Por que é que há sempre um crucifixo nos altares?

No centro da acção litúrgica da Igreja, está Cristo e o seu mistério pascal. Portanto, a celebração litúrgica deve tornar evidente esta verdade teológica. E, desde quase sempre, o símbolo escolhido pela Igreja para a orientação do coração e da mente do cristão durante a missa ou a liturgia é a representação de Jesus crucificado.

O crucifixo é o principal elemento sobre o altar, porque a missa é o santo sacrifício, memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor.

Antigamente, a liturgia prescrevia o costume de que tanto o sacerdote como os fiéis se posicionassem na direcção do crucifixo durante a missa. O crucifixo era colocado no centro do altar (que naquela época ficava ligado à parede).

Isto dá-nos a entender a centralidade do crucifixo na celebração do culto divino, e era muito mais destacado no passado.

O crucifixo fica sobre o altar para recordar à assembleia e ao ministro celebrante que a vítima que se oferece sobre o altar é a mesma que se ofereceu na cruz.

Portanto, nunca podemos perder de vista que a missa é um sacrifício – aspecto este que se pode perder quando a celebração se converte numa festa que só tem em consideração a ressurreição do Senhor, esquecendo-se do seu sacrifício expiatório.

Não nos podemos esquecer de que não há ressurreição sem cruz.

O crucifixo no centro do altar indica que o sacerdote celebra a missa frente a Deus, e não como um protagonista diante do povo. A cruz tira o protagonismo do padre e dá-o a Cristo; assim, tanto fiéis como sacerdotes vivem a missa olhando para Deus.

A liturgia não é um diálogo entre sacerdote e assembleia. Sacerdote e povo não dirigem um ao outro a sua oração, mas que, juntos, a dirigem ao único Senhor.

Olhar para o crucifixo é uma oportunidade para caminhar com o olhar dirigido a Jesus.

O crucifixo deve estar sempre sobre o altar, salvo duas excepções: quando o Santíssimo Sacramento é exposto na custódia e quando a crucificação é a imagem central da pintura ou retábulo atrás do altar.

Alguns poderiam dizer que a cruz no centro do altar não deve ser permitida, pois impede a visão dos fiéis. Mas, na verdade, a cruz sobre o altar não é um obstáculo, e sim um ponto de referência comum.