O segredo para vencer o pecado
Pensemos na cena do paralítico de Cafarnaum.
Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a introduzir nesta cena do Evangelho
A primeira coisa que parece saltar aos nossos olhos
são os quatro amigos que trazem o paralítico na cama. Não conseguindo entrar na
casa, sobem ao telhado, abrem-no e descem o homem atingido pela paralisia.
A primeira coisa que nos salta aos olhos nesta cena é a perseverança dos
amigos. Como contrasta a perseverança deles com a nossa falta de perseverança!
Eles não se detêm. Porquê? Porque amam o amigo, por isso não param diante dos
obstáculos.
O amor aqui na terra exige de nós o sacrifício. Nós dizemos que amamos a Deus,
e quantas canções bonitas cantamos! Mas são apenas canções que logo esquecem e
não expressam a verdade do nosso ser.
O amor supõe sacrifício, renúncia; e quem não sabe renunciar não aprende a
amar. É como uma criança que recebe tudo das mãos dos pais
Quando os amigos do Evangelho fazem todo o sacrifício, estão a prever a cura
física do paralítico. Mas Jesus, primeiro, perdoa-lhe o pecado. Qual a razão
para o Senhor lhe perdoar os pecados? Jesus cura o paralítico pela fé dos
amigos. Aqui está um belo exemplo da intercessão.
Por que é que o Senhor, antes de curar a paralisia, perdoa os pecados?
Porque nos quer dizer que deve haver uma hierarquia na busca da cura; portanto,
devemos primeiro buscar aquilo que é do céu e depois buscar o que é da terra.
“Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas as coisas vos serão
acrescentadas” (Mt 6,33).
Quantas vezes buscamos a Deus para saciar a sede do nosso paladar, para matar a
sede deste mundo, quando Ele nos quer dar a água da vida eterna. As nossas
igrejas estão cheias de pessoas que buscam os bens do Senhor e não o Senhor. É
um amor gratuito o que Deus pede de nós.
Muitas das nossas enfermidades serão sanadas quando permitirmos que Deus cure a
nossa alma. Não percamos isto de vista. Em primeiro lugar aquilo que é do
Espírito e tudo o mais virá por acréscimo.
O Senhor diz que o mais importante é a reconciliação com Deus. Mais do que
qualquer ação nossa, neste mundo, nada é mais importante do que distribuir o
Corpo e o Sangue de Cristo aos fiéis e dar-lhes o perdão dos pecados, a
reconciliação com Deus. No entanto, para que isto aconteça é preciso que nos
reconheçamos pecadores, pois só assim seremos lavados. Quando nos confessamos,
precisamos de dizer os pecados aos sacerdotes com detalhes, como “nome e
sobrenome”.
Para que acolhamos a misericórdia de Deus é preciso
que reconheçamos os nossos pecados.
“O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (Santo Agostinho). Um modo
prático de ajudar a Deus na nossa salvação é confessar os nossos pecados.
Santa Teresa dizia que a humildade é a verdade. Reconhecer que não somos nada
diante de Deus é reconhecer a nossa verdade diante d'Ele.
Nós sacerdotes não nos surpreendemos com nenhum pecado, porque também somos
pecadores. Um homem, seja ele quem for, pode cometer os maiores pecados do
mundo. E se não os cometemos, é porque Deus é misericordioso connosco e não nos
permitiu cometê-los.
Qual foi a última vez que ouviste, na sua paróquia, uma pregação sobre o
inferno, sobre o juízo de Deus? Se ouviste, bendito seja o teu pároco, mas, na
maioria das vezes, os sacerdotes calam-se sobre isto, porque não querem ferir
os fiéis.
A Igreja deve cuidar de todos os pobres e ai dela se não o fizer. Mas tudo está
subordinado à salvação das almas.
Nós fomos batizados, fomos chamados à santidade, mas o pecado desvia-nos do
caminho da salvação. Não pode haver para nós os “pecadinhos de estimação”, os
“pecadinhos do dia-a-dia”. Não podemos nos habituar com os pecados, porque eles
não são erros de ortografia que podem ser apagados com a tecla de deletar.
O pecado é muito atraente, tem aparência fantástica. Para fugirmos da tentação
precisamos de assumir que somos fracos. Na fuga do pecado está a extraordinária
graça de Deus, que nos ajuda a fazer o impossível nas nossas vidas.
Se algum dia pecares, não fiques no chão, prostrado na miséria. Cuidado com o orgulho
de ter caído em coisas tão baixas! Nós somos capazes dos piores erros, o
segredo é levantarmo-nos rápido. O segredo da perseverança é não desistirmos,
porque Deus não desiste de nenhum de nós.