Curiosidades
O milagre de Hiroshima: uma lição do Santo Rosário aos que temem uma guerra nuclear
- 09-04-2020
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“A guerra vai acabar, mas, se não deixarem de ofender a Deus,
no reinado de Pio XI começará outra pior” [1], avisou a Virgem Maria aos três
videntes de Fátima, no dia 13 de junho de 1917.
Em 1939, fatalmente, o mundo testemunhou a triste sina
predita por Nossa Senhora, com um conflito bélico que levou milhões de pessoas
à morte. A tentação do poder quase transformou o século XX no “século do nada”,
e, mesmo depois de tantos anos, ainda hoje o medo de um conflito nuclear ameaça
a tranquilidade dos povos e é tema de discussões acaloradas entre os chefes de
Estado.
Para estabelecer a paz no mundo, Nossa Senhora recomendou o
remédio da oração e da penitência. A essência da mensagem de Fátima, como de
todas as outras mensagens marianas, é a expiação dos pecados cometidos contra o
Sagrado Coração de Jesus.
“Quereis oferecer-vos
a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de
reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos
pecadores?” [2], perguntou a Virgem Santíssima a Jacinta, Francisco e Lúcia, na
tarde de 13 de maio de 1917. Ao chamado do Céu os pastorinhos responderam
prontamente com um: “Sim, queremos”. Dali em diante, as três crianças dariam
provas de uma santidade incontestável, seja pela fidelidade à récita do
Rosário, seja pelas severas mortificações a que se submeteriam, causando
vergonha a muitos adultos.
O mundo pagão, no entanto, preferiu a “segurança” dos acordos
políticos às Ave-Marias do Terço. A Liga das Nações, criada em 1919 pelos
países vencedores da guerra, surgiu com o objetivo de assegurar a paz mundial
por meio de sanções e decretos diplomáticos.
Mas a agressividade da Segunda Guerra Mundial e as loucuras
dos regimes totalitários provaram que o homem necessita de muito mais que
memorandos para ordenar as suas paixões. A Liga das Nações mostrou-se um
completo fracasso, cedendo lugar à Organização das Nações Unidas (ONU), que
hoje corre o risco de cometer o mesmo erro de sua predecessora, pela insistência
em uma política anticristã e avessa à soberania dos Estados.
Na encíclica Ubi Arcano Dei Consilio, a primeira de seu
pontificado, o Papa Pio XI alertou para uma “paz ilusória, escrita apenas no
papel”, que é incapaz de reavivar sentimentos nobres na alma dos homens. Para
estabelecer a paz, o Papa insistiu na mesma recomendação da Virgem Maria: o
retorno à fé cristã e uma vida de piedade sincera, tendo por finalidade
instaurar o reino de Cristo entre os homens. Durante a Segunda Guerra Mundial,
a providência divina iria se encarregar de mostrar como a mensagem de Fátima e
a encíclica de Pio XI estavam corretas e a Liga das Nações estava errada.
No dia 6 de agosto de 1945, data em que a Igreja celebrava a
festa da Transfiguração, os Estados Unidos da América, sob a liderança do
presidente Harry Truman, lançaram sobre a cidade japonesa de Hiroshima a
primeira bomba atómica da história, causando uma destruição sem precedentes e a
morte instantânea de 80 mil pessoas número que chegaria mais tarde a 140 mil,
dado o efeito da radiação.
Dias depois, foi a vez de Nagasaki sofrer as consequências da
nova arma. Curiosamente, as duas cidades abrigavam a maior parte dos católicos
japoneses, após décadas de perseguição e sobrevida na clandestinidade. “Nós
certamente podemos supor que as bombas atómicas não foram lançadas por acaso. A
questão é, portanto, inevitável: por que estas cidades do Japão foram
escolhidas para o abate?”, questionou o Cardeal Giacomo Biffi em seu livro de
memórias.
A agressividade da Segunda Guerra Mundial e as loucuras dos
regimes totalitários provaram que o homem necessita de muito mais que
memorandos para ordenar as suas paixões.
Na verdade, as atas da Comissão do Alvo mostram que as
condições geográficas pesaram muito mais para a escolha que qualquer
religiosidade das cidades — Hiroshima e Nagasaki seriam um local com maior
chances de destruição. Nagasaki, aliás, nem era considerada uma opção nas
primeiras reuniões. Em todo caso, a tragédia matou dois terços dos católicos no
Japão.
No centro de Hiroshima, onde caiu a primeira bomba atómica,
vivia um grupo de oito padres jesuítas, que há anos fazia pastoral no Japão. A
explosão da Little Boy devia ter arrasado a comunidade desses sacerdotes, assim
como arrasou mais de dois terços dos edifícios da cidade. Mas, milagrosamente,
nem o edifício nem os padres sofreram qualquer efeito da bomba.
Quando os médicos os avaliaram e descobriram que não havia
qualquer contaminação em seus organismos, os jesuítas encontraram uma única
explicação para o fenômeno. “Nós sobrevivemos”, explicou o pe. Hubert Schiffer,
“porque estávamos vivendo a mensagem de Fátima: rezávamos o Rosário
diariamente, naquela casa”. Todos os oito membros da Companhia de Jesus viveram
até meados da década de 1970, sem qualquer prejuízo pela radiação da arma.
Foram as orações e a fidelidade à mensagem de Fátima que
salvaram aqueles pobres sacerdotes, não a paz ilusória dos papéis.
Quando a bomba explodiu, os padres Hugo Lassalle, então
superior dos jesuítas no Japão, Hubert Schiffer, Wilhelm Kleinsorge e Hubert
Cieslik, estavam na casa paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Assunção,
enquanto os outros estavam nos arredores da paróquia. Um deles celebrava a
Missa e os outros tomavam café. O templo foi um dos únicos edifícios que
ficaram de pé após a explosão. O padre Schiffer relatou toda a história no
livro, em inglês, “O Rosário de Hiroshima”.
Em Nagasaki, algo semelhante ocorreu com os frades
franciscanos de São Maximiliano Kolbe, conhecidos pela sua intensa devoção
mariana. Antes da guerra, São Maximiliano tinha decidido fundar o seu convento
numa região de Nagasaki diferente da que lhe tinham proposto inicialmente.
Quando a bomba caiu, a 9 de Agosto de 1945, o convento foi
protegido da explosão pela intervenção de uma montanha que existia naquelas
proximidades, de modo que, tanto em Hiroshima quanto em Nagasaki, podemos ver a
mão protetora de Maria, agindo em favor daqueles que se dispuseram a viver a
sua promessa em Fátima.
Outro facto curioso sobre o “milagre de Hiroshima” é que a
visão que os moradores tiveram segundos após a explosão da bomba atómica foi
semelhante ao “Milagre do Sol”, realizado pela Virgem Maria na última aparição
de Fátima, a 13 de Outubro de 1917. Depois de ter confidenciado várias
profecias aos três pastorinhos, Nossa Senhora fez o Sol bailar no céu e precipitar-se
sobre a terra, na presença de 70 mil pessoas. Conforme relatos dos
sobreviventes de Hiroshima, a explosão da Little Boy causou um brilho tão
forte, que parecia que o Sol tinha caído sobre a Terra. A própria data da
explosão, 6 de Agosto, coincide com a festa litúrgica da Transfiguração do
Senhor, quando Jesus se transfigurou na frente dos discípulos, tornando o seu
rosto resplandecente como o Sol e as suas vestes brancas como a luz (cf. Mt 17,
2).
O que os acordos políticos da Liga das Nações não conseguiram
fazer, afinal, as Comunhões reparadoras e as piedosas Ave-Marias do Rosário de
oito jesuítas fizeram. Foram as orações e a fidelidade à mensagem de Fátima que
salvaram aqueles pobres sacerdotes, não a paz ilusória dos papéis.
Este testemunho eloquente do poder da oração mostra que a
resposta à violência no mundo está na cruz de Cristo.
“Por fim o meu Imaculado
Coração triunfará”, profetizou a Virgem Maria cem anos atrás. Que, a exemplo
dos oito padres jesuítas de Hiroshima, os cristãos de hoje vivam quanto antes
este triunfo.