A imprescindível missão da mulher
A última criatura que Deus fez foi a mulher; “tirada” do homem e com a mesma dignidade dele para ser-lhe “companheira adequada” (Gen 2, 18) e para ser com ele “uma só carne” (Gen 2, 24). Um foi feito para o outro, completamente diferentes, no corpo e na alma, na voz e na força, nas lágrimas e na sensibilidade.
A mulher foi moldada por Deus para ser, sobretudo, mãe e esposa: delicada, meiga, compassiva, generosa, paciente.
Hoje, um perigoso feminismo, “avançado”, tem colocado a mulher em risco de perder o que ela tem de melhor; tende a igualar entre si homem e mulher, esquecendo as diferenças específicas que são exatamente o que fazem a maior riqueza da humanidade.
Não se pode confundir entre si o masculino e o feminino, pois cada qual tem os seus valores, que enriquecem a ambos na complementaridade. Enquanto o homem procura a eficiência fria e, às vezes, cega, a mulher é afetiva, dá graça e significado à racionalidade do homem.
Hoje em dia regista-se uma triste competição entre o masculino e o feminino; há quem julgue que a mulher deve abandonar os seus afazeres específicos para se igualar em tudo ao homem; isto gera uma nova subserviência da mulher ao homem, o que muitas não percebem. Isto tem gerado uma nova e moderna escravidão da mulher.
A grandeza da mulher está precisamente em cultivar o que lhe é próprio: a afetividade e a capacidade de amar. Sem a presença da mulher, com os seus traços femininos peculiares, as façanhas do homem poderiam facilmente redundar em desgraça para o próprio homem.
A civilização atual atravessa uma fase de rápido declínio, porque está dominada pela tecnologia, racionalismo, busca excessiva de bem-estar económico, amor como sinónimo de sexo, etc.. É a mulher, não-contaminada pela mentalidade dominante, com a sua intuição, a sua preferência pelo amor profundo e estável, pela fraternidade e pela fé religiosa, que deve exercer uma tarefa muito elevada, indispensável para ajudar o homem a alcançar os valores superiores.
Hoje a opinião pública pressiona psicologicamente a mulher para que ela se realize “superando o homem”, de forma a que busque o sexo mais que o amor; o trabalho e a ciência mais que a geração e a educação dos filhos; o racionalismo mais que a fé; o feminismo e o conflito mais que a ternura; a igualdade de pensamento e de obrigações sociais mais que a complementaridade.
Paulo VI dizia que “se o homem tem o primado da razão, a mulher tem o primado do coração”; e este não é menos importante. Sem o homem a mulher cai no sentimentalismo; sem a mulher, o homem congela-se na aridez e no tecnicismo soberbo.
A mulher não se pode afirmar na sociedade querendo copiar os erros do homem: corrupção, fraude, violência, aborto, eutanásia, exploração do sexo, cultura da morte, endeusamento da glória, do dinheiro e do prazer. A mulher precisa de trazer uma nova alma à sociedade, fruto da sua beleza e do seu amor.
Infelizmente, o feminismo doentio transformou o belo dia da mulher numa batalha inglória pela tal “liberdade feminina”: aprovação do aborto, da contracepção, do uso da camisinha, da esterilização, da pílula do dia seguinte, e tantas coisas imorais.
Uma Mulher foi escolhida por Deus para trazer o Salvador a este mundo. Mas ela teve de oferecer a sua vida toda a Deus; da manjedoura de Belém à cruz do Calvário. Ela foi a mais humilde das mulheres e por isso a eleita de Deus. Com a humildade desatou o nó da desobediência de Eva. Essa foi Maria, Maria de Nazaré. Não há modelo melhor para todas as mulheres!
“A mulher não nasce mulher, faz-se”. Esta frase de Simone Beuavoir, líder feminista radical, converteu-se num verdadeiro estandarte deste movimento. Vários factos concorreram para isto: a revolução sexual e feminista inspirada num neo-marxismo, e facilitada pela pílula anticoncepcional, desenvolvida na década de 60.
O movimento feminista radical inspirado no marxismo criou a tal ideologia de “Género” (do inglês Gender). A ideologia do “género” reinterpretou a história sob uma perspectiva neo-marxista, em que a mulher se identifica com a classe oprimida e o homem com a opressora.
Esta perigosa ideologia difunde que a moral cristã é discriminatória a respeito da mulher, e que é um obstáculo para o seu crescimento e desenvolvimento; logo, precisa de ser destruída. Por isso, muitas organizações feministas promovem o aborto, o divórcio, o lesbianismo, a contracepção, o ataque à família, ao casamento, e, sobretudo à Igreja Católica; pois são realidades “opressoras” da mulher.
Mas na verdade foi o oposto; foi o Cristianismo quem libertou a mulher da condição de quase escrava e que se encontrava de modo geral no mundo pagão. O papa João Paulo II afirmou na Carta Apostólica “Dignitatem Mulieris” (n. 12): “Admite-se universalmente — e até por parte de quem se posiciona criticamente diante da mensagem cristã — que Cristo se constituiu, perante os seus contemporâneos, promotor da verdadeira dignidade da mulher e da vocação correspondente a tal dignidade. Às vezes, isto provocava estupor, surpresa, muitas vezes raiando o escândalo: «ficaram admirados por estar ele a conversar com uma mulher» (Jo 4, 27), porque este comportamento se distinguia do dos seus contemporâneos. «Ficaram admirados» até os próprios discípulos de Cristo. O fariseu, a cuja casa se dirigiu a mulher pecadora para ungir os pés de Jesus com óleo perfumado, «disse consigo: “Se este homem fosse um profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que o toca: é uma pecadora”» (Lc 7, 39). Estranheza ainda maior ou até «santa indignação» deviam provocar nos ouvintes satisfeitos de si as palavras de Cristo: «Os publicanos e as meretrizes entram diante de vós no reino de Deus» (Mt 21, 31)”.
Cristo e o Cristianismo resgataram a mulher. Naquele tempo ela não podia, por exemplo, ser testemunha diante do Sinédrio, o tribunal dos judeus, a sua voz não valia. Quantas mulheres se destacaram no Cristianismo já no seu início. Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino foi uma gigante; a rainha dos francos Clotilde, esposa de Clovis, rei dos Francos, Joana D’Arc, e tantas outras santas, mártires.
A Igreja lutou contra o adultério também por parte do homem; o que não acontecia no mundo antigo. A proibição do divórcio deu grande proteção às mulheres. Além disso, as mulheres obtiveram mais autonomia graças ao Catolicismo. Na Idade Média católica a rainha era coroada como o rei, geralmente na Catedral de Rheims, na França, ou noutras catedrais. E a sua coroação era tão prestigiada como a do Rei; o que mostra que a mulher tinha importância. A última rainha a ser coroada foi Maria de Medicis em 1610, na cidade de Paris. Algumas rainhas medievais tiveram papel importante na história, como Leonor de Aquitânia († 1204) e Branca de Castela († 1252); no caso de ausência, doença ou morte do rei, exerciam o seu poder.
Foi só no século XIX, mediante o “Código de Napoleão”, que aconteceu o processo de despojamento da mulher novamente: deixou de ser reconhecida como senhora dos seus próprios bens, e, em casa, passou a exercer papel inferior.
A mulher foi por muitos séculos a reserva moral do Ocidente. A ela competia o ensino daquelas coisas que, se não se aprendem nos primeiros anos de vida, não se aprendem mais. Ela ensinava os filhos a rezar e a distinguir o bem do mal; ensinava o valor da família e das tradições. Mas hoje em dia o feminismo radical, eivado de ateísmo, gerou a banalização do sexo e o hedonismo, fazendo as suas vítimas, levando a mulher a perder o sentido do pudor, da maternidade e da piedade.
Isto não significa que, sem descuidar dos afazeres familiares, e na medida da sua vocação, a mulher não possa também dar a contribuição feminina no âmbito a cultura, das artes, da economia, e inclusive na política. Mas tudo isto sem prejuízo do sentido de piedade, do pudor e de maternidade que sempre foram o suporte da formação das pessoas e das sociedades do Ocidente.