Estamos num novo tempo
na Igreja: a Quaresma. Por quê Quaresma? Porque vem de 40 dias.
Precisamos de viver a
Quaresma para valer, por isso, esta não pode ser mais uma, precisa ser única. A
Igreja proporciona este tempo para nos convertermos. Não para amanhã, mas
“desta vez”, a partir de agora, precisamos de viver a santidade, para a qual
somos chamados.
“Guardai-vos de fazer as
vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário,
não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. Quando, pois, dás
esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas
sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já
receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não
saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai,
que vê o que está escondido, irá recompensar-te. Quando orardes, não façais
como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua
recompensa… Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que
mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade vos
digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava
o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai
que está presente no oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, te
recompensará.” (Mateus 6, 1-5. 16-18)
A oração, a esmola e o
jejum formam o tripé fundamental na lei judaica, e nós, como cristãos, também
precisamos de o viver. O Senhor diz-nos: “Não sejais como os hipócritas!”, que dizem
uma coisa, mas pensam outra, são fingidos, dissimulados. Precisamos de ser
verdadeiros.
De quem queres receber
a recompensa: dos homens ou de Deus? Precisamos de viver o que o Senhor nos diz
no Evangelho citado acima, sem hipocrisia! “O homem vê as aparências; Deus
vê o coração!” (1 Sm 16,7b)
Obras quaresmais
O jejum
é para nossa mudança interior, para as lutas que travamos interiormente e que precisamos
de vencer. É um meio de domar o corpo e sermos mais íntimos de Deus.
A oração é o nosso
sustento, por isso precisamos de rezar. Rezemos, primeiro, por nós; depois,
para auxiliarmos os outros. Deus dá-nos conforme a Sua vontade, e não o que
queremos.
Sabes o que Ele quer
para ti? Em 1 Tessalonicenses, é-nos dito que “a vontade de Deus é a nossa
santificação”, e só conheceremos a vontade d’Ele se rezarmos de forma prática e
entrarmos em diálogo com Deus.
A esmola é a caridade,
e a caridade é a intenção que temos em relação aos irmãos. Não podemos fazer a
caridade de forma fingida, hipócrita, mas fazê-la, porque faz parte de
nós… “Deus é amor!” (1 Jo 4,8) e nós somos Seus filhos,
por isso devemos amar.
É necessário vivermos
esta Quaresma como se fosse a primeira e a última, pois não sabemos o dia de
amanhã. É preciso termos uma firme decisão de conversão diária para que as
pessoas com quem convivemos percebam que não é uma brincadeira.
Tu tens brincado com o
seres católico? No céu, só morarão os que vivem o amor aqui na Terra!
A prática deste
tripé é para aqueles que querem amar, que desejam viver no céu. Nem sempre
fazemos o bem que gostaríamos, mas é preciso recomeçar sempre, determinados na
prática do bem.
A caridade é um acto de justiça
A caridade é um acto
de justiça que agrada a Deus. “Ninguém é tão pobre que não possa dar…”. Há
muitas pessoas que estão necessitadas de ouvidos que apenas escutem, elas nem
sempre precisam de soluções para os seus problemas, mas apenas de alguém que as
escute, que acolha as suas lágrimas. Isto é obra de misericórdia!
Começa de forma
pequena. Talvez, não tenhas um cabaz para dar, mas podes dar um pacote de
arroz, e se não tiveres o arroz, podes dar o teu ombro para acolher o outro, e
assim estarás a viver o espírito verdadeiro da Quaresma.
“Dá esmola dos teus
bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus também não se
desviará de ti” (Tb 4,7-8).