A formiga vai à serra
E seu pé na neve prende.
— Ó neve! Tu és tão forte
Que meu pé em ti se prende.
— Eu, formiga, sou tão forte
Que a luz do Sol me derrete.
- Ó Sol! Tu és tão forte
Que derretes a neve,
A neve, que meu pé prende.
- Eu, formiga, sou tão forte
Que qualquer nuvem me tapa.
— Ó nuvem! Tu és tão forte
Que tapas a luz do Sol,
O Sol, que derrete a neve,
A neve, que meu pé prende.
— Eu, formiga, sou tão forte
Que qualquer vento me espalha.
— Ó vento! Tu és tão forte
Que espalhas a negra nuvem,
A nuvem, que tapa o Sol,
O Sol, que derrete a neve,
A neve, que meu pé prende.
— Eu, formiga, sou tão forte
Que qualquer muro me veda.
— Ó muro! Tu és tão forte
Que vedas o rijo vento,
O vento, que espalha a nuvem,
A nuvem, que tapa o Sol,
O Sol, que derrete a neve,
A neve, que meu pé prende.
— Eu, formiga, sou tão forte
Que qualquer rato me fura.
— Ó rato! Tu és tão forte
Que furas o grosso muro,
O muro, que veda o vento, O vento, que
espalha a nuvem, A nuvem, que tapa o Sol, O Sol, que derrete a neve, A neve,
que meu pé prende. -Eu, formiga, sou tão forte
Que qualquer gato me come.
- Ó gato! Tu és tão forte Que comes o esperto rato, O rato, que fura o
muro, O muro, que veda o vento, O vento, que espalha a nuvem, A nuvem, que tapa
o Sol, O Sol, que derrete a neve, A neve, que meu pé prende. -Eu, formiga, sou
tão forte
Que um cãozinho me mata.
- Ó cãozinho! És tão forte Que matas o bravo gato, O gato, que come o
rato, O rato, que fura o muro, O muro, que veda o vento, O vento, que espalha a
nuvem, A nuvem, que tapa o Sol, O Sol, que derrete a neve, Â neve, que meu pé
prende.- Eu, formiga, sou tão forte
Que um pauzinho me bate.
- Ó pauzinho! És tão forte Que bates no cão valente, O cão, que mata o
gato, O gato, que come o rato, O rato, que fura o muro, O muro, que veda o
vento, O vento, que espalha a nuvem, A nuvem, que tapa o Sol, O Sol, que
derrete a neve, A neve, que meu pé prende. -Eu, formiga, sou tão forte
Que qualquer lume me queima.
- Ó lume! Tu és tão forte Que queimas o duro pau, O pau, que bate no
cão, O cão, que mata o gato, O gato, que come o rato, O rato, que fura o muro,
O muro, que veda o vento, O vento, que espalha a nuvem, A nuvem, que tapa o
Sol, O Sol, que derrete a neve, A neve, que meu pé prende.- Eu, formiga, sou
tão forte
Que qualquer água me apaga.
- Ó lume! Tu és tão forte Que
queimas o duro pau, O pau, que bate no cão, O cão, que mata o gato, O gato, que
come o rato, O rato, que fura o muro, O muro, que veda o vento, O vento, que
espalha a nuvem, A nuvem, que tapa o Sol, O Sol, que derrete a neve, A neve,
que meu pé prende.- Eu, formiga, sou tão forte
Que qualquer água me apaga. Desde o alto até ao fundo, Nada
é forte neste Mundo.
Popular — da
ilha da Madeira - Recolhido por Teófilo Braga