Curiosidades
Como rezar na elevação da Hóstia e do Cálice
- 29-05-2016
- Visualizações: 2656
- Imprimir
- Enviar por email
A CONSAGRAÇÃO DO PÃO E DO VINHO
COMO REZAR DURANTE A ELEVAÇÃO DA HÓSTIA E DO CÁLICE
NA SANTA MISSA.
Imediatamente depois da consagração, o sacerdote procede à elevação das santas
espécies, cerimónia sublime, prescrita pela santa Igreja, para que o povo possa
gozar e aproveitar, mais perfeitamente, da presença real do divino Salvador.
Oh! que júbilo para o céu! Que fonte de salvação para a terra! Que refrigério
para as almas do purgatório! Que terror para o inferno! Nesta elevação, se
oferece o dom mais precioso que possa ser apresentado ao Altíssimo! Sabes sob
que forma a santa humanidade de Jesus é oferecida ao seu Pai, pelas mãos do sacerdote?
Esta humanidade que é a imagem, muito perfeita, da Santíssima Trindade, jóia
única dos tesouros celestes e terrestres.
É oferecida debaixo de várias formas, porque entre as mãos do sacerdote, o
Verbo encarna-se novamente, nasce de novo e sofre a Paixão; o suor de sangue, a
flagelação, a coroação de espinhos, a crucificação, a morte... oh, que emoção
para o coração do Pai eterno, durante esta elevação de seu Filho predilecto!
Entretanto, o sacerdote não é o único a expor Jesus Cristo aos olhos de seu
Pai, o próprio Salvador se expõe: "À elevação, vi Jesus Cristo
apresentar-se a seu Pai e oferecer-se de uma maneira que ultrapassa toda a
compreensão", refere Santa Gertrudes no seu "Livro das
Revelações". Mas, se não podemos fazer ideia deste encontro do Pai com o
Filho, a fé deve nos levar a uma oração muito mais fervorosa no momento em que
se realiza".
São Boaventura convida o sacerdote e os fiéis a dizerem então, ao Pai celeste:
"Vede, ó Pai eterno, vede o vosso Filho, que o mundo inteiro não pode
conter e tornou-se nosso prisioneiro. Não o deixaremos ir sem que nos tenhais
concedido o que Vos pedimos em seu nome: o perdão dos nossos pecados, o aumento
da graça, a riqueza das virtudes e alegria da vida eterna".
O sacerdote, ao mostrar a sagrada Hóstia, poderia ainda dizer ao povo:
"Eis cristãos, o vosso divino Salvador, o vosso Redentor. Olhai-o com fé
viva e derramai os vossos corações diante dele em ardentes súplicas.
Bem-aventurados os olhos que vêem o que contemplais! Bem-aventurados os que crêem,
firmemente, na presença de Jesus Cristo, nesta santa Hóstia!" Se adoras
assim, asseguras a salvação da tua alma, e poderás repetir com o patriarca
Jacob: "Vi a Deus face a face, a minha alma foi salva" (Gen. 32, 30).
À
elevação, toda gente deve levantar os olhos para o altar e olhar, com piedade,
para o Santíssimo Sacramento. Jesus Cristo revelou a Santa Gertrudes quanto é
útil à alma esta prática. "Cada vez, escreve ela, que olharmos para o
Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, oculto no Sacramento do Altar, aumentamos o
grau do nosso mérito para o céu, o prazer, o gozo da vida eterna".
Não te inclines muito, à elevação, para que não te seja impossível ver a
sagrada Hóstia.
A santa Igreja também não o deseja; ela prescreve ao sacerdote levantar as
santas espécies, alguns instantes, acima da cabeça, a fim de que o povo possa
vê-las e adorá-las. A eficácia deste olhar para o divino Salvador foi figurada
no antigo Testamento: "Ao povo de Israel, que tinha murmurado contra o
Senhor e contra Moisés, mandou o Senhor cobras, cujas mordeduras queimavam como
fogo. Muitos, tendo sido feridos, foram ter com Moisés, dizendo: "Pecámos;
roga ao Senhor para que nos livre destas serpentes". Moisés fez uma
serpente de bronze, colocou-a como sinal, e os que, sendo feridos, olhavam para
ela, ficaram curados" (Num. 21, 8).
O santo Evangelho vê, neste facto, um símbolo tocante de Cristo, porque diz:
"Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim o Filho do homem deve
ser levantado sobre a cruz" (Jo. 3, 14). Se a imagem da serpente de bronze
tinha a virtude de curar os israelitas e de os preservar da morte, com maior de
razão, a piedosa contemplação do próprio Jesus curará as almas feridas, aflitas
e desanimadas.
A fim de tornar muito eficaz este olhar para o divino Salvador, faz actos de fé
na sua presença real e no Sacrifício que ele oferece ao seu Pai celeste, por
nós, pobres pecadores. Estes actos de fé valer-te-ão uma insigne recompensa.
"Bem-aventurados os que não viram e creram" (Jo. 20, 29). Estas
palavras podem bem aplicar-se àqueles que têm uma fé viva na presença real de
Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.
Tendo adorado a Santa Hóstia, faz dela oferta ao Rei celeste. Já expusemos a
virtude deste acto; acrescentamos somente a seguinte palavra da Santa Gertrudes:
"A oblação da sagrada Hóstia é a mais eficaz satisfação pelas nossas
culpas".
Com isto quer dizer que, pobres pecadores como somos, devemos concentrar todas
as forças da nossa alma, para oferecer a Deus a Hóstia santa, a fim de lhe
obter o perdão e a misericórdia.
À elevação da santa Hóstia, sucede a do Cálice sagrado, cerimónia igualmente
significativa. É então que o precioso Sangue corre, de maneira mística, sobre
os circunstantes, como se vê das palavras do missal: "Isto é o Cálice
do meu Sangue, do novo e eterno Testamento: mistério da fé que será derramado
por vós e por muitos, para o perdão dos pecados".
Neste momento, recebes a mesma graça como se estivesses, cheio de
arrependimento, debaixo da Cruz no Calvário e o precioso Sangue te inundasse. Deus
disse, no Antigo Testamento, ao povo de Israel: "Imolai um cordeiro e
marcai, com o seu sangue, as portas e os portais; e o Anjo exterminador passará
a porta da vossa casa, quando vir este sangue" (Ex. 12, 22). Se o sangue
do cordeiro pascal preservou os israelitas dos golpes do Anjo exterminador,
mais poderosamente, o Sangue do Cordeiro sem mancha nos protegerá contra a
raiva do anjo das trevas que, como um leão rugidor, anda em redor de nós,
procurando a quem possa devorar.
Vejamos ainda o que devemos fazer depois da elevação do Cálice.
Seria bom fazer o que faz o sacerdote; pois, o Sacrifício pertence-nos tanto
como a ele. Apesar das ofertas reiteradas antes da elevação, o sacerdote
continua a oferecer depois.
Nada aliás poderíamos fazer mais agradável a Deus. É por isso que o sacerdote
diz, depois de ter posto o Cálice sobre o altar:
Por
esta razão, Senhor, nós, vossos servos, mas também o vosso povo santo...
oferecemos a vossa augusta Majestade dos vossos dons e dádivas, a Hóstia pura,
a Hóstia santa, a Hóstia imaculada, o Pão santo da vida eterna e o Cálice da
salvação perpétua".
Sanchez diz destas palavras: "Em toda a Missa, o sacerdote não pronuncia
palavras mais consoladoras; pois, nem ele nem o povo poderiam fazer coisa melhor
do que oferecer a Deus o augusto Sacrifício". Compreende, portanto, como
prejudicas os teus interesses, substituindo esta preciosa oferta pelas tuas
pobres e tíbias orações.
Criaturas indigentes que somos, desprovidos de méritos e virtudes, como não nos
apoderaríamos, avidamente, de imenso tesouro que podemos apresentar, como
sucesso, ao Pai celestial? E este tesouro, Deus no-lo dá em cada Missa, e, com
ele, nos entrega todas as suas riquezas, para que as empreguemos em saldar as
nossas dívidas. Oferece, pois, a santa Missa, oferece-a ainda, oferece-a
sempre.
As
pessoas que não sabem ler os excelentes métodos de oferecer o santo Sacrifício,
contido nos formulários de orações, podem decorar a oração seguinte:
Meu Deus, eu vos ofereço esta Santa Missa; ofereço-vos o vosso caro Filho, a
sua encarnação, o seu nascimento, a sua dolorosa paixão; ofereço-vos o seu suor
de sangue, a sua flagelação, a sua coroação de espinhos, a sua via-sacra, a sua
crucificação, a sua morte, o seu precioso Sangue. Ofereço-vos, para vossa maior
glória e a salvação da minha alma, tudo quanto o vosso caro Filho fez, padeceu,
mereceu, e todos os Mistérios que ele renova nesta santa Missa.
Amém.