o direi, e bendita sejas pelos teus bons serviços — buscas o descanso como recompensa do teu trabalho. Agora estás ocupada com muitos serviços, queres alimentar os corpos que são mortais, embora de pessoas santas. Porventura, quando chegares à outra pátria, poderás encontrar um peregrino a quem hospedar, um faminto com quem repartir o pão, um sequioso a quem dar de beber, um doente a quem visitar, algum litigante a quem reconciliar, algum morto a quem sepultar? Lá, não haverá nada disto. Que haverá então? O que Maria escolheu: lá, seremos alimentados e não daremos alimento. Lá, há-de cumprir-se em plenitude aquilo que Maria aqui escolheu: daquela mesa opulenta, ela recolhia as migalhas da palavra do Senhor. Quereis saber o que haverá lá? O próprio Senhor o diz a respeito dos seus servos: Em verdade vos digo, que Ele os mandará sentar à mesa e, passando no meio deles, os servirá. (Dos Sermões de S. Agostinho, bispo)
Oração
Deus, omnipotente e eterno, cujo Filho aceitou a hospitalidade que S. Marta Lhe oferecia em sua casa, concedei-nos, por sua intercessão, que, servindo a Cristo em cada um dos nossos irmãos, sejamos por Vós recebidos nas moradas eternas. Por nosso Senhor.