Curiosidades
A humildade divina da Santíssima Virgem Maria
- 27-04-2023
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A Virgem Maria vem ao nosso encontro de diversas formas, reforçando o amor de Cristo por nós
No dia 13 e Maio de 1917, a Virgem Maria manifestou-se em
Fátima (Portugal) a três pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta (dois deles
canonizados a 13 de Maio de 2017). Em Lurdes, a Virgem também se manifestou à
jovem Bernadete, filha de um pobre oleiro. Bernadete chegou a trabalhar como
pastora e empregada doméstica. Em Guadalupe, a manifestação aconteceu ao índio
Juan Diego, um excluído da sociedade. Em Aparecida, a três humildes pescadores,
que encontraram nas águas do Rio Paraíba a imagem de Nossa Senhora da
Conceição. Em todas estas aparições, a Virgem Maria escolheu pessoas simples e
humildes, para lhes lembrar os ensinamentos do seu amado Filho, Nosso Senhor
Jesus Cristo. Aquela que foi eleita na sua humildade, escolhida por Deus para
ser a Mãe do Salvador, também escolheu os humildes para acolherem as suas
mensagens, que são um convite à oração, à conversão e à paz. Somente os
corações humildes estão abertos a ouvirem a voz de Deus: “A Minha alma proclama
a grandeza do Senhor, o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, porque
olhou para a humildade da sua serva (Lc 1,46-48)”.
A humildade é uma virtude divina das almas nobres. Quem é
verdadeiramente humilde não se envaidece de a possuir, mas, ao contrário,
reconhece a sua própria insignificância diante do mundo e do Criador. Deus, na
Sua infinita misericórdia, olhou para a humildade, a insignificância, a pobreza
de Maria. Ele olhou para ela por pura bondade. Alguém verdadeiramente humilde
não espera recompensa nenhuma por tal virtude. Assim era o coração imaculado da
Virgem Maria, era humilde simplesmente por ser, e não esperava recompensa
nenhuma da parte de Deus. Mas Ele olhou com amor para a humildade do seu
coração e n’Ela fez morada. Quem é verdadeiramente humilde não tem conhecimento
desta virtude, pois, se souber que a possui, torna-se soberbo, ou seja, quem se
considera humilde tende a envaidecer-se. Maria era verdadeiramente humilde por
natureza. E nesta alma santa Deus veio habitar: “E o Verbo fez-Se carne e
habitou entre nós, e nós vimos a sua glória (Jo 1,14)”.
Coração humilde e amoroso de Maria
Foi no humilde coração da Virgem Maria que Deus encontrou
lugar para acolher seu Filho. Diante do anúncio do anjo Gabriel, Maria disse:
“Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38)”.
Na sua pequenez, Maria foi exaltada com a maior de todas as graças: ser a Mãe
do Salvador. “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no
seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito
exclamou: ‘Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre!
Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a sua
saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre.
Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe
prometeu’ (Lc 1,41-45)”. Na humildade daquela mulher foi inaugurada na história
o tempo da salvação.
São Tomas de Aquino afirma na Suma Teológica: “A
Bem-aventurada Virgem é o modelo e o exemplo de todas as virtudes. Nela,
achareis o modelo da humildade. Escutai suas palavras: ‘Eis a escrava do
Senhor’ (Lc 1,38). E mais: ‘O Senhor olhou a humildade de sua serva’ (Lc 1,
48)”. No ‘sim’ de Maria Santíssima estava impresso a nossa salvação. Somente em
um coração divinamente puro e humilde Nosso Senhor Jesus Cristo poderia ser
gerado.
A obediência de Maria
Santo Irineu assim escreve sobre a humildade e obediência da
Virgem Maria: “Maria, com sua humildade e obediência, desatou o nó da
desobediência de Eva”. Na humildade de Maria Santíssima encontramos o caminho
para nos aproximarmos de Deus: um coração obediente e disponível para acolher o
Senhor.
A Virgem Maria, em condição de humilde serva, de escrava,
coloca-se totalmente disponível para realizar os planos de Deus. Para Ela, o
que importava era fazer a vontade do Senhor.
Maria Santíssima, nas suas manifestações, sempre nos recordou
que o caminho para a superação das guerras e conflitos é o seguimento
verdadeiro de Jesus Cristo por meio de uma vida de contínua conversão e oração.
Em suas aparições, Maria nos lembra de Jesus. Ela continua a ser a serva
humilde e obediente que nos recorda que o caminho para a vida eterna é Jesus
Cristo. Em suas mensagens, está explícito o pedido que Ela fez aos que estavam
servindo nas Bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser (Jo 2,5)”.
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem
São Luís Maria Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira
Devoção à Santíssima Virgem, nos parágrafos 1 e 2, assim escreve sobre a
humildade da Virgem Maria: “Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo
veio ao mundo, e é também por ela que deve reinar no mundo. Toda a sua vida
permaneceu oculta; por isso o Espírito Santo e a Igreja a chamam Alma Mater –
Mãe escondida e secreta. Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o
atrativo mais poderoso, mais constante, era esconder-se de si mesma e de toda
criatura, para ser conhecida somente de Deus”.
Almas humildes são anónimas aos olhos do mundo, mas brilham
como o dia no coração de Deus. Assim foi e continuará para sempre a ser a
humilde serva do Senhor. A Sua divina humildade brilha naqueles que buscam a
glória e o poder. As Suas virtudes ensinam-nos o caminho para acolhermos Nosso Senhor
Jesus Cristo no ventre da nossa alma, nos actos da nossa vida, nos silêncios
das nossas preces.
Maria Santíssima, na sua humildade, quer que façamos e
pratiquemos, na vida, tudo o que Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou.
Amparados pela Santíssima Virgem, seguimos o Senhor. Aquela que concebeu o
Verbo Divino no seu ventre convida-nos também a gerarmos Jesus na nossa alma.
Constituição Dogmática Lumen Gentium
O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen
Gentium, capítulo VIII, parágrafo 61, assim se expressa acerca da
Bem-Aventurada Virgem Maria: “A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de
Deus desde toda a eternidade, simultaneamente com a encarnação do Verbo, por
disposição da divina Providência, foi na terra a nobre Mãe do Divino Redentor,
a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor. Concebendo,
gerando e alimentando Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com
Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé,
esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a
vida sobrenatural. É por isto nossa mãe na ordem da graça”.
São Bernardo de Claraval expressa, num belo pensamento, como
estar sempre com Maria Santíssima no nosso coração: “Nos perigos, nas
angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que o seu nome nunca se
afaste dos teus lábios, nunca abandone o teu coração; e para alcançar o socorro
da intercessão dela, não negligencies os exemplos da sua vida. Seguindo-a, não
te transviarás; rezando-Lhe, não desesperarás; pensando nela, evitarás todo o erro.
Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela
te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim” (Hom. II
super “Missus est”, 17: PL 183, 70-71).
Que o exemplo de humildade da Virgem Maria Santíssima nunca
se afaste dos nossos olhos, nem do nosso coração, para que, ao seguirmos as
suas virtudes, acolhamos Jesus Cristo na nossa alma.