Como ter o melhor ano da sua vida?
Chegámos no fim de mais um ano! Devemos preparar-nos para viver o próximo ano
É comum, no fim de ano, as pessoas confraternizarem e desejarem votos de felicidades, realizações e prosperidade uns aos outros. A frase: “Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”, é célebre neste tempo.
Isto é muito bom, porque percebemos que a maioria dos seres humanos tem boa intenção e preza o bem. No entanto, quando assim nos expressamos e desejamos todo o bem ao outro, estamos a referir-nos quase que exclusivamente ao que é material ou emocional, ou seja, ao que é passageiro e frágil. Prova disso é que, quando alcançamos este tipo de alegria, nos satisfazemos no momento, mas isso não basta. Estas conquistas, no máximo, podem trazer a sensação de dever cumprido para uma etapa da vida, como o estudo, por exemplo. Se fazemos a viagem dos sonhos, quereremos viajar uma vez mais; se adquirimos um bem, este se depreciará e, uma hora ou outra, deixará de ter interesse; se nos formamos num curso, em breve este conhecimento ficará desactualizado exigindo que façamos outras formações; na área afectiva teremos sempre o desafio de manter o vínculo com a outra pessoa e que não estaremos bem com ninguém se não nos encontramos connosco mesmos primeiramente.
E diga-se de passagem, até entre nós cristãos, que nos “gabamos” de nos atentarmos mais as coisas espirituais, quando dizemos “feliz ano novo!”, geralmente referimo-nos a uma felicidade que coloque a outra pessoa numa comodidade emocional e espiritual. Desejamos a paz do tipo que é resultado da ausência de qualquer desafio, queremos que o outro alcance o milagre como um passe de mágica, muitas vezes sem o efeito que o processo de busca da graça constrói na pessoa.
Por isso, cansamo-nos quando correndo atrás de uma falsa realização, que mais é um êxtase de momento, e não investimos na verdadeira felicidade e sentido existencial. Nenhum ano será bom o suficiente para quem alimenta coisas terrenas na sua alma e no seu coração que pertencem ao Céu.
Como ter o melhor ano da sua vida?
Ame mais
Amar mais, não quer dizer, beije mais, namore mais. Amar significa ir em direcção de todos, também das pessoas que não merecem o seu amor e quem sabe nem a sua consideração. Jesus disse: “Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? {…} Não fazem isto também os pagãos?” (Mt. 5, 45-46). Qualquer um tem bons sentimentos para com quem lhe faz bem, o desafio aqui é amar de verdade. Dê chance às pessoas de que você não gosta, ou que o decepcionaram.
E o perdão é uma das faces mais nobres do amor. Dê perdão a quem o magoou, quem o feriu. Isto primeiramente vai te libertar do sentimento ruim, do seu orgulho de se considerar o prejudicado (e talvez seja mesmo) e esperar que de alguma forma o agressor seja punido (se não a justiça humana, quem sabe pela justiça divina). Livrar-se de todo o resquício de mágoa e ódio já dá alívio ao seu coração e alma. Às vezes agarramo-nos tanto à vontade de justiça que nos tornamos justiceiros e a simples torcida de prejuízo ao outro é um modo do mal se instalar em nós. Quem deseja o mal tem o mal dentro de si, e é impossível ser feliz carregando o mal.
Ao contrário, quem ama traz o amor em si e o amor nunca causa prejuízo, pois se amou, cresceu espiritualmente.
Quantas pessoas, mesmo quando “passadas para traz”, enganadas, decepcionadas, com a sensação de derrota, conseguem dormir tranquilas porque puderam ao fim dizer: “Fiz tudo o que podia pelo outro!”?
Amar só nos faz melhores. Sai pior como pessoa, quem não amou.
Amar não é só num relacionamento de enamorados ou esponsal, mas nas amizades, familiares e outros.
E amor e perdão não dependem de sentimentos, mas de decisão. Pode sentir raiva, mas se decidir ter atitudes cristãs – isso é amar – com quem o ofendeu, a raiva irá quebrando aos poucos. Deixe o amor entrar definitivamente na sua vida e verá a felicidade entrando juntamente.
Reclame menos
Quando não lançamos a palavra maldizente, fruto da nossa opinião que às vezes é equivocada, proporcionamos ao menos alguns segundos – dependendo da gravidade do facto dias, meses – de reflexão interior. Isso faz-nos olhar novamente, agora mais devagar e atento para o acontecido, podendo dar-nos condições de responder melhor e mais acertadamente ao caso.
Quanta gente não “enfia os pés pelas mãos” porque tomado de ira, age impensadamente?
Quando meditamos o facto, podemos também ver saídas, possibilidades e adequações ao ocorrido.
Reclamar pode bloquear em parte este processo interior. Além de que o que sempre reclama, é uma pessoa chata de lidar.
Faça o bem
O mundo precisa urgentemente de gente que promova o bem. Pode aderir a uma causa, mas dentro das nossas casas, nos ambientes de trabalho, há várias realidades de pessoas que precisam da sua “mãozinha”.
Fazer algo para o outro com gratuidade dá mais alegria do que realizar alguma coisa para si mesmo. Quer ver? Imagine-se indo comprar um agasalho para você. Chega à loja, escolhe uma bela roupa, paga e sai todo contente. Quando chega na esquina encontra uma mãe com o filhinho à chuva e ambos a tremer de frio. Você não pensa duas vezes e dá o seu agasalho, recém adquirido, a essa mãe.
Que sentimento te satisfaz mais, o de comprar algo novo ou de ter doado algo a quem tinha mais necessidade do que você?
Tenho a certeza que não só sairá contente porque foi capaz de se desapegar de algo seu e fazer outra pessoa feliz, como, se não tivesse doado a roupa sairia com peso de consciência.
Em vez de brigar no trânsito, dê a passagem. Abra mão, um pouco mais, dos seus direitos, dê preferência ao que pede o seu cônjuge, o seu (a sua) namorado (a), ao jeito dela, ao que ele(a) quer. Ajude os seus pais nos serviços de casa, se tem habilidade de produzir algo, faça também a quem não tem condições de lhe pagar, faça favores, seja disponível.
Estas atitudes dão leveza à nossa alma, pois “há mais alegria em dar do que em receber”.
Desafio-o a fazer esta experiência e ver se a felicidade não invadirá o seu coração.
Tenha metas
Não é porque estamos a tentar plasmar as coisas do céu em nós, que eliminamos toda a dimensão terrena. Para ter o melhor ano da sua vida, todas as áreas da nossa humanidade merecem atenção. É importante ter objetivos materiais, intelectuais e emocionais.
Estude, poupe, ou invista num bem, busque ter emoções equilibradas.
Contudo, tenha metas espirituais também. Aliás, a próxima dica diz sobre isso.
Reze mais
Tenha mais intimidade com o Senhor. Invista na oração pessoal, individual “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo” (Mt 6, 6), e também na oração em grupo “se dois de vós se unirem para pedir” (Mt 18, 19).
Leia a Palavra de Deus, faça o propósito de ir mais vezes à Santa Missa, à confissão, aos sacramentos. Deus quer orientar-te segundo a Sabedoria que é Ele, é dom do Espírito Santo.
Esteja atento às subtilezas de Deus. O modo como Ele manifesta a fala e a vontade Dele na sua vida.
Simplifique as coisas
Descomplique, favoreça, tire os empecilhos, quem sabe os melindres, jeitos e manias que temos, em favor daquilo que o outro precisa ou requer.
Não esperemos estar tudo pronto e do nosso jeito para fazermos o nosso melhor.
Explique as coisas às pessoas, dialogue, programe-se a sair de casa com o seu bom humor, a bem receber as pessoas, prefira servir bem, se pode, antecipe-se às necessidades das outras pessoas.
Perca tempo
Gaste tempo com os filhos, o seu cônjuge, brinque mais, faça coisas inéditas com quem ama, com quem compartilha a vida consigo.
Os momentos que ficam marcados na nossa vida, geralmente foram aqueles em que perdemos tempo com coisas simples.
Enfim, busquemos neste ano novo elevar a alma e o espírito, pois aí está o segredo da verdadeira realização. Invista na sua humanidade, mas não fique só na dimensão terrena, invista também em coisas que não passam, coisas que imprimem o eterno na nossa alma.
Se seguir estas dicas, com certeza terá o melhor ano da sua vida. Se já as faz, faça novamente em 2018, e sempre.
Feliz Ano Novo para si!