Ano da Misericordia
A tua confiança em Deus deve ter bases fortes
- 16-03-2016
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A tua Confiança em Deus deve ter bases fortes, inabaláveis…
“O Filho de Deus foi-nos dado”, diz o Evangelho; e por isso devemos rogar com grande confiança, pois seremos atendidos.
O sábio constrói a casa sobre o rochedo: Nem inundações, nem chuvas, nem tempestades a poderão lançar por terra. Para que o edifício da nossa confiança resista a todas as provas, é preciso que se eleve sobre bases inabaláveis.
Diz São Francisco de Sales, que o fundamento da nossa confiança deve basear-se na infinita bondade de Deus e nos méritos da Morte e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, com esta condição da nossa parte: a firme e total resolução de sermos inteiramente de Deus e de nos abandonarmos completamente e sem reservas à Providência”.
As razões de esperança são demasiado numerosas para que possamos citá-las todas.
É Cristo em verdade a pedra angular sobre a qual principalmente se deve apoiar a nossa vida interior.
Que confiança nos inspiraria o mistério da Encarnação, se nos esforçássemos por estudá-lo de maneira menos superficial!
Quem é a criança que chora no presépio, quem é o adolescente que trabalha na oficina de Nazaré, o pregador que entusiasma as multidões, o taumaturgo que opera prodígios sem conta, a vítima inocente que morre na Cruz?
É o Filho do Altíssimo, eterno e Deus como o Pai… é o Emanuel há tanto tempo esperado; é Aquele que o Profeta chama “o Admirável, o Deus forte, o Príncipe da paz”.
Mas Jesus – disto esquecemo-nos frequentemente – é nossa propriedade.
Em todo o rigor do termo, Ele pertence-nos; é nosso; temos sobre Ele direitos imprescritíveis, pois o Pai celeste no-Lo deu. A Escritura assim o afirma: “O Filho de Deus nos foi dado”.
E São João, no seu Evangelho, diz também: “Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho único”.
Ora, se Cristo nos pertence, os méritos infinitos dos seus trabalhos, dos seus sofrimentos e da sua morte pertencem-nos também. Sendo assim, como poderíamos perder a coragem?
Entregando-nos o Filho, o Pai do Céu deu-nos a plenitude de todos os bens. Saibamos explorar largamente este precioso tesouro.
Dirijamo-nos, pois, aos Céus, com santa audácia; e, em nome deste Redentor que é nosso, imploremos, sem hesitar, as graças que desejamos. Peçamos as bênçãos temporais e sobretudo o socorro da graça; para a nossa Pátria solicitemos paz e prosperidade; para a Igreja, calma e liberdade.
Assim agindo, não fazemos nós um negócio com Deus? Em troca dos bens desejados, oferecemos-Lhe o seu próprio Filho unigénito. E nesta transacção Deus não pode ser enganado: dar-Lhe-emos infinitamente mais do que dEle receberemos.
A oração, pois, se a fizermos com a fé que transporta montanhas, será de tal sorte eficaz que obterá, se preciso for, mesmo os prodígios mais extraordinários.
O Verbo Encarnado, que a nós Se deu, possui um poder sem limites.
Aparece no Evangelho como supremos Senhor da terra, dos demónios e da vida sobrenatural; tudo está submetido ao seu domínio soberano.
Existe ainda no poder do Salvador outro motivo seguríssimo de confiança. Nada pode impedir Nosso Senhor de socorrer-nos e proteger-nos.
Jesus domina as forças da natureza.
Logo no início do seu ministério apostólico, assiste às bodas de Caná. No correr do banquete, o vinho vem a faltar. Que humilhação para a pobre gente que havia convidado o Mestre com sua Mãe e os discípulos!
A Virgem Maria percebe logo o contratempo; é Ela sempre a primeira a perceber as nossas necessidades e a aliviá-las. Lança ao Filho um olhar de súplica; murmura-Lhe em voz baixa um curto pedido.
Conhece Maria o seu poder e o seu amo. E Jesus, que nada sabe recusar-Lhe, transforma a água em vinho! Foi este o seu primeiro milagre.
De outra feita, uma tarde, para evitar a turba que O assalta e comprime, atravessa o Mestre, de barca, com os discípulos, o lago de Genesaré. Enquanto navegam, levanta-se o vento em furacão, desaba a tempestade, as ondas crescem, os vagalhões esboroam-se com temeroso estrondo.
A água inunda o tombadilho; vai afundar-se a embarcação. Ele, fatigado da dura labuta, dorme à popa, a cabeça divina apoiada sobre o cordame. Os discípulos aterrorizados acordam-nO gritando: “Mestre, Mestre, salvai-nos que perecemos!”
Então o Salvador levanta-Se; fala ao vento; diz ao mar enfurecido: “Silêncio, acalma-te!”. Instantaneamente tudo se acalmou! As testemunhas desta cena interrogaram-se com assombro: “Quem é este Homem a Quem o mar e os ventos obedecem?”.
Jesus cura os enfermos.
Muitos cegos dEle se aproximam às apalpadelas; a Ele chamam o seu infortúnio: “Filho de David, tende piedade de nós!”. O Mestre toca-lhes os olhos, e este contato divino abre-os para a luz.
Trazem-Lhe um surdo-mudo, pedindo-Lhe que sobre ele imponha as mãos. O Salvador atende este desejo, e a boca do homem fala, e os seus ouvidos ouvem.
No caminho, encontra um dia dez leprosos. O leproso é um exilado na sociedade humana; repelem-no das aglomerações; evita-se o seu convívio, pelo medo do contágio; todos se afastam com horror da sua podridão…
Os dez leprosos nem ousam aproximar-se de Nosso Senhor… ficam ao longe. Mas, reunindo o pouco de forças deixadas pela moléstia, gritam dessa distância: “Senhor, tende piedade de nós!”…
Jesus, que devia ser na Cruz o grande leproso, que devia ser na Eucaristia o grande abandonado, comove-Se com esta miséria: “Ide mostrar-vos aos sacerdotes”, diz-lhes.
E enquanto os infelizes caminham para executar as ordens do Mestre… sentem-se curados!
Jesus ressuscita os mortos.
São três os que Ele faz voltar à vida. E, também, pelo mais maravilhoso dos prodígios, depois de morrer nas ignomínias do Gólgota, depois de ter sido depositado no Sepulcro, Ele ressuscita-se a Si mesmo na madrugada do terceiro dia.
É assim que a nós também ressuscitará no fim dos tempos.
Os nossos amados, os nossos mortos, Ele no-los restituirá transformados, mas sempre semelhantes ao que foram.
Estancará assim as nossas
lágrimas por toda a eternidade. Então não haverá mais pranto, nem ausência, nem
luto, porque terá terminado a era da
nossa miséria.
Jesus domina o inferno.
Durante os três anos da sua vida pública, Ele, por vezes, encontra-Se com possessos. Fala aos demónios em tom de autoridade soberana; dá-lhes ordens imperiosas, e os demónios fogem à sua voz, confessando-Lhe a divindade!
Jesus é o Senhor da vida sobrenatural.
Ressuscita almas mortas e restitui-lhes a graça perdida. E para provar que tem, realmente, o poder divino, cura um paralítico.
“Que será mais fácil, pergunta aos escribas que O cercam, que será mais fácil dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou: Levanta-te e caminha? Para que conheçais que o Filho do homem tem sobre a terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te, diz ao paralítico, toma a tua enxerga e volta para casa”.
Seria bom meditar largamente sobre o enorme poder de Jesus Cristo. Quando se trata de pôr esse poder ao serviço do seu amor por nós, o Mestre nunca hesita.