E
foi assim que O vi de perto pela primeira vez. Manso, humilde, cansado,
humano.
Profundamente humano. Carregado de simplicidade e de uma ternura sem igual...
Ao meio-dia, Ele passou pelo meu caminho. Na verdade, uma sede imensa de
CONHECER O DOM DE DEUS já ardia há muito tempo em meu peito. Com o meu
cântaro vazio, aproximei-me daquele poço, em pleno meio-dia. Não sei como
explicar... Todos os dias ia com o meu cântaro vazio àquele poço. Enchia-o
até a borda e voltava. Às vezes feliz, outras vezes triste; às vezes
cantarolando, outras, silenciosa...
Naquele dia, algo completamente novo estava para acontecer. Tirando água para
matar a minha sede, jamais poderia suspeitar que ALGUÉM se oferecesse como
fonte de água viva, infinitamente superior àquele pequeno poço que abastecia
toda a nossa região.
Ali, sozinha, coração ressequido, qual terra gretada do sertão, à espera da
chuva... Ali, naquele sol do meio dia, estava eu novamente em busca de água
para minha sede... Uma sensação de vazio apossou-se de mim, ao observar meu
cântaro sem água. Por que não experimentei esta sensação nos outros dias?!
Não vinha eu todos os dias, fielmente, ao poço de Jacob?!
Num misto de confusão e vazio, eu vivia uma experiência inédita, jamais
sonhada antes! Era como se algo novo, forte, profundo, decisivo me envolvesse
e me transformasse por dentro... fazendo-me realmente viver... Sim, viver com
intensidade, com alegria... feliz!
E foi assim que decidi abeirar-me daquele poço... Certeza, incerteza; atracção,
sede, confusão interior, angústia e, paz. E foi assim que O vi de perto pela
primeira vez. Manso, humilde, cansado, humano. Profundamente humano.
Carregado de simplicidade e de uma ternura sem igual! Assustei-me com sua
presença. Voltei-me e O vi de perto, de muito perto. Pedia-me água! Eu sorri.
Sorri, num misto de perplexidade e estranheza. “Como queres água, se não tens
balde?! E o poço é fundo, com o poderás tirá-la?
Enganei-me... Eu estava falando com o Filho de Deus, o Messias Prometido... o
Libertador! Como era isso possível? Jamais poderia imaginar que, por detrás
daquela aparência tão humana, escondia-se o Deus da Misericórdia, o Deus do
Perdão... O Deus que vai constantemente - também ao meio dia - em busca da
ovelha perdida para acolhê-la no aconchego de seus braços, próxima ao
coração...
A mim, pequenina ovelha desgarrada do Rebanho, Ele encontrou à beira de um
velho poço... e encheu-me de vida e de esperança! |