CONSELHOS DE UMA MÃE IMPERFEITA
Antes mesmo de ter nos braços o nosso filho, recebemos incontáveis conselhos e dicas “infalíveis” de como sobreviver à maternidade. Depois que o bebé nasce, então…toda a gente é expert na criação de filhos, menos tu. Toda a gente sabe o que fazer para acalmá-lo numa crise intensa de choro, menos tu.
Toda a gente parece saber o que é melhor para ele, exceto…tu.
A melhor hora para o banho; a melhor maneira de o fazer dormir. Ensinam-nos até o que devemos ou não comer. Dão-nos conselhos para o casamento não ir por água abaixo, dão-nos conselhos para conciliarmos Maternidade com o emprego, ensinam-nos a amamentar, incentivam-nos a perder peso o mais rápido possível e a sempre que puder ser, tirar um tempo para o casal.
Decorei alguns desses conselhos maravilhosos que prometem resolver todos os nossos problemas. E tentei colocar o máximo possível em prática quando as minhas meninas nasceram.
A única coisa que eu não ouvi, de ninguém, foi: “PENSA EM TI”.
Ninguém me ensinou que para o meu casamento não afundar, eu deveria pensar em MIM, em primeiro lugar! Ninguém me disse que para o meu bebé estar TRANQUILO, *EU* me deveria tranquilizar, primeiro. Ninguém me perguntou se EU queria realmente perder peso e se eu tinha tanta pressa para isso.
A sociedade quer ensinar-nos a ser mãe, profissional e esposa nota 10, mas não ensina que para isso acontecer, é necessário PRIORIZAR-SE.
Dizem-nos que todo o nosso tempo será para o bebé, para aproveitarmos e dormirmos o máximo que pudermos na gravidez, para evitarmos as nossas comidas preferidas, para mantermos o cabelo mais curto pois é mais prático, e a nossa sensualidade ativada para o marido “não sentir falta”.
Mas anulam completamente um facto importantíssimo: A FALTA QUE NOS CAUSAMOS DE NÓS MESMAS.
Então, quer dizer que quando o meu filho nascer, eu vou ganhar superpoderes, é isto?! Vou perder o sono, o cansaço, a vontade de comer, vou multiplicar-me e ser 10 ao mesmo tempo, para dar conta do marido, do filho, dos parentes chatos, do sexo, da casa… Mas…e DE MIM? Quem dará conta?
Quem dará conta que eu estiver exausta, a chorar e berrar, feita uma louca dentro de casa? Quem dará conta quando eu começar a me questionar o “PORQUÊ” de ter querido ter filhos?! Quem dará conta quando a minha autoestima estiver em baixo e o meu nível de stress estiver nas nuvens? Quem dará conta das minhas unhas roídas, do meu cabelo preso há 5 dias, das minhas olheiras roxas?!
Quem dará conta da minha saúde mental e física abalada, do medo e do pânico que me invadem a alma e que quase me paralisam de medo?
Quem dará conta de me comprar calcinhas novas e me tirar o cheiro de leite?
Embora seja lindo e romântico dizer que as mães se tornam super-heroínas, a verdade amiga, é que esses poderes não surgem instantaneamente, nem instintivamente, como pintam por aí. Estes “poderes” da maternidade só aparecerão quando estiveres, de facto, CONSCIENTE DO TEU NOVO PODER. Consciente do teu novo papel no mundo. E isto só acontece quando nos ouvimos! Quando temos TEMPO para nos redescobrirmos pós-parto, pós-casamento, pós-maternidade.
Não fiques pelos cantos a culpar-te por não teres libido, por não satisfazeres todas as vontades do marido, pois eu aposto que não estás a satisfazer nem as tuas próprias.
Então, permitem-me um conselho de uma mãe imperfeita?
PENSA EM TI, ACIMA DE TUDO. Porque mais ninguém no mundo fará isso! Pelo contrário, parece que o mundo se esquece das mães…
Parece egoísta ou utópico? Como é que uma mãe vai pensar em si mesma antes de pensar nos filhos?! É que pensando em ti, dás prioridade a ti, não anulando todas as tuas vontades, elevarás os teus índices de serotonina, endorfina, que eleva a autoestima, que nos deixa confiantes, e tal confiança devolve-nos o amor próprio, que nos dá tesão, tesão pelo marido e tesão DE VIDA que é o mais importante! O tesão dá-nos FELICIDADE, motivação, empenho, e felizes, nós driblamos os problemas muito melhor.
Uma mãe infeliz não pode criar filhos felizes. A equação não fecha.
Então, antes de te doares absurdamente e absolutamente para quem quer que seja, guarda um pouquinho de ti para casos de emergência.
E lembra-te que tu não te tornaste a Mulher Maravilha; portanto, mesmo que queiras, não podes carregar o mundo nos ombros, lamento dizer-te!
Começa por abandonar as culpas que pesam tanto e preocupa-te mais contigo em vez de escutar tanto a opinião alheia.
O teu filho não te vai achar uma mãe relapsa porque vais ao ginásio ou ao curso de bolos decorados. Ele não vai crescer odiando-te porque teve que passar algumas tardes na casa dos avós ou tios…mas ele não se perdoará nunca por achar que a sua chegada a este mundo tornou a sua mãe frustrada e triste.
Fica bem e eles estarão ÓPTIMOS!