COMEÇAR PELA CONVERSÃO DO CORAÇÃO |
Todo o progresso interior requer uma conversão e consiste numa resposta, numa entrega de amor ao amor que Deus nos tem. Uma vez que o Senhor nos ama muito, qual deverá ser o nosso firme propósito para lhe corresponder, fazendo tudo aquilo que lhe pode agradar e evitando o que lhe poderia desagradar? Trata-se de um movimento em dois tempos: conversão e entrega de si mesmo a Deus. No final das meditações sobre o sentido da vida e da morte, tinha o costume de convidar os rapazes do Oratório a dirigir-se a Deus e dizer-lhe de coração sincero e com decisão: «Meu Senhor, a partir deste momento eu me converto a ti; eu te amo, quero servir-te com alegria e até à morte. Virgem Santa, minha Mãe, ajuda-me a ser sempre fiel».
Antes de tudo é necessário tomar consciência de si mesmo com realismo. Isto pode ocorrer em qualquer momento e de formas diversas. Ao terminar a escola superior, questionei-me, pela primeira vez, sobre o meu futuro com grande seriedade. Dava-me conta de que os sonhos acarinhados até então tinham sido muito etéreos. Sentia, é verdade, a inclinação para ser sacerdote para me dedicar aos jovens. Mas tinha que ser realista: a minha forma de viver, certos hábitos do meu coração e a falta absoluta de virtudes necessárias para aquele estado de vida, tornavam difícil a decisão. Devia trabalhar mais profundamente.
Num primeiro momento, procurei fazer o que me vinha à cabeça. A leitura de livros espirituais e o contacto com as comunidades religiosas de Chieri tinham-me induzido a acreditar que estava chamado à vida contemplativa. Pensava que a entrada na clausura me ajudaria a vencer as paixões, sobretudo a soberba, profundamente arraigada no meu coração.
Pus-me em estado de oração. Comecei uma novena, precedida de uma boa confissão geral. Entretanto Luís tinha escrito uma carta ao seu tio sacerdote, que já me conhecia, expondo-lhe o meu problema.
Naquele mesmo dia chegou a resposta do tio de Luís. Aconselhava-me a deixar de lado por algum tempo a escolha anterior. Convidava-me a entrar no seminário. Ao longo dos estudos teria a oportunidade de compreender melhor os planos de Deus. Não devia ter medo de errar o caminho: com o vigiar do coração, o recolhimento interior e a oração superaria toda a dificuldade.
Para reflectires
|