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POR QUE É QUE JESUS HABITA CONNOSCO NO SANTÍSSIMO SACRAMENTO - Mons. de Ségur
- 24-01-2021
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Nosso Senhor habita
connosco na Eucaristia, primeiro, para continuar sobre a Terra, até ao fim do
mundo, a obra da Sua Encarnação.
O Filho Eterno de
Deus fez-se homem para unir Deus ao homem, o homem a Deus. Ele fez-se homem
para dar Deus aos homens, para colocar Deus ao alcance dos homens. Assim Ele
foi chamado pelo Profeta: Emanuel, isto é, Deus connosco.
O que Deus fez
outrora pelo ministério da Santíssima Virgem Maria, Ele faz todos os dias pelo
ministério não menos admirável da Sua Igreja.
A Santíssima Virgem
deu-nos a Deus no menino Jesus; a Santa Igreja continua a no-lo dar ao
consagrá-lo sobre os altares e dando-nos o mesmo Jesus no Sacramento da Eucaristia.
É o mesmo milagre de bondade, de misericórdia e de amor.
Em segundo lugar,
Nosso Senhor habita connosco sob esta forma visível e sensível do Seu Sacramento
para ser Ele mesmo o centro da nossa vida.
Nós somos compostos
de corpo e alma, e precisamos, por assim dizer, de um Deus ao mesmo tempo
visível e invisível.
O Filho de Deus fez-se
homem, no tempo, para satisfazer esta necessidade do coração humano: em Jesus,
Deus-homem, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, encontramos o Deus que nos
criou, um Deus eterno, infinito, omnipotente, todo adorável, e ao mesmo tempo
um Deus que podemos ver com os nossos olhos, ouvir com os nossos ouvidos, tocar
com as nossas mãos; um Deus que fala a nossa linguagem, cujo coração é um
coração de carne como o nosso, cuja mão se eleva para nos abençoar, cuja boca
se abre para nos ensinar, cujos lábios sagrados nos dão o doce beijo do amor.
Ora, a Eucaristia
continua este belo mistério na medida do possível: o Santíssimo Sacramento é o
centro visível da religião e do culto do bom Deus; é Ele que perpetua sobre a
Terra o papel da humanidade visível do Salvador; é Ele que nos permite ver,
aproximar, tocar e receber em nós mesmos o Deus que amamos e que vemos
face-a-face no Céu.
A Santa eucaristia é
como a alma das nossas Igrejas, como o coração da nossa piedade. O que torna os
templos protestantes tão frios, tão vazios, é que Jesus Cristo não está lá.
Ao contrário, o que
torna a religião católica tão viva é a presença do Seu Senhor e do seu grande
rei sobre os altares.
Nas nossas Igrejas, tudo
se refere à Eucaristia; e, se a Missa é o acto principal de toda a religião, é
porque a Missa produz e nos dá o Santíssimo Sacramento.
Em terceiro lugar,
Nosso Senhor permanece dia e noite presente sobre os altares, para receber as
adorações do mundo.
O Santíssimo
Sacramento é Jesus Cristo, e Jesus Cristo é o verdadeiro Deus vivo. O altar é,
sobre a Terra, o trono onde reside a majestade do Deus verdadeiro, o local onde
Deus feito homem espera as suas criaturas para receber as suas homenagens e as suas
adorações.
É lá que quer ser
buscado, achado, adorado. É lá que o Céu se abre à Terra; é lá que Deus chama todos
os seus servos.
É ainda pela
presença real da Eucaristia que Nosso Senhor Jesus Cristo revive
incessantemente em nós a memória de tudo o que fez para nos salvar.
Instituindo o Santíssimo
Sacramento, Ele disse aos apóstolos, que foram os primeiros sacerdotes: “E vós,
todas as vezes que fizerdes o que vim fazer, fazei isto em memória de mim”.
Em memória de mim,
isto é, em lembrança do amor infinito que desceu sobre a terra para vos trazer
a salvação e a vida eterna; em memória de todos os meus mistérios, de todos os
meus milagres, de todas as minhas palavras, de todos os meus sofrimentos; em
memória do meu Nascimento em Belém, no abandono e pobreza; em memória de toda a
Minha infância perseguida, da minha vida oculta e obscura em Nazaré; em memória
de toda a minha vida pública e dolorosa Paixão que coroou o meu sacrifício de
33 anos; em memória das minhas lágrimas e da minha agonia, da minha condenação,
dos meus ultrajes, da minha sangrenta flagelação, da minha coroação de
espinhos; em memória da minha crucificação e morte, da minha sepultura, dos meus
aniquilamentos; em memória da minha ressurreição triunfante e da minha ascensão
aos Céus; enfim, em memória da segunda vinda, na qual voltarei cheio de glória
e de majestade, para cumprir o meu mistério, para vingar e glorificar a minha
Igreja, para julgar os justos e os pecadores, os vivos e os mortos.
Jesus, presente Ele
mesmo no meio de nós na sua eucaristia chama-nos todos os dias.
No Natal, é Ele, o
Menino Jesus, que está lá, diante de nós, que adoramos, que recebemos em
comunhão; na Sexta-Feira Santa, é ainda Jesus, Jesus crucificado. Na Páscoa é
Jesus ressuscitado; e assim por diante em todas as festas que compõem a
liturgia da Igreja.
O Deus do Evangelho,
o doce Jesus de Madalena e de Zaqueu, o Divino pregador do Sermão da Montanha e
do Sermão da Ceia, está lá em pessoa presente e vivo, perto de nós. Ó, como é
bom meditar a seus pés o divino Evangelho, onde Ele gravou para nós todos os
seus actos e palavras!
Assim, Nosso Senhor
está no Santíssimo Sacramento para nos impedir de O esquecer, e como um
memorial perpétuo da Sua Encarnação, da Sua Redenção, e da Sua graça.
Uma outra razão que
mantém assim o nosso misericordiosíssimo Salvador no meio de nós é a
necessidade que temos, que Ele conhece tão bem, de um consolador, de um amigo
íntimo, de um refúgio, de um médico, de um confidente no meio de todas as
nossas penas e dores.
Jesus, no Santíssimo
Sacramento, está todo lá para nós; a Seus pés, vamos repousar todas as nossas
fadigas.
Quando o nosso
coração estiver demasiado cheio, cheio de lágrimas, vamos chorar junto dEle;
quando os homens nos abandonam, quando a maldade nos persegue e nos
desencoraja, nós O temos lá, perto de nós, amigo fiel que nunca falha.
Devia estar escrito
com letras de ouro, em todos os sacrários, o convite tão terno gravado nos
Evangelhos: “Vinde a mim vós todos que estais aflitos, e Eu vos aliviarei”.
O Santíssimo
Sacramento é o abrigo de todos os corações; a fonte na qual as almas, como
belas pombinhas vêm matar a cede e se refrescar; a casa da oração e do fervor;
é uma expressão, o centro de tudo e da verdadeira vida do cristão na terra.
É o abrigo de Céu e
da Terra: em Jesus, e só em Jesus, nós nos unimos àqueles que amamos na Terra e
àqueles que se foram.
Unimo-nos sempre
mais intimamente à Santíssima Virgem, aos Anjos, e aos Santos no Céu, e às
almas santas no Purgatório, aproximando-nos de Jesus no Santíssimo Sacramento,
e especialmente, recebendo-o na Comunhão.
Sim, na comunhão,
pois o nosso divino mestre habita todos os dias no meio de nós no pão
eucarístico, para ser Ele mesmo e em pessoa o alimento das nossas almas. Por
sua graça, Jesus Cristo é a vida da nossa alma: pela Eucaristia, Ele faz-se o nosso
Pão da Vida.
O nosso corpo não
pode viver sem alimentação, também a vida da nossa alma tem necessidade de se
alimentar para não desfalecer.
O Santíssimo
Sacramento é o alimento necessário aos cristãos: “Se não comerdes a carne do
Filho do Homem, e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós mesmos”.
São as próprias palavras de Nosso Senhor.
Sim! Que grande
maravilha do amor do bom Deus! Não contente somente em vir a nós, em nos
abençoar, promete-nos o Paraíso; Ele quer ser realmente o alimento das nossas
pobres almas!
Sim, alimento, e
alimento quotidiano: se quiséssemos poderíamos todos os dias nutrir-nos de
Deus; unir a nossa carne enferma e miserável à verdadeira carne do bom Deus; o nosso
sangue ao verdadeiro Sangue de Jesus; a nossa pobre alma à alma Santíssima do
Salvador; a nossa humanidade à Sua humanidade e divindade…!
Nós podemos
diariamente incorporar-nos desde aqui em baixo na Terra ao divino Filho de
Maria, e fazer de nós uma única coisa com Ele.
A comunhão: eis o
fim principal da presença de Jesus no meio de nós na Eucaristia. Ele está no
altar nas mãos dos seus sacerdotes; Ele repousa dia e noite no seu sacrário,
com o único objetivo de entrar em nós, de vir repousar em nós e encher-nos de
si mesmo.
Estas são as
principais razões pelas quais Nosso Senhor, realmente presente na Eucaristia,
permanece no meio da Sua Igreja, como um Rei no meio dos seus súbditos.
E tanto amor é pago
com tanta ingratidão! Dir-se-ia em verdade, que não temos fé.
Deveríamos ir todos
os dias adorar a Jesus no Seu grande Sacramento e render-lhe todos os nossos
deveres de amor, de reconhecimento, de piedade, de oração; deveríamos passar
com fidelidade a seus pés todo o tempo que perdemos em conversas e
frivolidades; deveríamos recorrer a Ele por qualquer coisa, por nossas
necessidades e por aquelas do mundo inteiro.
Se tivéssemos uma fé
viva, encontrávamos meio de comungar frequentemente, de dar ao Salvador devoção
por devoção, amor por amor.
Se tivéssemos uma fé
viva, respeitaríamos profundamente as nossas Igrejas; faríamos todo o tipo de
sacrifícios para orná-las e torná-las dignas de Jesus Cristo; nada seria
poupado…