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A ORAÇÃO, O JEJUM E A ESMOLA - SÃO PEDRO CRISÓLOGO
- 22-03-2021
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Há três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e
perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a
oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia,
jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente. O jejum é a
alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar estas
três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não
pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem
ora também jejue; e quem jejua pratique a misericórdia. Quem deseja ser
atendido nas suas orações, atenda as súplicas de quem lhe pede; pois aquele que
não fecha os ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às próprias
súplicas.
Quem jejua, pense no sentido do jejum; seja sensível à fome
dos outros quem deseja que Deus seja sensível à sua; seja misericordioso quem
espera alcançar misericórdia; quem pede compaixão, também se compadeça; quem
quer ser ajudado, ajude os outros. Muito mal suplica quem nega aos outros
aquilo que pede para si.
Homem, sê para ti mesmo a medida da misericórdia; deste modo
alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a rapidez que
quiseres; basta que te compadeças dos outros com generosidade e presteza.
Peçamos, portanto, destas três virtudes – oração, jejum,
misericórdia – uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; sejam
para nós uma única defesa, uma única oração sob três formas distintas.
Reconquistemos pelo jejum o que perdemos por não saber
apreciá-lo; imolemos as nossas almas pelo jejum, pois nada melhor podemos
oferecer a Deus, como ensina o Profeta: “O sacrifício agradável a Deus é um
espírito penitente; Deus não despreza um coração arrependido e humilhado” (Sl
50,19).
Homem, oferece a Deus a tua alma, oferece a oblação do jejum,
para que seja uma oferenda pura, um sacrifício santo, uma vítima viva que ao
mesmo tempo permanece em ti e é oferecida a Deus. Quem não dá isto a Deus não
tem desculpa, porque todos podem se oferecer a si mesmos.
Mas, para que esta oferta seja aceite por Deus, a
misericórdia deve acompanhá-la; o jejum só dá frutos se for regado pela
misericórdia, pois a aridez da misericórdia faz secar o jejum. O que a chuva é
para a terra, é a misericórdia para o jejum. Por mais que cultive o coração,
purifique o corpo, extirpe os maus costumes e semeie as virtudes, o que jejua
não colherá frutos se não abrir as torrentes da misericórdia.
Tu que jejuas, não esqueças que fica em jejum o teu campo, se
jejua a tua misericórdia; pelo contrário, a liberalidade da tua misericórdia
encherá de bens os teus celeiros. Portanto, ó homem, para que não venhas a
perder por ter guardado para ti, distribui aos outros, para que venhas a
recolher; dá a ti mesmo, dando aos pobres, porque o que deixares de dar aos
outros, também tu não o possuirás.