A realidade da morte e a misericórdia divina
O medo de pensar na morte e de habitualmente falar dela é, de
certa forma, muito presente em nós, pois estas últimas realidades entre o nosso
último suspiro e o nosso julgamento particular causam desconforto, já que há
tantas coisas que ainda queremos fazer, construir. Pensam alguns que lembrar-se
da morte é sinónimo de tristeza, e, de facto, é, pois quantos de nós já vivemos
com o luto!
O desconforto da finitude
Mas, nem por isso a morte deixa de estar imersa na
Misericórdia de Deus, pois a soberba dos nossos primeiros pais levou-os a
pecar, pois eles pretendiam ser como deuses. “Não comas do fruto da árvore da
ciência do bem e do mal, porque, no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente”
(Gn 2,17; cf. 3,17-19).
E nós que herdamos o pecado original, embora libertos no Baptismo,
temos a consequência deste pecado, e por isso a lucidez sobre a nossa
transitoriedade, de facto, ajuda-nos a nos emendarmos para a devida preparação
para o nosso encontro definitivo com o Senhor.
O olhar voltado para a eternidade
Indubitavelmente, é mister pensarmos que em tudo o que
fazemos nesta vida temos que ter o olhar para a eternidade, para a morte, o
juízo particular, o purgatório, para uma eternidade no céu ou irmos directamente
para o inferno.
Portanto, um cristão em busca de santidade deve meditar sobre
a morte sempre, e sempre mesmo, pois ela é o momento ápice da nossa existência,
porque, a partir do fechar os olhos, nada mais poderemos fazer por nós mesmos,
nem o arrependimento terá êxito. Com efeito, contemos com a graça de Deus em
vista de uma vida reta; e parafraseando Dom Bosco, devemos ser bons cristãos na
amizade com Deus, cumprindo os Mandamentos e sendo honestos cidadãos.
O amparo de Nossa Senhora
Cabe aqui lembrar que Nossa Senhora estará sempre ao nosso
lado, acolhendo-nos e alertando-nos, como nas suas aparições em Fátima, onde
sempre pedia que os seus filhos rezassem. E esta mensagem ecoa até hoje.
Da mesma forma, sejamos missionários para a salvação de todos
os pecadores, indo ao encontro do próximo, para que tenham a possibilidade de
se voltar para o Senhor, recebendo os sacramentos, ouvindo a Palavra de Deus.
Será um verdadeiro apostolado.
Perseverança na oração
Se o servo não é bem recebido na sua terra, ou seja, se os
seus não quiserem receber o teu auxílio, eu dou uma sugestão: pede aos anjos e
santos que coloquem outros para ser esse canal de Providência e continua a
rezar, indo em direcção a quantos mais possas atingir. Uma coisa é certa, não
podemos ter medo nem perder tempo.
O dia derradeiro e a importância da oração
Não sabemos quando será o nosso dia derradeiro, e, depois
dele, o nosso julgamento. Cabe aos que ficam, unir-se em orações por essa alma,
lembrando que aqueles que vão para o purgatório estão a terminar de se
purificar, ou seja, já estão salvos. As nossas orações, indulgências,
mortificações, Missas, serão um benefício para elas através dos nossos
sufrágios. Mas, uma alma condenada ao inferno em nada poderá usufruir das
nossas orações, porque nunca poderá livrar-se dessa condenação.
Portanto, tenhamos esperança, “porque Deus amou tanto o mundo
que deu o seu Filho Unigénito, para que todo o que nele crer não pereça, mas
tenha a vida eterna” (João 3,16).