Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

A Confissão

Os pecados veniais

Quando observamos uma grande floresta, não conseguimos notar muito mais do que aquilo que se mostra aos nossos olhos, os detalhes fogem. Escutamos e vemos o que, realmente, nos é aparente. Os grandes centros de observação ambiental possuem computadores via-satélite que permitem observar mais de perto e notar as pequenas imperfeições. É sobre estes pequenos deslizes que vamos falar.

Considere que os pecados veniais são os pequenos incêndios numa floresta, que estão ali a queimar e, com a força do ambiente, com a falta de zelo, se podem transformar em grandes incêndios. Este qualificativo, venial significa que é um acto “desculpável”. Não apaga a caridade do coração, ou seja, não anula a graça santificante. “Há pecado que não leva à morte” (1Jo 5, 17); logo, quem os comete não está privado da Eucaristia. Comenta o Catecismo:

“Quando, em matéria leve, não se observa a medida prescrita pela lei moral ou quando, em matéria grave, se desobedece à lei moral, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento” (n. 1862).

Estes pequenos incêndios, aos quais não damos tanta importância, não os podemos descurar ou deixar pra lá.

De facto, o nosso organismo espiritual sente os nossos atrasos. E quando queremos avançar, muitas vezes, falta-nos um exame de consciência mais profundo. É claro que não podemos ser escrupulosos, vendo pecado em tudo. Mas procurando sempre basear-se na Palavra de Deus e no Catecismo. Num aperfeiçoamento humano e espiritual contínuo, lidar com a realidade. Tais pequenos incêndios são atrasos para uma floresta, porque começam a matar, roubar a vida daquelas árvores, mesmo um pequeno foco de incêndio. Assim o é com os pecados veniais, deliberadamente praticados. E a consequência é a tibieza. Quando não nos damos conta dos nossos erros, eles tornam-se parte do dia a dia. Espiritualmente falando, a alma acostumada aos pecados veniais perde o fervor e pode facilmente voltar à miséria dos pecados mortais (que atentam contra os dez mandamentos), pois o consentimento em faltas leves significa uma perda de graças actuais, ou seja, aquela força, aquele impulso de Deus para a pessoa crescer na santidade, tornamo-nos retardatários na escola da santidade. O padre Reginald Garrigou-Lagrange explica:

No momento exacto em que é cometido, o pecado venial priva a alma de uma graça preciosa. Naquele instante, uma graça foi-nos oferecida para progredirmos na perfeição, para sermos caridosos, fervorosos e diligentes. Se tivéssemos correspondido, o nosso mérito teria aumentado e, por toda a eternidade, poderíamos contemplar Deus face a face com maior intensidade. Nós teríamos a capacidade de amá-lo mais. Agora, no entanto, esta graça foi perdida por causa da nossa negligência, da nossa preguiça e da nossa caridade limitada (GARRIGOU-LAGRANGE, The last writings, New City Press, 1969, pp. 23-25 (tradução nossa).

Por fim, como consequência dos pecados veniais, a doutora da Igreja, Santa Teresa de Ávila, ilumina-nos ainda mais:

Notareis que essas primeiras moradas quase não recebem nenhuma réstia da luz que sai do palácio onde está o rei. Embora não estejam escuras e negras como quando a alma está em pecado, estão de alguma maneira obscurecidas e não se consegue ver quem está nelas. Isso não por culpa do aposento (não me sei dar a entender bem), mas porque entraram com a alma tantas cobras, víboras e animais peçonhentos que não a deixam ver a luz. É como se alguém entrasse num lugar com muita claridade e, tendo um cisco nos olhos, quase não os pudesse abrir. O aposento está claro, mas a alma não o percebe por causa dessas feras e alimárias, que a obrigam a fechar os olhos para não ver senão a elas (Primeiras Moradas, II, 14).

Essas feras e animais peçonhentos são os pecados veniais, os apegos ao mundo e as imperfeições que ofuscam a visão do amor de Deus em nós. Por isso, depois de vencer o pecado mortal, por meio de uma confissão bem feita, acompanhada de uma contrição profunda, o próximo passo no combate espiritual tem de ser o da luta contra os pecados veniais, contra os nossos pequenos incêndios.

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