Curiosidades
Por que devo continuar a dizer NÃO aos meus filhos enquanto outros pais dizem SIM?
- 21-02-2020
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Não tenha medo de ir contra a corrente. Estas razões vão dar-lhe
força para continuar
A minha filha de 12 anos pergunta-me sempre se pode ter um
perfil no Instagram. Eu digo que vou pensar, pois ela nem tem telemóvel. Por
isso, qualquer acção neste sentido teria que ser a partir do meu telefone e sob
a minha supervisão. Seria um bom modo de a introduzir no mundo das redes
sociais, mas ainda mantendo limites e vigilância.
Tenho tentado convencer-me disso. No entanto, ontem, quando
ela se preparava para uma festa do colégio, vi como ela fazia um penteado atrás
do outro, examinando criticamente cada um antes de suspirar com reprovação e começar
novamente. Naquele precioso momento, decidi que ela não ia ter um perfil no
Instagram, embora todos os seus amigos tenham.
Eu odeio ser aquela mãe que diz não, porque é a minha filha
que tem que sofrer as consequências da minha decisão. As amigas dela parecem
que a enxergam como um E.T. quando ela diz que não tem telemóvel nem Instagram.
Ela está sempre fora dos jogos e dos grupos de mensagens. Eu odeio isto. Odeio
que seja porque eu tenha dito não.
Você sente solidão quando é uma mãe que diz não num mundo que
sempre parece dizer sim. E não é só com as redes sociais. Pode ser sobre os
limites de horários ou sobre as festas de pijama… Ser a única mãe que diz não,
independentemente do motivo, pode trazer consequências para o seu
pré-adolescente ou adolescente.
Uma amiga do bacharelado chamou-me para dizer que ela foi a
única mãe entre 20 que disse que a filha dela não ficaria numa festa do pijama
unissex. Por isso, o grupo deixou-a antes do habitual para que ela não
alterasse os seus planos.
Outra amiga também disse que foi ridicularizada por não
permitir que o seu filho de 16 anos fosse de férias ao México sem nenhum
adulto.
Criar os filhos mais velhos é um equilíbrio delicado. Você
quer que eles sejam independentes, mas um erro pode mudar a trajectória da vida
deles. Você quer que o seu filho ou filha seja aceite pelos seus pares, mas não
ao preço de pôr a segurança deles em risco. Você quer que eles sejam dignos de
confiança, mas sabe que ainda não pode confiar plenamente neles.
Em última instância, a minha decisão de não permitir que a
filha tenha uma conta no Instagram foi por dois motivos. Primeiro: quero
protegê-la da pressão pela busca de um corpo perfeito, que deriva do facto de
todos verem o mundo através de retoques e filtros.
A pressão é muito forte para as adolescentes. Foi forte já na
minha adolescência, quando nem existiam as redes sociais… O Instagram funciona
como uma panela de pressão, aumentando a intensidade das expectativas sociais e
criando uma desconexão muito maior entre a realidade e a perfeição dramatizada
que aparecia nas revistas de moda da minha adolescência.
Segundo: não quero oferecer-lhe as tentações para as quais
ela ainda não está pronta. Seja a tentação de ver as coisas que não deve ou a
de se juntar à crueldade das meninas que pressionam outras para se sentirem
melhores. É preciso um tempo para que ela desenvolva e fortaleça o seu carácter
antes de começar a enfrentar tentações e pressões.
Detesto o facto de ela ter que pagar socialmente o preço pelo
meu não. Mas, ao mesmo tempo, sei que é um preço menor do que ela pagaria se eu
dissesse sim. E este é um equilíbrio que eu estou mais do que disposta a assumir,
independentemente da solidão que nós as duas teremos que sentir.