Encanta-me o facto de sermos tantos no planeta, e, mesmo
assim, não existir ninguém igual a ninguém. Parece que quanto mais a tecnologia
avança nas descobertas científicas, tanto mais fica claro quanto o ser humano é
complexo, misterioso e, ao mesmo tempo, encantador. Basta ficarmos parados num
ponto onde circulam muitas pessoas, por exemplo, que rapidamente identificamos
diversos tipos de comportamentos. Vemos pessoas apressadas, sorridentes,
pessoas serenas, alegres e também pessoas sérias, tristes e preocupadas. Sem
contar com as cores e estilo próprio que cada um expressa nas roupas, no cabelo
e no modo de ser. Junta-se a isto também o universo que cada um de nós carrega
no interior e as constantes mudanças que as nossas hormonas provocam desafiando-nos
constantemente para lidar com a arte de viver.
Há dias em que estamos de bem com a vida e conseguimos
superar os desafios com leveza. Somos gentis, sorrimos e dizemos palavras doces
até mesmo com quem nos tenta ofender. Mas nem sempre é assim, há também dias
cinzentos em que o mundo parece que vai desabar a qualquer hora, e uma “certa”
angústia rouba o nosso sorriso. Nada parece bom e até evitamos as pessoas com
medo que nos magoem ainda mais.
É bom lembrar que tudo passa! Os dias coloridos e os dias
cinzentos passam, e a vida segue e nós precisamos de seguir também, pois o
tempo é breve. Aliás, o tempo é breve mesmo ou nós é que não estamos a saber
lidar com ele? A pressa constante e o desejo de estar em todos os lugares ao
mesmo tempo tem-nos empurrado subtilmente para o abismo da “felicidade
instantânea” que pode resultar na falta de sentido.
A tecnologia que colabora com o progresso, colocando o mundo
praticamente na palma da nossa mão, não nos pode condicionar a vivermos no
automático. Aqui vale o adágio: “com gente é diferente”, e precisa de ser
diferente! Nós somos movidos ao afecto, temos necessidade de presença, abraços
e mãos que nos apoiem enquanto caminhamos. É bom lembrarmos que, embora
desempenhemos papéis diferentes, de alguma maneira estamos interligados e
precisamos uns dos outros para sermos verdadeiramente felizes. O isolamento,
que na maioria dos casos é provocado pelo medo de amar, tem levado muita gente
a fazer opção por relações superficiais e interesseiras, que, em vez de
edificar, acabam por desgastar a pessoa.
Portanto, se desejas ser realmente feliz, talvez seja a hora
de deixar os atalhos e retomar o caminho. A meu ver, o primeiro passo é
empenhar-se no cultivo de profundas relações afectivas, a começar na nossa casa
e no local de trabalho. Tenta ir ao encontro das pessoas e oferece amor,
simplesmente, porque desejas amar e sabes que precisas de amar. Se tiveres a
coragem de agir assim, tenho a certeza de que não precisarás de ir muito longe,
pois, no trabalho, na rua, e até mesmo dentro das nossas próprias casas, há
pessoas sedentas de amor.
O segundo passo, não menos importante que o primeiro, é
buscarmos Deus de todo o coração! Reencontrando Deus, encontras-te contigo
mesmo e começas a perceber o sentido da vida e de cada acontecimento de um modo
totalmente novo. As práticas de piedade, a participação nos sacramentos e, é
claro, tudo isto, unido à firme decisão de mudar de vida, irão conduzir-te ao
encontro da felicidade que tu tanto procuras. Coragem, dá o primeiro passo, que
Deus te ajudará a seguir em frente!