Nossa Senhora só está presente na nossa vida nos momentos particulares? Somos fiéis devotos dela, mas só pedimos a sua intercessão nas Missas celebrativas ou quando estamos com problemas para resolver?

Não é este o desejo de Deus ao dar-nos Maria como Mãe, nem é o desejo dela ao nos assumir como filhos. Ela quer participar do nosso dia a dia, auxiliando-nos e fortalecendo-nos na caminhada até Deus.

Trazer Nossa Senhora para perto de nós

São Bernardo ensina que “nos perigos, nas angústias e dúvidas devemos pensar em Maria, invocando-a”. São Boaventura afirma: “Nunca li que algum santo não tivesse sido devoto especial da Santíssima Virgem”. Na oração da Ladainha de Nossa Senhora, nós chamamos-Lhe “auxílio dos cristãos”. Sim, ela o é! Nossa Senhora é Auxiliadora!

No Evangelho de João 19,26-27, vemos que “Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse-Lhe: ‘Mulher, eis o teu filho!’. Depois, disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’. A partir daquela hora, o discípulo acolheu-A em sua casa’”.

O Papa Francisco, ao meditar esta leitura, diz-nos: “Temos uma Mãe que está connosco, que nos protege, acompanha e ajuda também nos tempos difíceis, nos maus momentos”.

A maternidade de Maria

Podemos encontrar um vasto conteúdo nos escritos dos Papas e Santos da Igreja mostrando-nos a real maternidade de Maria. A resposta de João às Palavras de Cristo na cruz, mostra qual deve ser a nossa postura ao acolher a Virgem Santa, como Mãe: “A partir daquela hora, o discípulo acolhe-A no que era seu”. Este é o centro do relacionamento materno entre Maria e os seus filhos, não somente crer na maternidade, mas trazer Nossa Senhora para perto, colocá-la a par dos acontecimentos e sentimentos que, diariamente, compõem a nossa vida, e para isso há um caminho eficaz: a oração.

Seja o Rosário, o Ofício, a Ladainha ou uma jaculatória que invoca a protecção da Santíssima Virgem, seja um momento longo ou um breve elevar da alma até ao colo sublime da Mãe de Deus, o certo é que devemos seguir o exemplo de João e trazer Maria para tudo o que nos pertence. Apresentar-lhe os nossos conflitos e medos, as nossas vitórias e projectos, e tê-la como Mãe é encontrar nela uma companheira para o dia a dia.

Ao longo do meu dia, elevar com frequência o meu coração a Maria. Além de rezar diariamente o Santo Terço, coloco-me nas mãos dela no decorrer das horas e dos factos ocorridos. Quando estou a realizar algum trabalho, para o qual não tenho muito domínio, vou pedindo a Maria que venha em meu auxílio. Quando vivo uma situação difícil, procuro nela um apoio.

Mostra-te, Mãe

Na Carta Encíclica Adiutricem Populi, o Papa Leão XIII fala de uma jaculatória simples, mas eficaz: “Mostra-te, Mãe”. Ele convida os cristãos a invocarem Maria nos acontecimentos do dia e pedir a sua presença ou o seu conselho.

Maria não somente nos quer nos acolher como filhos, mas deseja acompanhar-nos durante toda a nossa peregrinação aqui na Terra, rumo à morada eterna.

Nos acontecimentos duros da vida, nos momentos de solidão e dor, alegria e realização, gritemos esta simples oração que nos ensina o Santo Padre: “Mostra-te, Mãe”. Confiemos: aquela que acompanhou Jesus até ao Calvário também nos acompanhará ao longo de todos os caminhos.