Curiosidades
O Cardeal Siri explica a gravidade de omitir pecados na Confissão
- 11-03-2023
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O sacrilégio. Um pecado terrível que causa a condenação de muitos. Como se comete e como se repara.
Um pecado que pode conduzir à condenação eterna é o
sacrilégio. Desgraçado daquele que vai por este caminho! Comete sacrilégio quem
voluntariamente esconde qualquer pecado mortal na Confissão, quem se confessa
sem a vontade de deixar o pecado ou de fugir das ocasiões próximas. Quase
sempre que uma pessoa se confessa de modo sacrílego, faz também o sacrilégio do
Sacramento da Eucaristia, porque depois recebe a comunhão em pecado mortal.
Conta São João Bosco:
«Encontrava-me com o meu guia (o anjo da guarda) à beira de
um precipício que terminava num vale escuro. Havia um edifício imenso com uma
porta altíssima que estava fechada. Chegámos ao fundo do precipício; oprimia-me
um calor sufocante; um fumo denso, quase verde, e as ondas de chamas vermelhas
erguiam-se sobre as muralhas do edifício.
Perguntei: “Onde nos encontramos?” “Lê a inscrição que está
sobre a porta” respondeu-me o guia. Virei-me e vi escrito: “Onde não há
redenção!” Vi entrar naquele lugar, primeiro um jovem, depois outro, e depois
muitos outros; todos tinham escrito na fronte o próprio pecado. Disse-me o
guia: “Esta é a causa principal destas condenações: as más companhias, os maus
livros e os hábitos perversos.”
Aqueles pobres rapazes eram jovens que eu conhecia. Perguntei
ao meu guia: “Assim é inútil trabalhar entre os jovens se depois tantos chegam
a este fim! Como impedir toda esta ruína?” Disse o Anjo: “Aqueles que viste
ainda estão em vida; no entanto este é o estado actual das suas almas; se
morressem neste momento viriam aqui, inevitavelmente.”
Depois entramos no edifício; movíamo-nos à velocidade de um
raio. Chegamos a uma área vasta e escura. Li esta inscrição: “Os ímpios irão ao
fogo eterno!”
“Vem comigo” disse-me
o guia. Agarrou-me pela mão e conduziu-me até a um portão que se abriu. Vi uma
espécie de caverna, imensa e cheia de um fogo terrível que sobrepuja muitíssimo
o fogo da terra. Não sou capaz de descrever, com palavras humanas, a realidade
do terror que vi.”
De repente comecei a ver os jovens que caíam na caverna
ardente. O guia disse-me: “A impureza é a causa da ruína eterna de tantos
jovens!”
“Mas se pecaram,
também se confessaram depois”, disse. “Confessaram-se, mas as culpas contra a
virtude da pureza confessaram-nas mal ou foram omitidas de todo. Por exemplo,
um deles tinha cometido quatro ou cinco destes pecados, mas disse só dois ou
três. Outros cometeram um na infância e por vergonha nunca o confessaram ou
confessaram-no mal. Outros não tiveram dor do pecado nem propósito de emenda.
Algum, em vez de fazer o exame de consciência, procurava as palavras para
enganar o confessor.
E quem morre neste estado, escolhe colocar-se entre os
culpáveis não arrependidos, e isso durará para toda a eternidade. E agora,
queres ver porque é que a misericórdia de Deus te trouxe aqui?” O guia levantou
um velo e vi um grupo de jovens deste oratório que eu conhecia bem: todos
condenados por esta culpa. Entre eles estavam alguns que aparentemente tinham
boa conduta.
O guia disse-me ainda: “Prega sempre e em qualquer lugar
contra a impureza!” Depois falamos durante meia hora sobre as condições
necessárias para fazer uma boa confissão e conclui-se: “É necessário mudar de
vida... É necessário mudar de vida!”
“Agora que viste os
tormentos dos condenados, é necessário que também tu proves um pouco do
inferno.”
Fora daquele edifício, o guia agarrou a minha mão e tocou o
último muro externo. Eu dei um grito de dor. Terminada a visão, notei que a
minha mão estava muito inchada e durante mais de uma semana andei com a mão
ligada.»
O Padre Giovan Battista Ubanni SJ, conta que uma mulher, que
se confessou durante muitos anos, tinha calado um pecado de impureza. Chegados
àquele lugar dois sacerdotes dominicanos, ela, que desde há muito tempo
esperava um confessor estrangeiro, pediu a um deles que a escutasse em
confissão. Saídos da igreja, o companheiro narrou ao confessor ter observado
que, enquanto aquela mulher se confessava, muitas serpentes saiam da sua boca;
mas uma serpente mais gorda tinha saído só com a cabeça, mas depois entrou de
novo. E, também as serpentes que tinham saído voltaram a entrar novamente.
O confessor não disse o que tinha escutado na confissão, mas
suspeitando o que poderia ter sucedido fez tudo para encontrar aquela mulher.
Quando chegou ao pé da sua casa, veio a saber que tinha morrido. Aquele bom
sacerdote entristeceu-se e rezou pela defunta. Esta apareceu-lhe em meio das
chamas e disse: “Eu sou aquela mulher que se confessou esta manha; mas fiz um
sacrilégio. Tinha um pecado que não queria confessar ao sacerdote da minha
paroquia; Deus enviou-me a si, mas ainda assim me deixei vencer pela vergonha,
e num momento a Divina Justiça atingiu-me com a morte enquanto entrava em casa.
Justamente estou condenada no inferno!”.
Escreve o Padre Francesco Rivignez (o episodio é também
contado por São Afonso Maria de Ligório) que em Inglaterra, quando ainda era
católica, o Rei Alfredo, o Grande, (+899 a.D.) tinha uma filha de grande beleza
e que tinha sido pedida por diversos príncipes.
Quando o seu pai lhe perguntava se aceitava casar-se,
respondia que não podia porque tinha feito o voto de perpétua virgindade. O Rei
obteve do Papa a dispensa do voto, mas ela manteve-se firme no seu propósito.
A princesa começou a viver uma vida de santidade: orações,
jejuns e outras penitências; recebia os sacramentos e ia com frequência servir
os doentes num hospital. Em tal estado de vida, adoeceu e acabou por morrer.
Uma mulher que tinha sido sua educadora, encontrando-se uma
noite em oração, escutou no seu quarto um grande ruído e, seguidamente, viu uma
alma com aspecto de mulher no meio de um grande fogo e encadeada entre muitos
demónios.
- Eu sou a infeliz filha do rei Alfredo.
- Mas como... tu condenada?... com uma vida de santidade?
- Estou justamente condenada... por minha culpa. De pequena
caí num pecado contra a pureza. Fui confessar-me, mas a vergonha fechou-me a
boca: em vez de acusar humildemente o meu pecado, cobri-o de modo a que o
confessor não entendesse nada. O sacrilégio repetiu-se muitas vezes. Sobre o
leito de morte, disse, vagamente, ao confessor que eu tinha sido uma grande
pecadora, mas o confessor, ignorando o verdadeiro estado da minha alma,
impôs-me que recusara este pensamento como uma tentação. Pouco depois expirei e
fui condenada por toda a eternidade às chamas do inferno.
Dito isto desapareceu, mas com tanto estrépito que parecia
que o mundo desabava, deixando naquele quarto um cheiro repugnante que durou
vários dias.
O inferno é o testemunho do respeito que Deus tem pela nossa
liberdade. O inferno grita o perigo continuo no qual se encontra a nossa vida;
grita de tal modo que exclui qualquer ligeireza, grita de modo a excluir toda a
soberba, toda a superficialidade, porque estamos sempre em perigo.
Cardeal Giuseppe Siri