Curiosidades
Que fazer quando perdemos a vontade de rezar?
- 11-08-2017
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O que fazer quando perdemos a vontade de rezar?
Perdi a vontade de rezar. E agora? Há horas em que não sinto a menor vontade de dialogar com algumas pessoas, mas, porque preciso, acabo por deixar a minha vontade de lado e vou ao encontro delas, converso, trabalho, convivo e sigo em frente.
Com Deus não é diferente. Às vezes, envolvo-me tanto com as coisas, que não sinto vontade de falar com Ele, ou seja, de rezar, mas porque sei que preciso e até sei que dependo da Sua graça, vou ao Seu encontro por meio da oração. É claro que isto exige empenho e perseverança, porque, na verdade, a vida de oração é uma conquista diária; e como nenhuma conquista é isenta de lutas, é preciso lutar para ser orante.
Deserto espiritual Eu sei que, com o passar do tempo e a acumulação de atividades, corremos o sério risco de, aos poucos, irmos deixando a oração de lado ou rezarmos de qualquer jeito, até chegarmos a um “deserto espiritual” e termos uma certa apatia quando o assunto é oração. Consolações e desolações, alegria e tristeza, perdas e ganhos, tudo é fruto do amor de Deus, que permite vivermos as provas enquanto nos chama a crescermos e frutificarmos em toda e qualquer situação. Portanto, no ponto em que tu estás agora, volta a fixar a tua alma em Deus e permite que Ele te devolva a ti mesmo, pela força da oração. Ao absorvermos tanta agitação e estímulos em nossos dias, acabamos por perder o contacto com a nossa verdadeira essência, e ficamos tão distraídos e preocupados com tudo o que está a acontecer à nossa volta, que acabamos fragmentados, confusos e inseguros, sem nos lembrarmos de onde viemos, onde estamos e menos ainda para onde vamos. Jesus tinha consciência disto quando disse aos Seus discípulos: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação” (Mateus 26,41); eu diria, principalmente, a tentação de esquecer quem és tu e qual é o teu papel neste mundo. Então, vamos rezar? Algumas pistas que podem servir para abrir caminho no teu relacionamento com Deus. Quando encontrares a tua própria trilha, caminharás livremente e cada vez mais experimentará a alegria, que está na presença d’Ele por meio da oração.
1- Escolhe o horário e o tempo que queres dedicar à oração e procura ser fiel a este propósito. Assim como nos alimentamos diariamente, a oração deve ser o alimento diário da alma, aconteça o que acontecer.
2- Fundamenta a tua oração na Palavra de Deus e na Sua verdade. Fala com Ele com confiança e sem reservas, como quem fala com um amigo. Agindo assim, encontrarás a paz e a harmonia interior que tanto procuras, pois, como ensina São João da Cruz, “o conhecimento de si mesmo é fruto da intimidade com Deus, e é o meio essencial para a liberdade interior”.
3- Reza com humildade, detendo-te sempre na palavra: “Seja feita a vossa vontade”. Lembra-te de que a tua oração não pode ser movida simplesmente por gosto ou exigência, mas, acima de tudo, por gratuidade e confiança na misericórdia de Deus.
4- Pratica o que rezaste e não desvincules as tuas obras da oração, pois uma coisa tem tudo a ver com a outra. Caridade, perdão, alegria, confiança, fraternidade e paciência são características de quem reza.
5- Tem o teu próprio ritmo de oração. A imitação e a comparação não ajudam em nada. A vida dos santos, por exemplo, são setas que apontam para o céu, mas és quem deve dar os seus próprios passos para chegar até lá. Desejo que em cada amanhecer e também nas “noites escuras” experimentes pela oração o amor e a verdadeira felicidade, uma vez que esta consiste em amar e sentir-se amado.
Santa Teresa de Jesus afirma, na sua autobiografia, que oração e vida cómoda não combinam em nada; e diz ela que uma das maiores vitórias do demónio é convencer alguém de que não é preciso rezar. Ou seja, quando o assunto é vida de oração, é preciso ter consciência de que se trata de uma luta espiritual, e para vencer, o único caminho é rezar com ou sem vontade.
Até porque, como diz o ditado popular, “vontade dá e passa”. Se eu escolho deixar-me guiar apenas pelo meu querer, corro o risco de ser vazia, sem sentido.
Mas é precisamente, nesta hora, que precisamos de ir além dos sentimentos e considerarmos que o “deserto também é fecundo” quando vivido em Deus, e pela sua misericórdia na nossa vida tudo é graça!
Só Deus nos pode reorientar.
E ninguém nos ama tanto como Deus.
Se alguma vez perderes a vontade de rezar, já sabes o que deves fazer: reza assim mesmo e sê feliz!