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Ano da Misericordia

Para viver o Ano da Misericórdia em família

 

Lições para viver o Ano da Misericórdia em família

 

Como ajudar os filhos a serem misericordiosos?

 

Para viver bem, em família, este Ano Santo, um casal indica três pontos chave para reflexão, repletos de exemplos simples que podem ser adotados por muitos lares. Acompanhe:

 

1º Peregrinar, em família, à Porta Santa

Peregrinar, cruzar a Porta Santa da Misericórdia é colocar-se no coração de Jesus, do Bom Deus. Podemos dizer que é encontrar-se com o olhar misericordioso de Deus que nos espera. É muito forte isso. Eu deixo-me abraçar por Deus, deixo-me olhar por ele.

Certa vez eu estava no Santuário a rezar. Chegaram então várias crianças e a Irmã (de Maria) que as acompanhava começou a dizer: “Aqui dentro chove, chove muito”. As crianças olharam para todos os lados, procurando onde estavam os buracos. “Mas, como Irmã?” Ela respondeu: “Aqui chovem muitas graças e muitas bênçãos. Cada vez que vocês vêm ao Santuário, saem empapados, encharcados de graças”. Assim podemos dizer que cada vez que cruzamos a Porta Santa, ficamos empapados, encharcados com a misericórdia de Deus.

Devemos notar que há uma diferença muito grande entre um peregrino e um turista. Nós peregrinamos à Porta Santa. Isto é muito bonito para mostrar aos filhos que somos todos peregrinos, pois viver é peregrinar e peregrinar é viver. Para o peregrino, o percurso é importante, ele se deixa tocar, se deixa transformar, vivencia a jornada e não só exteriormente, mas permite que ela lhe toque o coração.

É também importante perceber que ao atravessar a Porta Santa vamos aprendendo a sair de nós mesmos, pois rezamos pelo Papa, pelas intenções da Santa Igreja. Há ainda um incentivo para os sacramentos da Confissão e da Eucaristia, já que para receber a indulgência plenária é necessário passar por eles. Precisamos de vivenciar tudo isto em família, todos juntos, incluindo os filhos.

 

2º Que o meu Santuário Lar e o meu Santuário Coração se tornem um oásis de misericórdia

Isto envolve deixar-se tocar e transformar por Deus. Para ser misericordioso é preciso ter uma experiência de misericórdia.

Uma vez nós fizemos uma vivência de lava-pés em casa. Foi celebrada uma Missa de Perdão entre nós, pai e filhos, no nosso Santuário Lar. Um sentava-se na cadeira e os outros lavavam-lhe os pés, pedindo perdão por tudo o que tinha feito, pelas coisas que o magoaram, muitas vezes sem perceber. Era bonito porque quem lavava os pés pedia perdão e quem se sentava na cadeira perdoava, depois trocávamos de lugar. Outra coisa que fazemos juntos é perdoar um ao outro em cada Missa que participamos. No acto pedimos perdão a Deus, mas também entre nós, seja pelo olhar ou por um toque de mão, sempre sabemos que ali vivenciamos o perdão.

Qual a importância do perdão no contexto da misericórdia? É que o perdão garante a manutenção da vida familiar, faz a nossa casa ficar sempre nova. Então para que o meu Santuário Lar e o meu Santuário Coração sejam um oásis de misericórdia é preciso passar pela experiência do perdão.

É importante ainda olhar para as obras de misericórdia que o Papa nos fala. Por exemplo, o dar de comer. Nós moramos num prédio, então algumas vezes levamos um prato de comida ao porteiro. São os filhos que levam e eles já sabem, não estão a levar a comida somente ao porteiro, mas a Jesus. Os três também vão visitar a avó doente, cantam e rezam com ela; as obras de misericórdia estão muito perto, não é preciso procurar atitudes distantes. Uma vez estávamos a passear e passou uma ambulância perto de nós, o meu filho mais novo disse: “Vamos rezar por esta pessoa”. Agora, sempre que vemos uma ambulância, um motoqueiro caído ou um acidente, nós rezamos por essa pessoa. Isto foi-se incorporando e nem nos demos conta de que são obras de misericórdia. Em casa temos uma caderneta de oração para apontar o nome das pessoas que pedem para rezarmos por elas, ela fica no Santuário Lar e ali anotamos o nome de todos. É interessante que muitos actos de misericórdia são coisas que todos já fazemos, o que muda é que agora tomamos mais consciência e damos um sentido maior ao que fazemos.

Uma dica é aproveitar as coisas que temos no dia-a-dia para transformar no Santuário Lar e no Santuário Coração num oásis de misericórdia. Por exemplo, a música. Tem uma canção lindíssima que diz: “Todo o teu pecado, em toda a tua vida, é uma pequena gota que se derramou no mar da misericórdia infinita de Deus”. Mas podemos também descobrir a misericórdia por meio de leituras, várias vezes partilhamos trechos da Bula do Ano Santo, Misericordiae Vultus, do Papa Francisco, e como ela há vários outros livros. É um incentivo para ler com os filhos, em família.

 

3º Ser imagem do Pai de Misericórdia para os filhos

Os pais são o primeiro rosto de Deus para os filhos. Este é um ano para nós nos questionarmos, como pais, se os nossos filhos têm uma imagem boa de Deus Pai misericordioso. Neste ano especial é tempo de pedir graças para curar as feridas do nosso coração para que eu possa ser um pai melhor, pois quanto mais filho eu for diante de Deus, melhor pai eu serei para os meus filhos.

Podemos dizer que é um ano de cura, para que o meu coração seja mais parecido com o Sagrado Coração de Jesus, um ano especial de graças para que possamos ver o Deus da vida presente na nossa história, nos mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos da nossa vida. Que neste ano os nossos filhos possam ver em nós o rosto de Deus e que também levemos o desafio de olhar para trás, para a nossa história e encontrar Deus nela, para assim curar as nossas feridas e tentarmos ser pais e mães melhores.

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