Casei, mas não quero ter filhos |
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Casei, mas
não quero ter filhos!
Um filho não pode ser pensado à medida da própria comodidade.
Ele será sempre, “o dom mais excelente do matrimónio”
Uma reflexão acerca da geração de filhos pede, antes, uma
reflexão acerca da realidade da qual ela depende: o matrimónio. A Igreja,
considerando atentamente os dados da Bíblia e da sua Tradição, propõe como
elementos essenciais do matrimónio cristão a unidade, a indissolubilidade e a
fecundidade (Cf. Gn 1, 28; 2, 24, Mt 19, 4-6). De facto, é dupla a finalidade
da união conjugal: o bem dos cônjuges, que se entregam um ao outro no amor, e a
transmissão da vida, como transbordamento do amor que sentem um pelo outro e
que não se pode esgotar no interior do próprio casal (Cf. Catecismo da Igreja
Católica, 2363).
Na realidade, pela sua própria natureza, o matrimónio está
ordenado à geração e à educação dos filhos (Cf. Gaudium et spes, 50). O mesmo
Deus que criou o homem e a mulher e os entregou um ao outro, confiou-lhes a
sublime missão de colaborar com Ele na obra da criação, quando lhes disse:
“Sede fecundos e multiplicai-vos” (Gn 1, 28).
Um casal, portanto, que se fecha à transmissão da vida – sem
que exista um motivo suficientemente grave e justo – acaba por negar um
elemento intrínseco ao matrimónio, isto é, que está na própria essência do
sacramento que receberam ao se casarem. Lembremo-nos de que uma das perguntas
feitas ao casal durante a celebração litúrgica do matrimónio os questiona se
estão dispostos a receber, com amor, os filhos que a eles forem confiados por
Deus.
É facto que, hoje, muitos casais optam por não ter filhos e
são diversos os motivos que podemos elencar para tentar explicar este fenómeno.
Em primeiro lugar, temos a chamada cultura do individualismo, que propõe o eu
como valor absoluto e cujos efeitos, como bem sabemos, são altamente
destrutivos às relações humanas. Uma consequência muito concreta desta
mentalidade é a ideia que filhos restringem a liberdade do casal, sendo, por
isso, um obstáculo à concretização dos seus projetos individuais. Para estes,
os filhos são uma dívida, não uma dádiva (Cf. Catecismo da Igreja Católica,
2378). É crescente, também, a chamada cultura do provisório, que leva as
pessoas a rejeitarem tudo o que pede responsabilidade e compromisso. Além
disso, a actual situação económica e os diversos problemas sociais acabam por
produzir nas pessoas a sensação de instabilidade e de medo em relação ao
futuro.
“A tarefa fundamental
do matrimónio e da família é estar a serviço da vida” (Catecismo da Igreja
Católica, 1653), de modo que a recusa desta missão divina por parte dos que
podem realizá-la é, no mínimo, uma contradição. Naturalmente que não estamos a fazer
uma reflexão saudosista, que pretende reproduzir no presente o passado, quando
os casais, não obstante os poucos recursos materiais, tinham muitos filhos. De
facto, a geração de um filho não é, somente, um acto biológico, mas pressupõe
aquilo que o Papa Francisco chama responsabilidade geradora (Cf. Amoris
laetitia, 82), no sentido de que a vida gerada precisa, necessariamente, de
acompanhamento material, afectivo e espiritual por parte dos que a geraram. A
Igreja é mestra ao ensinar que o matrimónio está, naturalmente, ordenado à
transmissão da vida, mas é mãe ao instruir os seus filhos sobre a maneira
verdadeiramente humana e cristã de viver o dom da paternidade e da maternidade:
respeitando a vontade de Deus, de acordo e esforço comuns, considerando as
condições do tempo e da própria situação e com responsabilidade generosa.
É importante dizer, ainda, que o matrimónio não foi
instituído tendo em vista, somente, a procriação (Cf. Gaudium et spes, 50).
Lembremo-nos de que há casais que, mesmo depois de recorrerem aos recursos
médicos legítimos, não podem gerar filhos. A adoção, para eles, pode ser um
caminho válido para realizar a paternidade e a maternidade de maneira generosa,
oferecendo um lar e amor a quem está privado de um ambiente familiar adequado.
De facto, as dificuldades e exigências do tempo presente não
podem ser ignoradas. Porém, um filho não pode ser pensado à medida da própria
comodidade. Ele será, sempre, “o dom mais excelente do matrimónio” (Catecismo
da Igreja Católica, 2378). Deus dá a missão, mas concede, também, a graça
necessária para bem a realizar!
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Como ser o pai de um menino que vai morrer |
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Como ser o
pai de um menino que vai morrer
"Eu tenho a certeza de que, um dia, vamos todos jogar
futebol no céu. E Gaspard será avançado centro. E eu vou ver a sua alegria, a
sua felicidade, cheio, repleto de orgulho"
Este testemunho foi escrito pelo pai de Gaspard, um simpático
menino francês que nasceu com deficiências severas. Os médicos estimam, para
Gaspard, uma passagem breve por esta terra. O seu pai revela-nos, um pouco
daquilo que sente diante deste desafio tão, tão imensurável – e o seu desabafo
é uma lição extraordinária.
Quando há dias os meus três filhos me deram os seus
tradicionais presentes feitos na escola para o Dia do Pai [na França, é
comemorado em Junho], pensei no meu Gaspard e perguntei a mim mesmo, do fundo
do coração, se eu fui um bom pai.
Porque, lá no fundo, às vezes, eu duvido. Eu duvido porque
ser o pai de uma criança que se aproxima lentamente da morte é um longo caminho
de cruz. Um caminho repleto de dúvidas sobre o sentido desta provação; repleto
de arrependimentos, interrogações, momentos de tristeza e combates interiores
contra um egoísmo que não tem o bom gosto de diminuir. Viver com este terrível
prazo na mente é, por vezes, como remar contra a corrente: você esforça-se, mas
sente que está a ser recuado à força.
Para a maioria dos pais, também existe a delicada questão do
trabalho. O que fazer? Deixar a carreira em espera e parar de trabalhar? Mas
durante quanto tempo? E como é que vamos pagar o aluguer? E se ele viver mais
tempo que o prognosticado pelos médicos? Todas estas pedras no sapato de cada
manhã tantas vezes se tornam espinhos que magoam o coração.
Ser o pai de um menino que vai morrer é também preparar o
depois, aquele depois que assusta. Será impossível viver como antes, porque o
nosso sol, a estrela da nossa casa, aquele em torno de quem tudo gira, não vai
mais estar aqui para iluminar o nosso caminho. Ou melhor, ele estará aqui
sempre, mas de outra forma. E faz parte do papel de pai, creio eu, preparar
esse futuro, porque os nossos outros filhos merecem o melhor – e eles
certamente se sentirão fragilizados, durante alguns anos, depois de tudo o que
viveram ao lado de Gaspard. Eu não acho que alguém saia ileso desse tipo de
provação.
E há uma última coisa: a impotência. E ela é, sem dúvida, a
pior. Para um homem, a coisa mais difícil a encarar é não poder, não ser capaz
de salvar o próprio filho, ser incapaz de impedir que ele sofra.
Devo admitir que eu não resolvi nenhum desses problemas. Eu
me sinto terrivelmente impotente. Eu continuei a trabalhar, preparando o futuro
do melhor modo que puder.
A única coisa que importa é que eu o ame.
Uma noite, decidi que Gaspard me mostraria o que ele esperava
de mim. Decidi perguntar-lhe. Coloquei-me ao seu lado, sentado no seu quarto, e
perguntei:
- “Gaspard, o que esperas de mim?”
Ele não se moveu, não emitiu nenhum som, nem sequer piscou.
Permaneceu impassível. Eu esperei. Esperei quase 2 horas. Ouvia a sua respiração,
olhava para ele, limpei, beijei, rezei por ele, cochilei um pouco… E a
resposta, de repente, pareceu-me óbvia. Ele só quer isto. Ele só quer que eu o
ame. Ele não quer que eu pare de trabalhar, ele não quer que eu o cure, ele não
quer que eu desenvolva planos nebulosos para depois de amanhã. Ele só quer que,
hoje, eu o ame. É só isto. E isto é muito.
Nesta noite, eu quero tirar o meu chapéu a todos os pais de
crianças extraordinárias, para todos os pais que carregam este fardo tão
difícil. Eu tenho a certeza de que os nossos filhos estão orgulhosos de nós.
Muito orgulhosos mesmo! Eu tenho certeza de que, um dia, vamos todos jogar
futebol no céu. E Gaspard será avançado centro. E eu vou ver a sua alegria, a
sua felicidade, cheio, repleto de orgulho!
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Como lidar com o primeiro namoror do filho ou filha |
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Como lidar
com o primeiro namoro do filho ou filha
Mostrar presença e valorizar os sentimentos faz com que a
fase de descobertas do primeiro namoro seja atravessada com mais facilidade e
colabore com o desenvolvimento do adolescente
Eles estão a crescer e de repente você começa a perceber que o
seu filho ou filha está a alimentar um sentimento maior por outra pessoa – e
está a ser correspondido. Talvez a situação possa fazer com que você leve um
susto. Mas num lar onde a afectividade é valorizada desde cedo e sentimentos
são demonstrados, esta questão pode ser mais bem compreendida e atravessada por
todos.
A psicóloga Adriana Potexki explica que hoje, por exemplo, o
período da adolescência é tido entre os 10 e os 25 anos e não há como dizer que
uma criança de 11 anos está preparada para um relacionamento. “O adolescente
mesmo de 13, 14 ou 15 anos não está maduro. E uma pessoa com 25 já se pode entender
que seja suficientemente maduro”, comenta. Cabe ao pai então, compreender o
filho: mais importante que a idade cronológica é entender como está o seu
desenvolvimento.
Para falar sobre relacionamentos com o filho, não é preciso
esperar sinais. Desde bem pequeno, ainda na pré-escola, é importante dar noções
de que gostar de alguém é um sentimento bonito, mas que tem a sua hora e exige
responsabilidades e limites. A criança deve entender que às vezes gostar de um
amiguinho é algo bom e normal, mas que dizer aos 7 ou 8 anos que ele é seu
namorado é perigoso.
“Os pais podem dizer, por exemplo: ‘Que bom que gostas dela.
Esse é um grande sentimento. Mas o que me estás a dizer é um assunto para o
futuro, para quando fordes mais velhos’”, ilustra Adriana. “Quando ela já puder
compreender como são os sentimentos, então podeis conversar”, diz. Mais tarde,
é importante que os pais se demonstrem presentes para qualquer eventualidade,
sem que haja uma invasão na intimidade do adolescente.
Exemplo
A percepção que um filho tem do relacionamento dos pais
contribuirá muito para essa fase de descobertas na sua vida. Um lar onde conversar
sobre relacionamentos é algo comum, por exemplo, dá espaço para que o
adolescente se sinta confortável em falar do que sente. “Ele vai conversar
sobre isso com os pais, que vão perceber quando há alguém por quem ele se
interessa”, explica.
A especialista lembra que a probabilidade de que o
adolescente sinta vergonha de dizer certas coisas, nessa época, é muito grande.
Então cabe aos pais entenderem o momento e organizarem-se para transmitir
confiança aos filhos. “O mais importante é que os pais sejam aqueles em que as
crianças mais confiem”, salienta.
Proibição
Pais que proíbem expressamente o filho, de namorar, podem
estar a cometer um grande erro. “Não se pode fazer isso, porque pode haver um
bloqueio nas emoções de uma pessoa, que está a aprender a amar”, diz Adriana.
Ela ilustra a questão com a história de uma paciente sua que já adulta ainda
estava solteira e não conseguia relacionar-se. Aquela jovem contou que uma das
cenas mais traumáticas da infância foi ver a mãe encontrar um bilhetinho que
ela tinha feito a um amigo por quem estava apaixonada, e tê-la feito “engolir”
o papel. “Esse acto fez com que ela se bloqueasse para o amor”, conta.
Mas então como lidar com um momento como esse, quando você
acha que o seu filho ainda é muito jovem para namorar? Conversar é o melhor a
fazer, segundo Adriana. “Tens a certeza que ides namorar? Não achas muito cedo?
E como é que vocês vêem este namoro?”, são algumas das perguntas recomendadas
pela psicóloga. Dependendo da idade, é possível, segundo ela, que seja somente
um namoro de WhatsApp, de andar de mãos dadas na volta do colégio ou de ir ao
cinema ao sábado à tarde com outros amigos.
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Se eu pudesse dar um só conselho aos meus amigos, seria este |
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Se eu pudesse dar só
um conselho aos meus amigos, seria este
Sim, este conselho pode
TRANSFORMAR a sua vida - para melhor!
Se eu pudesse dar só um
conselho aos meus amigos, seria este: tenham filhos. Pelo menos um. Mas se
possível, tenham 2, 3, 4…
Os irmãos são a nossa ponte
com o passado e o porto seguro para o futuro. Mas tenham filhos.
Os filhos fazem de nós
seres humanos melhores. O que um filho faz por nós nenhuma outra experiência o
faz. Viajar pelo mundo transforma-nos, uma carreira de sucesso é gratificante,
a independência, é delicioso. Ainda assim, nada te modificará de forma tão
permanente como um filho. Esqueça a história de que filhos são gastos.
Os filhos tornam-te uma
pessoa com consumo consciente e económica: passas a comprar roupas numa loja e
não noutra, porque no fim, são só roupas. E os ténis do ano passado, que ainda estão
novinhos e confortáveis, duram 5 anos… Tens outras prioridades e só um par de
pés.
Passas a trabalhar com mais
vontade e dedicação, afinal, existe um pequeno ser totalmente dependente de ti,
e isto faz de ti um profissional com uma garra que nenhuma outra situação te
daria. Os filhos fazem-nos superar todos os limites.
Começas a preocupar-te em
fazer algo pelo mundo. Separar o lixo, trabalho comunitário, produtos que usam
menos plástico… Tu és o exemplo de ser humano do teu filho, e nada pode ser
mais grandioso do que isto.
A tua alimentação passa a
importar. Não dá para tu comeres chocolate com coca-cola e oferecer bananas e
água a ele. Passas a cuidar melhor da tua saúde: comes o resto das frutas do
prato dele, plantas uma horta para ter temperos frescos, etc., etc..
Um filho dá-te uns 25 anos
a mais de longevidade. Passas a acreditar em Deus e aprendes como orar. Na
primeira doença do teu filho, quase como por instinto, dobras os joelhos e pedes
a Deus que olhe por ele. E assim, o teu filho ensina-te sobre fé e gratidão
como nenhum padre/pastor/líder religioso nunca foi capaz.
Confrontas a tua sombra. Um
filho traz à tona o teu pior lado quando ele se deita ao chão e berra no
mercado porque quer um pacote de biscoitos. Tu tens vontade de gritar, de
bater, de ir embora. Ficas agressivo, impaciente e autoritário. E assim descobres
que é só pelo amor e com amor que se educa. Aprendes a respirar fundo, a te
agachar, estender a mão ao teu filho e ver a situação através dos seus pequenos
olhinhos.
Um filho faz-te ser uma
pessoa mais prudente. Tu nunca mais irás dirigir sem cinto, ultrapassar de
forma arriscada ou beber e assumir a direcção, pelo simples facto de que não
podes morrer (tão cedo)… Quem é que criaria e amaria os teus filhos da mesma
forma na tua ausência?! Um filho faz-te mais do que nunca querer e gostar de estar
vivo. Mas, se ainda assim, não achares que estes motivos valem a pena, que seja
pelo indecifrável que os filhos têm.
Tem filhos para sentires o
cheiro dos seus cabelos sempre perfumados, para ter o prazer de pequenos
bracinhos ao redor do teu pescoço, para ouvir o teu nome (que passará a ser
mamã ou papá) ser falado, cantado naquela vozinha estridente.
Tem filhos para receber
aquele sorriso e abraço apertado quando chegares a casa e sentires que és a
pessoa mais importante do mundo inteirinho para aquele pequeno ser.
Tem filhos para ganhar
beijos babados com um hálito que listerine nenhum proporciona.
Tem filhos para vê-los
sorrir contigo e caminharem como o pai, e entende a preciosidade de se ter uma
parte à sua solta pelo mundo.
Tem filhos para re-aprender
a delícia de um banho cheio de espuma, de uma bacia de água no calor, de rolar
com o cãozinho, de comer manga sem se limpar.
Tem filhos. Sabendo
que muito pouco ensinarás.
Tem filhos justamente
porque tu tens muito a aprender.
Tem filhos porque o
mundo precisa que nós sejamos pessoas melhores ainda nesta vida.
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A verdadeira missão de um pai na vida de um filho |
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Qual é a verdadeira missão de um pai na vida de um filho?
Não é só necessário que um pai seja presente; é imperativo
gerar vínculos afectivos sólidos com os filhos
Pai, vive de tal maneira que, quando o teu filho pensar em
lealdade, honestidade, integridade, justiça, respeito, trabalho, fidelidade,
serviço e caridade, a tua imagem venha à mente dele.
Embora a sociedade ocidental dê mais importância à figura
materna, a figura do pai na vida dos filhos é tão importante como a da mãe,
pois ele desempenha um papel único, intransferível, insubstituível e
fundamental no desenvolvimento emocional, psicológico e social dos filhos.
Pai, quando eu crescer quero ser como tu
Os filhos que têm a oportunidade de contar com os pais
emocional e fisicamente presentes no decorrer da vida – em especial nos
momentos mais importantes do seu desenvolvimento – apresentam maior tolerância
à frustração, maior confiança em si mesmos, autocontrole e autoestima elevada.
Mas não é necessário ser apenas um pai presente, é imperativo
gerar vínculos afetivos sólidos com os filhos. Ou seja, ser pai ativo, sempre
pendente às necessidades deles. Algumas vezes satisfarás essas necessidades ou
darás ferramentas para que eles encontrem soluções. Noutros casos, simplesmente
vais consolá-los e dar palmadinhas nas mãos com a seguinte mensagem oculta:
“tudo correrá bem porque estou contigo”. Isto vai garantir segurança aos
pequenos.
O desenvolvimento de uma relação positiva com o pai ajudará o
filho a ser um adulto equânime e seguro. A sensação que lhe dá de poder contar
com um pai que lhe oferece respaldo é simplesmente indescritível.
Todo o filho merece sentir-se desejado e aceite pelo pai –
não somente pela mãe. A aceitação procede da vontade; o desejo, do sentimento.
Se um filho percebe o abandono, o seu desenvolvimento pode sofrer um bloqueio.
E não será tanto por não ter sido desejado, mas por não ter sido aceite. A
aceitação da paternidade e a aceitação da sua pessoa são necessárias e muito
importantes para o saudável desenvolvimento individual e social do indivíduo.
Algumas atitudes de aceitação ou rejeição:
• Tu provocas rejeição quando te transformas num pai
autoritário e tirano. A mensagem que mandas para o filho é que ele não te
perturbe ou que teria sido melhor se não tivesse nascido. Também provocas
rejeição quando te comportas como um pai indulgente, indiferente, o “colega”
dos teus filhos. A mensagem que tu passas é que o pequeno não é a tua
prioridade.
• Também causa rejeição a superproteção (ou quando te
transformas num pai autoritário e perfeccionista). Neste caso, a mensagem que passas ao teu
filho é que ele deve seguir o seu modelo e ser como tu. O filho sente-se com o
amor condicional. Quando há superproteção ou quando passas a ser um pai
narcisista, o filho pensa que não há ninguém como ele. Embora pareça o
contrário, ele desenvolverá uma autoestima frágil.
A palavra convence, mas o exemplo arrasta
Se há algo que os filhos observam nos pais é a forma de
trabalhar. Ou seja, o pai deve ensinar a virtude e o valor humano do trabalho.
Pelo seu modo de trabalhar, um pai pode ser prestigiado ou desprestigiado pelos
filhos, obterá a admiração e respeito dele ou o contrário.
Os filhos são inteligentes e se a imagem que eles têm do trabalho
do pai, a partir das conversas familiares ou da sua atitude diante deles, for
negativa, os feitos na educação serão nocivos.
Também terá efeito negativo o facto de o filho perceber que o
que se diz não coincide com o que se faz. Com a incongruência, perde-se a
autoridade, e sem autoridade dificilmente haverá admiração e respeito.
Para qualquer filho, não há nada mais fortalecedor do que
sentir-se amado e protegido pelo homem que ele mais admira, o seu super-herói.
Este sentimento de proteção vai com ele durante toda a vida.
No caso particular da relação pai/filha, se ela se sentir
abandonada pelo pai, quando for escolher o seu marido, dificilmente saberá
fazê-lo, porque terá a necessidade inconsciente de preencher o vazio que o pai
lhe deixou. Portanto, em vez de buscar um companheiro de vida, em cada homem
que conhecer, ela vai querer encontrar esse pai para a proteger. Isto é muito
perigoso e dificilmente resultará em relações amorosas estáveis.
Por isso, mães, precisamos de deixar os pais exercerem os
seus papéis de esposos e pais. É importante que a mãe dê espaço e não interfira
nesta relação, mesmo que ela ache que “faria melhor do que ele”. O posto de um
pai na vida de um filho ou filha é insubstituível!
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Tenho um filho autista. O que devo fazer? |
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Tenho um
filho autista. O que devo fazer e como agir?
O testemunho de uma mãe que busca superar, todos os dias, as
dificuldades de ter um filho com autismo
Ter um filho especial é dedicar-se ainda mais à tarefa de ser
pai e mãe, pois esta criança exigirá cuidados e uma atenção maior; mais do que
isso, a sensibilidade diante dos seus limites. Diante desta realidade, uma mãe
cujo filho possui Transtorno de Espectro Autista – TEA, buscou recursos médicos
e terapêuticos, como também apoio de outras famílias para compreender o mundo
de uma criança com autismo.
Carla é a mãe do Guilherme Muller Carvalho, de 16 anos,
portador do TEA. Segundo ela, ter um filho autista é enfrentar desafios
diários, mas com a certeza de que é possível fazer com ele tenha uma vida feliz
e produtiva, com respeito e perseverança.
Quando recebeu o diagnóstico de seu filho Guilherme, Carla
sentiu medo no início, mas fez daquele momento um compromisso de buscar, de
todas as formas, uma vida melhor não só para ele, mas para outras famílias que
precisavam de ajuda. Foi nesse momento que surgiu a ‘Associação Casa de
Brincar’, cujo objetivo é dar apoio às crianças, seus familiares e amigos, por
meio de oficinas lúdicas e com uma equipe de profissionais dispostos a
transformar estas vidas.
A história de Carla e Guilherme
Carla Carvalho: Penso que ter um filho com autismo é poder
vivenciar todo o altruísmo possível ao ser humano, porque não há como definir
nem preconizar nada na nossa vida.
Nós temos de olhar para eles e fazer com que as suas
necessidades sejam atendidas, buscando compreendê-los e minimizando as suas
frustrações. Pode parecer muito difícil, mas é possível, sempre trilhando com
esperança, paciência e otimismo. Confesso que, hoje, apesar dos desafios que a
vida me impôs, sou uma pessoa mais feliz e realizada.
- Que desafios e cuidados especiais tem com o Guilherme?
Carla Carvalho: O meu maior desafio é sempre procurar ser a
mãe que o Guilherme precisa, ou seja, sem protegê-lo demais. Acredito que o
desafio para com o Gui, no fundo, acabe por ser o mesmo que tive com os meus
outros filhos, ou seja, permitir que alcancem outros voos, e cada um na sua
própria altitude. Penso que o meu melhor, agora, seja estar na retaguarda,
sendo consolo e segurança, caso eles precisem.
É claro que com os outros filhos a expectativa foi que eles
voassem para longe, na autonomia das suas vidas; mas com o Guilherme eu ainda
não sei, só posso falar do que já vivi. Hoje, ele é um adolescente lindo e
meigo, com 16 anos. Graças a Deus, tem conseguido mostrar-me, sempre, que o meu
respeito, amor, dedicação e aceitação o fazem muito feliz.
- Como foi o processo de alfabetização do Guilherme e a
convivência com outras pessoas?
Carla Carvalho: Eu, como uma mãe mais velha – tive o
Guilherme aos 40 anos, já com 2 filhos jovens –, confesso não ter vivido as
ansiedade das jovens mães em relação ao futuro. Na verdade, vivi uma alegria
inexplicável pelo meu temporão, como também uma dor enorme com o seu
diagnóstico. Mas sempre com muita calma e preocupação, só pedia para que Deus
me mostrasse o que teria de ser feito para ser e fazer o melhor por ele. Não
importava o que poderia ser o melhor para nós, mas sim para ele, e ter a
sensibilidade de ver até onde ele poderia ir naquele momento, saber esperar e
dar novos passos quando possível.
Quando ele tinha quatro anos, montei uma escola para que
fosse feita a inclusão dele, porque, há doze anos, falar em escola inclusiva,
no interior, deixava-me muito insegura. O meu filho tinha um autismo severo,
portanto, não verbal; e logo nos mostrou quanto lhe era difícil ficar numa sala
de aula, mesmo que com pouquíssimas crianças.
Fizemos essa escola, onde ele começou no maternal. No
entanto, quando chegou à alfabetização, ele demonstrava comportamentos nada
adequados, por não conseguir acompanhar as aulas. Apesar de termos tido todos os
cuidados e tê-lo colocado numa sala com oito crianças, ele começou a ter uma desfasagem
muito aparente em relação às outras crianças. O Guilherme começou a ter
comportamentos agressivos na escola, e foi muito sofrido!
Aquilo destruiu-me de uma forma inexplicável! Naquele
momento, tive a sabedoria de retirá-lo da escola e respeitar o momento dele.
Não sei dizer, hoje, o que ele sabe em termos académicos, pois participou em
vários processos. Conhecemos, no entanto, várias histórias de pessoas com
autismo, que, às vezes, na vida adulta, mostram o que aprenderam. Porém, isso
está longe de ser uma regra, e no meu caso posso dizer que o Guilherme me
surpreende cada dia.
- O Guilherme deixou a fase infantil e está a começar a
entrar na adolescência. Como é para si lidar com esta transição da fase de
criança para adolescência?
Carla Carvalho: Na verdade, acho que ele continua na fase
infantil, porque tudo para ele é um pouco mais lento, e a motivação infantil é
algo ainda muito forte nele. A pureza que as crianças autistas trazem, por
causa dessa infância, talvez mais longeva, faz com que sejam muito especiais.
Eu tinha muito medo desse período da adolescência, sofri desnecessariamente por
não viver um dia de cada vez. São as lições que a vida carinhosamente nos
possibilita aprender.
Ele tornou-se um adolescente maravilhoso, amoroso e feliz.
Hoje, demonstra, com clareza, o que quer e gosta, e sempre pronto para as
novidades do mundo, desde que se sinta seguro e respeitado no seu limite.
Acredito mesmo que esse olhar amoroso e cuidadoso o fizeram ter a coragem de
experimentar e lançar-se em novas experiências na sua vida.
- Como é a participação do seu esposo e pai do Guilherme neste
processo?
Carla Carvalho: A rotina do trabalho acaba por deixar o tempo
um pouco escasso, pois, infelizmente, não dá para equilibrar todas as coisas;
assim, o meu marido nunca conseguiu passar muitas horas com o Guilherme nem com
os outros filhos, por causa dessa carga de trabalho. Mas mesmo com a correria do dia a dia,
sinceramente, ele nunca deixou a desejar como pai e homem de bem que é, com a sua
honestidade, comprometimento e bem-estar da família. Com o Guilherme, em
especial, ele é de uma dedicação total em relação a tudo o que pode prover
materialmente e em termos de tratamento.
É graças a ele que tenho condições de fazer tudo pelo nosso
filho! Mas, na verdade, a sua generosidade explodiu na criação da ‘Casa de
Brincar’, uma associação totalmente filantrópica gerenciada por nós, mas
provida pela empresa. Eu diria que ele tem um amor muito peculiar por todos os
filhos, por todos nós e pela nossa família. Ele é um homem de bem, maravilhoso!
Tenho a certeza de que, se ele não nos tivesse dado essa condição, nós não
teríamos chegado aqui com o nosso filho como está hoje.
Tratamento para uma criança autista
- Após o diagnóstico, quais foram os caminhos e especialistas
que procuraram?
Carla Carvalho: A opção de tratamento que fiz, naquele
momento, foi de uma terapia comportamental muito forte, diária e de muitas
horas; era uma forma de ele aprender como se comportar no nosso mundo. Não vou
dizer que isto foi negativo, mas se eu, hoje, tivesse de viver tudo isto de
novo, eu não teria feito desta forma.
Eu não tinha o direito de mostrar para ele como era a forma
certa de se comportar, mas sim as possibilidades para se adequar. No entanto,
às vezes, a gente também erra ou não faz o melhor tentando fazê-lo.
Os profissionais envolvidos neste processo foram
fonoaudiólogos, professores de educação física, neurologistas e homeopatas. Mas
sempre a melhor terapia será o amor e a aceitação.
Projeto ‘Casa de Brincar’
- Como surgiu a iniciativa de criar o projeto ‘Casa de
Brincar’, esse grupo de auxílio aos pais de crianças autistas?
Carla Carvalho: Primeiro, foi feita a Casinha do Lago, uma
escola regular que durou cinco anos. Quando ela fechou, o Guilherme já não
estava na sala de aula há um ano e meio.
Com este projeto da escola, conseguimos beneficiar muitas
pessoas, mas, uma vez que o Guilherme não estava a conseguir acompanhar o ritmo
da escola, tivemos de buscar novos caminhos. Quando a escola estava para
encerrar, nós já tínhamos montado um grupo de apoio para mães e familiares de
crianças com autismo.
Nesse grupo de apoio, reuníamo-nos, cada 15 dias, numa sala
da igreja local. Nesse grupo, fui conhecendo várias outras mães que chegavam
destruídas, perdidas, com um sofrimento sem igual. Aquela troca e o dia a dia
que fui vivenciando com elas foi me mostrando que, na verdade, o que eu
precisava para tentar ajudar a mim e a elas é que tivéssemos um local que nos
acolhesse, porque, nestes meus 16 anos com o Guilherme, talvez umas das coisas
que compreendi, muito claramente, é que os nossos filhos vão espelhar a nossa
realidade.
Se estivermos a passar por um sofrimento e esta tristeza for
por causa deles serem assim, vamos ter crianças tristes e inseguras ou
agressivas, ou seja, eles vão sentir tudo que acontece connosco. Por isso,
temos de nos preparar para essa vivência e transformar a nossa vida, para que
essa transformação possa acontecer também na vida deles. Foi isso que
experimentei na minha vida, ou seja, foi a minha transformação, diante da nova
necessidade de vida, que mudaram a nossa história.
Sempre pedi a Deus para me mostrar como ser a melhor mãe que
o Guilherme precisava ter, e acho que foi essa a grande inspiração que Ele me
deu. Nesses encontros, junto com a equipa que já cuidava do Gui há alguns anos,
outras famílias também tiveram as suas vidas modificadas por causa da
convivência com os iguais. Abro aqui um parêntese para definir toda a equipa
que, hoje, faz parte da nossa família e que cuida de nós com amor e carinho
únicos: são anjos que Deus colocou na nossa vida! Gratidão eterna.
Diante desta realidade, resolvemos fazer um núcleo de apoio.
Confesso que, quando começámos, nós nem sabíamos qual seria o modelo. A única
certeza é que queríamos acolher essas famílias. Se não tivéssemos nada para
oferecer, abraçaríamos essas mães e choraríamos com cada uma, porque, naquele
momento, poderia ser o que precisavam para ter coragem de seguir em frente,
serem fortalecidas para conseguir fazer o melhor pelos seus filhos.
- Hoje, este projeto atende quantas crianças? Como é o
trabalho desenvolvido com os autistas?
Carla Carvalho: O projeto atende, praticamente, 60 famílias.
Ainda temos muitas crianças à espera, porque acabam por aparecer também algumas
famílias da região. Mas 60 é o que nós conseguimos abraçar com o número de
profissionais que temos e em quem confio. Não tenho como abraçar mais, embora
isso me crie muita aflição e dor, porque sei da importância desta teia, que é a
‘Casa de Brincar’, e o que ela proporciona às famílias.
Lá, temos oficinas para as crianças com música, movimento,
natação, integração sensorial e lúdica, mas o objetivo principal da casa é
mostrar aos pais como brincar, como ter prazer e alegria com os seus filhos,
pois é por meio das brincadeiras que podemos chegar a transpor as pontes que o
autismo nos impõe.
Fé
- A fé ajudou-a no processo de diagnóstico do seu filho e na
inspiração para o projeto ‘Casa de Brincar’?
Carla Carvalho: Na verdade, a fé foi a minha única e grande
motivação de continuar a viver, pois nem imaginava todas as dificuldades que
ainda estavam por vir. Ter a noção e a consciência de tudo o que representa este
limite do meu filho é uma forma de tentar fazer com que a vida dele seja a
melhor possível.
De alguma forma, foi um chamamento do céu, que me arrebatou,
pois penso que, se eu não tivesse entregue o meu coração por inteiro e
compreendido que eu nunca estaria sozinha nesta árdua e desconhecida caminhada,
sinceramente, não conseguiria suportar. Foi esta fé que me trouxe a esperança
de um futuro possível.
A fé foi tudo! Foi toda a motivação para seguir a minha vida
e me lembrar que tinha outros filhos, e não achar que tudo tinha acabado. Na
verdade, a fé mostrou-me que aquilo era um recomeço e uma nova forma de viver,
dolorosa e bela, mas teria que ser vivida com alegria.
- Como define o mundo de uma criança autista e o que diria aos
pais de filhos nessa situação?
Carla Carvalho: O mundo e a vida de uma criança com autismo
podem ser muito cruéis, porque, se ela não tiver ao seu redor pessoas que a
façam compreender que toda a dificuldade de compreensão do mundo e das pessoas
podem ser transformadas com paciência, esperança e muito amor, será muito
difícil.
Devemos aprender com os outros pais que o altruísmo é a nossa
palavra de vida, pois, se soubermos viver assim e fizermos disso uma alegria e
um objetivo, acho que conseguiremos transformar a nossa vida e a dos nossos
filhos.
Eles são um espelho dos nossos sentimentos, porque são
sensíveis, perceptíveis e sabem totalmente o que nos faz sofrer. Eles também
sabem que são diferentes e não são aceites pela maioria das pessoas ao seu
redor, e isto é muito triste! Então, quando penso nisto, revisto-me de uma
força tão poderosa, para fazer com que, no espaço que o meu filho esteja, ele
seja muito feliz.
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O filho que eu queria abortar salvou a minha vida |
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O filho que
eu queria abortar salvou a minha vida
Grávida aos 19 anos, ela foi contra os pais e voltou atrás na
decisão de fazer um aborto
Giulia Michelini é uma linda atriz italiana. Embora tenha
começado a sua carreira em 2002, com 17 anos, os italianos conheceram-na melhor
quando ela interpretou o papel de chefe da Máfia numa minissérie da televisão
italiana exibida entre 2009 e 2012. Mas ela tem muito mais do que beleza física
e talento para as artes. Esta atriz tem uma história pessoal cheia de
dificuldade e coragem, que vale a pena contar.
Em 2015, concedeu uma entrevista à revista Vanity Fair,
publicada sob o título: “Um bebé salvou-me”. Esse bebé não era um personagem de
filme, mas o seu próprio filho: Giulio Cosimo Michelini.
Quando tinha 19 anos, a atriz descobriu que estava grávida.
Inicialmente, achou melhor não ter o bebé, e todos os que estavam próximos dela
– incluindo os seus pais – aconselharam-na a fazer um aborto “porque ter uma
criança naquela idade arruinaria a sua vida”.
Giulia marcou uma consulta para combinar o aborto, mas já na
clínica mudou de ideia e decidiu ir embora.
“Eu fui sozinha à
clínica. Uma garota foi chamada para entrar na sala, depois outra, e eu nem sei
o que me fez levantar. Eu só sei que, em certo momento, eu me levantei e fui
embora”, disse à Vanity Fair.
Desistindo do aborto
Felizmente, ela mudou de ideias, e com o coração cheio de
emoções e medo, ligou para a sua mãe de um telefone público.
Na entrevista, ela disse: “Eu estava completamente em pânico.
Depois que eu deixei [a sala de espera], entrei numa cabine telefónica para
ligar para a minha mãe. No telefone tinha um elástico com uma faixa de cabelo
de uma menina pequena … Eu sei, é estúpido, mas ao ver aquilo, eu disse para
mim mesma: está bem assim, estou a fazer o que é certo”.
Medo e coragem
Na época, ela estava a passar por um momento de dificuldade
com o pai do bebé – um jovem oito anos mais velho do que ela, que a levou a
frequentar bairros ruins nos arredores de Roma, longe do mundo em que ela
cresceu. Quando escolheu ter o seu filho, a atriz sabia que o relacionamento
não tinha futuro, mas …
“Eu não acreditava
muito no meu relacionamento com o pai. Na verdade, para ser honesta, eu sabia
que aquilo iria acabar, e que eu ficaria sozinha com o meu filho. Mas era como
se isso me desse um impulso extra”, afirmou.
“Eu acho que ele salvou a minha vida”
A decisão de levar a gravidez adiante tornou-a responsável,
deu-lhe força e coragem, e … salvou a sua vida, como ela conta:
“Eu senti como se essa
decisão definisse a minha pessoa de forma mais clara, isto permitiu-me que eu
me visse, que eu quisesse ser eu mesma. Naquele momento, talvez eu precisasse
de me sentir viva. Naquela idade, não queria uma criança; eu queria
independência, sentir-me livre para correr como um trem … Mas este bebé deu
peso à minha existência – acho que ele salvou a minha vida. Ele afastou a parte
autodestrutiva de mim. Se não fosse ele, é provável que eu me teria perdido.”
A sua família não concordou, mas…
Os pais de Giulia não reagiram positivamente à decisão dela.
Mas também não a impediram de manter a gravidez.
“Na época, era difícil
para mim ir contra a minha família. Foi a primeira grande decisão da minha
vida. Saí de casa e não conversámos durante seis meses. Então, quando eu estava
a começar a mostrar [a barriga], eles aproximaram-se de mim novamente. (…)
Hoje, o meu filho é a menina dos olhos deles. Não sei o que eu faria se ele não
estivesse aqui; e eu não sei o que eu faria sem eles, porque eles [os pais] me
ajudaram muito, muito. Quando eu vou trabalhar, Cosimo fica com os meus pais”,
disse ela à Vanity Fair.
Quando uma mãe em dificuldade não faz um aborto, ela não só
salva o bebé que ela leva no ventre, mas também se salva a si mesma.
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O que fazer quando o ex voltar a aparecer na tua vida? |
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O que fazer
quando o ex voltar a aparecer na sua vida?
É possível lidar com o ex ou precisamos de o afastar da nossa
vida?
Todos nós já experimentámos o resultado da participação de
alguém na nossa vida, especialmente no tempo do namoro. Sabemos que, de uma
maneira ou outra, fomos marcados por algumas pessoas. Apesar de todos os
sentimentos e sensações vividas, sempre que as atitudes e os objectivos comuns
não são alcançados, por razões conhecidas somente pelo casal, resolve-se
interrompê-lo.
Após o rompimento de um namoro, que durou algum tempo, é
muito comum que o (a) ex-namorado (a), insista em novamente querer
restabelecê-lo. Assim sendo, o antigo companheiro parece surgir das “cinzas”
com um amor revigorado pela namorada, tentando convencê-la de que agora será
diferente. Quase que numa atitude desesperada, ele (a) vai literalmente no
encalço da antiga namorada (o), com gestos que talvez, nem no tempo em que
estava com ela e se dizia apaixonado, eram comuns da parte dele. Assim, ele
insiste em falar com a jovem pelo telefone, enviando-lhe mensagens,
mandando-lhe flores, forçando um encontro ao percorrer os mesmos caminhos que
ela costuma fazer, “congestionando” as suas redes sociais. Tudo na tentativa de
a reconquistar pela insistência.
O que fazer? Como agir?
Sem questionar a eficácia ou as táticas de abordagem do (a)
ex-namorado (a), reatar um antigo relacionamento exige muito mais prudência por
parte da pessoa que foi abandonada. Se ainda houver certo carinho pelo “ex”, a
reaproximação dele, com certeza, vai mexer com os sentimentos da jovem. E,
certamente, a razão poderá ficar “anestesiada” com a possibilidade de reviver o
romance.
Reatar um relacionamento, que não teve um desfecho feliz; num
primeiro momento vai exigir uma atenção especial, pois, ninguém o termina sem
motivos. Alguma coisa justificou a atitude daquele que resolveu romper o
compromisso. E antes de reviver o relacionamento de “segunda-mão”, algumas
precauções devem ser consideradas, por exemplo, esclarecer abertamente quais
foram os motivos que ele ou a namorada, tiveram para desistir do namoro; quais
as lições que aprenderam a partir da experiência vivida, considerando-se também
o que poderia ser diferente desta vez. Estes são alguns questionamentos, que
precisam de ser feitos para que se consiga obter uma resposta satisfatória,
além de, conhecer as razões pelas quais ele (ela) voltou a manter contacto.
Porque, muitas vezes, as vantagens, facilidades, intimidades, ou até mesmo o
conforto proporcionado pelo relacionamento vivido, podem ser os motivos que o
(a) levaram a querer retomá-lo, e não o sentimento e o compromisso de querer
construir alguma coisa duradoura.
Precisamos de ter um relacionamento sólido
Um relacionamento no qual as crises, os desentendimentos e,
também, as carências não são plenamente trabalhados e solucionados, facilmente se
pode transformar num eterno “vaivém”, em que um passa a ser apenas instrumento
nas mãos do outro. De modo que o sentido, o objectivo e os propósitos do
relacionamento acabam por se perder.
É claro que aprendemos com os nossos erros, e em algumas
ocasiões, podemos ter tomado atitudes precipitadas e equivocadas. Mas, antes
que o sintoma da “cegueira passional”, tome conta da inteligência e do bom
senso do casal, vale a pena relembrar todos os momentos que foram vividos. E,
se ainda assim, desejarem viver uma segunda chance, é necessário que ambos
demonstrem sinais de maturidade, sobre o que realmente esperam da retomada do
envolvimento, estabelecendo novos objectivos para o que desejam viver de maneira
frutuosa, e diferente do que viveram na primeira experiência.
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Os filhos estão a ser educados com excesso ou falta de amor? |
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Os filhos
estão a ser educados com excesso ou falta de amor?
Quando o assunto é educação, surgem as dúvidas: estamos a
educar os filhos com falta ou excesso de amor?
Diante de um mundo em que predomina o desequilíbrio
económico, que alguns países possuem excesso de riqueza e outros a escassez de
recursos, as pessoas acabam por se acostumar a conviver com essas diferenças;
muitas vezes, deixam de perceber as consequências. Na formação dos filhos,
também, podemos ver excessos ou escassez nos relacionamentos. Por isso,
precisamos de nos perguntar como anda o equilíbrio da afectividade nas
famílias, sejam elas carentes ou não, e que consequências têm sido colhidas na
vida adulta.
É claro que, como mantedores das necessidades emocionais e físicas
dos filhos, as acções dos pais impactam fortemente na constituição da psique
dos filhos. No entanto, a falta de tempo e o excesso de culpa têm permeado
muitas relações e trazido muitos sofrimentos. Por isso, é momento de estar mais
presente e não assumir a responsabilidade das decisões que são tomadas pelos
filhos e que não pertencem aos pais.
Equilíbrio na dose de afecto
As mães, no papel maternal, geralmente propiciam vínculos afectivos
e amor incondicional pelos seus filhos, e mesmo não concordando com atitudes
deles, não os abandona, nem se rendem ao impossível. Entretanto, a escassez de
tempo, a necessidade de vencer no mundo profissional e a opção de deixar outra
pessoa em seu lugar, pode levá-las a um vazio. Ao contrário, uma mãe que não
trabalha, não tem projetos, pode passar um tempo em excesso com as crianças,
levando-as [as mães] a considerar a maternidade um peso. Depois, por serem
responsáveis pela felicidade da mãe, muitos filhos adultos apresentam uma conta
afectiva alta, que os impede de seguir a vida. O equilíbrio na dose de afecto
maternal vai definir quem os filhos serão emocionalmente.
Outro ponto importante é o relacionamento do casal, pois, é a
mãe quem abre espaço para a relação entre pai e filho. Muitas vezes, as esposas
competem pelo amor do filho, atrapalhando a criação de vínculos que vão
organizar a afectividade deles com os pais. É importante que, o casal invista
na vida a dois e, também, no convívio com os filhos. São amores diferentes,
que, bem equilibrados, se completam. Filhos são importantes, entretanto, não
são a única prioridade do casal.
Os pais, no papel masculino, contribuem com o cumprimento da
lei, fazem o corte entre mãe e filho, permitindo que esse se enxergue como
indivíduo. Quando chega o tempo de o filho buscar novos horizontes, faz o
convite para sair do ninho em busca da liberdade, a qual traz responsabilidades
e direitos. As escolhas fazem parte do processo de amadurecimento. Alguns pais,
excedem nas leis e, gastam pouco tempo na convivência que ajudaria nessa
aprendizagem, ou, por insegurança, dificultam a saída de casa, criando filhos
dependentes e frágeis.
Independentemente da maneira, é preciso demonstrar afecto
É lógico que, as crianças não restringem as relações apenas
aos pais. À medida que crescem, expandem o convívio social, mas, na primeira
infância, as referências que marcam a existência das pessoas, provêm do
ambiente familiar. A demonstração de afecto varia de pessoa para pessoa, sendo
pais ou filhos. Alguns capricham no carinho, outros investem na educação ou têm
um senso prático de solucionar problemas, não importa a forma, mas a criança
precisa de se sentir amada e valorizada para poder amar e valorizar o outro.
Isto leva-nos a uma reflexão: o relacionamento com os filhos
tem sido permeado pela escassez ou abundância? Ou, então, encontrou o
equilíbrio que, possivelmente, formará adultos mais saudáveis e comprometidos
com o equilíbrio do mundo.
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Como lidar com a pressão social por estar solteiro |
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Como lidar
com a pressão social por estar solteiro
Por que sofro por estar solteiro?
Por que é que algumas pessoas sofrem mais que outras por
estar solteiras? A angústia do estado de solteiro, principalmente entre as
mulheres, tem aumentado cada vez mais, sobretudo para as pessoas que estão
entre os 30 anos. A potencialização deste sofrimento, depois dos 30, acontece
pelo facto de a pessoa se sentir frustrada nos seus projetos.
É natural e faz parte do desenvolvimento humano este
projetar, planear e sonhar. No entanto, quando a pessoa chega a esta fase da
vida adulta média, que contempla entre 30 a 40 anos, pode ver-se de uma forma
mais definitiva o curso da sua vida. Percebe-se já não estar no início da vida
nem no fim, mas que o processo de estabilidade foi iniciado. Quando uma das
dimensões da vida, neste caso a afetiva, tem uma lacuna, uma ausência, pode gerar
um sofrimento maior. Tudo isto já acontece de forma natural.
Pressão social
Junto a isto, existe uma pressão imposta pela sociedade,
especialmente por aqueles que estão próximos. A família começa a dizer
piadinhas, os amigos começam a namorar e, por vezes, casam-se. Todos, então,
perguntam: “Tu não namoras?”, “Ah! Mas és muito exigente! Desse jeito, não vais
namorar ninguém!” Ou até mesmo: “Coitada (o)! Está até hoje sozinha(o)?” E aí,
aqueles que sofrem por estar solteiros têm vontade de abrir um buraco e entrar
nele.
Para saber lidar bem com esta pressão que a sociedade impõe,
é preciso, antes, compreender por que sofre, entender por que, quando ouve
determinadas coisas, isto lhe causa tanto desconforto, pois sofrer pelo estado
de vida em que se encontra não é algo geral. Há jovens, adultos e idosos
solteiros que são felizes por estarem solteiros. A questão é individual, parte
da experiência e vivência de cada um.
Conhecer-se é essencial
A nossa mente funciona como um grande arquivo, o qual, a todo
momento, é acessado a partir de palavras que escutamos, situações que vivemos
ou aquilo que vemos. Todas estas experiências funcionam como gatilhos, que
trazem à tona um arquivo já escondido. Então, quando temos um arquivo na
dimensão afetiva, que nos faz acreditar que somos ruins, que nunca vamos
encontrar alguém, que vamos morrer solteiros, que ninguém nos ama, que sou
indesejável, imperfeito, que vamos ficar sozinhos para sempre, a sociedade pressiona-nos
a dar uma resposta. Isto dispara o gatilho em direção a algo que gera
sofrimento, por não acreditarmos que, um dia, conseguiremos encontrar alguém
para ser nosso companheiro.
Aciono, então, todo o tipo de emoção desconfortável que possa
ser vivida, como a ansiedade, a tristeza, angústia, desesperança, medo, solidão
e desespero. Sentimentos que podem ter o poder de paralisar a vida de uma
pessoa, pois ela começa a acreditar que ficará solteira para sempre! Pois como
são consequência de um pensamento ruim, aumentam esse pensamento, dando peso a
essa emoção. O primeiro ponto é: Por que sofro por estar solteiro? Que verdade
existe dentro da minha cabeça sobre este assunto que me assusta tanto?
Quando sabes o que te causa sofrimento, é mais fácil
enfrentar a pressão da sociedade, pois o sofrimento está em acreditar que, um
dia, não darás essa resposta à sociedade, a qual, no fundo, querias dar. O
solteiro está solteiro e não é solteiro; ele é uma pessoa antes de definir o seu
estado de vida, seja solteiro, casado ou celibatário. Encontre-se com a sua
verdade, assuma-a e o sofrimento diminuirá!
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Já não amo o meu cônjuge. E agora? |
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Já não amo o
meu cônjuge. E agora?
Não há nenhum sentimento positivo entre mim e o meu cônjuge
Parece que foi ontem o dia do casamento, mas os anos passaram
e não existe mais nenhum sentimento positivo. Olho para o meu cônjuge e não
sinto nada, apenas um desejo de ficar longe dele. “Não o admiro, ele é cheio de
defeitos! Não sinto nem mesmo atracção. Chego a não querer ter relações
sexuais, não quero ficar próximo. Acho que não o amo mais!”
Estas expressões são bastante comuns na clínica e no dia a
dia de quem atende ou escuta os casais. Entretanto, o que, na realidade, pode
estar a acontecer? O que significa esta expressão comum dos casais: “eu não amo
mais?” O que pode fazer com que as pessoas sintam este esfriamento emocional e
esta distância do outro? Há saída?
Quando o casal vivencia conflitos e tensões no dia a dia, estas
situações marcam-nos de alguma forma e, geralmente, de maneira negativa. A
partir desses conflitos diários, identificamos duas produções: os conceitos
negativos e a mágoa.
Conceitos negativos
Os conceitos negativos sobre o cônjuge são formados no dia a
dia, diante das diversas situações como excesso de cobranças, volume e tom de
voz, palavras duras e grosseiras, agressividades, silêncios, falta de
colaboração, dificuldade de partilha financeira, entre outras dificuldades do
relacionamento a dois. Tais situações provavelmente constroem uma visão
negativa sobre o outro, não permitem ver mais os atributos e características
positivas que, um dia, os fizeram amar-se e admirarem um ao outro. Então, por
meio destas vivências desajustadas, podemos perceber que entra em cena um
sentimento muito pouco reconhecido, normalmente escondido por nós mesmos: a
mágoa.
A mágoa é um sentimento que nos afecta, quando interpretamos
que alguém nos ofendeu, agrediu, foi injusto ou diminuiu o nosso valor,
provocando como consequência o afastamento progressivo dessa pessoa. Portanto,
o que nos leva a uma sensação de falta de amor é, na verdade, a mudança de
conceitos que aos poucos vamos introduzindo em nós diante dos conflitos diários
e a mágoa que surge a partir das vivências negativas advindas dos conflitos e
tensões que o casal vive.
Temos identificado que existem “estágios” da mágoa. Existe um
estágio inicial no qual a pessoa apresenta um sentimento negativo, mas ainda há
admiração pelo cônjuge. Posteriormente, a pessoa vivencia um período no qual a
mágoa o leva a sentimentos mais intensos de ira e a necessidade de um
distanciamento cada vez maior, logo a seguir o último estágio, no qual a pessoa
não vê mais nada de positivo no cônjuge, ela o vê como mau, como alguém
impossível de conviver e, mais ainda, inicia-se um processo de desejar o mal,
falar mal dessa pessoa e até a vingança.
Que saída?
É preciso buscar o remédio para a mágoa, que se chama perdão.
Ele é um acto de amor e misericórdia. Segundo Griffa e Moreno, no livro “As
chaves para a psicologia do desenvolvimento”, os estágios do desenvolvimento da
noção do perdão são as últimas aquisições no desenvolvimento da personalidade.
O perdão, como máxima expressão do amor, é indicador do auge do desenvolvimento
moral. O perdão é uma atitude madura da personalidade e deve ser vivido
diariamente. É justamente esta atitude que fará com que se diminuam os
sentimentos negativos, as atitudes de distanciamento e, ao mesmo tempo, poderá
diminuir ainda tantos conceitos ruins que criamos a partir das nossas vivências
no relacionamento a dois.
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Como preparar o filho para lidar com a frustração |
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Como preparar
o filho para lidar com a frustração
A “escola da vida” é uma excelente academia para treinar e
lidar com a frustração
Num mundo de opções tão variadas é possível preparar, os
filhos, para conviver com esta diversidade? É possível dizer “não” àquilo que
não é bom para eles, e ensiná-los a conviver com as frustrações? Para responder a estas perguntas precisamos,
primeiro, de entender o que é frustração. É um estado que vivenciamos quando
algo nos impede de realizar o nosso objecto de prazer. Na vida, sabemos que
existem várias barreiras limitadoras – sociais, psicológicas, físicas ou
espirituais – e, é bom que assim seja, pois elas impedem-nos de termos comportamentos
nocivos para nós e para os outros. Mas a forma de lidar com isto gera
satisfação ou insatisfação.
Durante toda a nossa vida, vivemos realidades permeadas de
expectativas não atendidas, tais como a falta de pessoas e de sentimentos, que,
gostaríamos que elas as tivessem ou não para connosco. Estes sentimentos podem
despertar em nós emoções de raiva ou tristeza, que acabam por se transformar em
ira ou depressão, levando os nossos filhos a pequenos ou grandes sofrimentos.
A frustração pode atacar principalmente a autoestima dos
nossos filhos e levá-los a fazerem escolhas erradas, tais como drogas ou
relacionamentos complicados.
Como fazer para que as crianças aprendam a conviver e a
trabalhar estas frustrações inevitáveis? Este é um grande dilema vivenciado
diariamente por muitos pais.
A escola da vida é uma excelente academia para treinarmos
desde pequenos e, colocarmos limites nos possibilita criar condicionamentos
mentais, que nos vão propiciando amadurecimento e condições para lidarmos com
frustrações maiores. Poder trabalhar, preventivamente, é um ponto importante
para quem tem filhos pequenos.
Neste ponto, temos vivido uma realidade preocupante. Como a
vida profissional dos pais exige que, estes fiquem muito tempo fora, eles
acabam por atendendo os desejos dos filhos (não deveriam) para acalmar o
sentimento de culpa que sentem por causa da ausência.
Superar a frustração
A grande maioria dos pais, quando perguntados sobre o que
mais querem para os filhos, provavelmente responderão: que sejam felizes. Para
isso, esforçam-se por oferecer às crianças as melhores condições, mas, muitas
vezes, perdem a oportunidade de ensinar a simplicidade da felicidade. Temos de
entender que, dentro de cada um de nós, existe uma pessoa fraca e uma, forte. A
pergunta que temos de nos fazer é: qual estamos a alimentar mais nos nossos
filhos? Ensiná-los a lidar com as emoções e os sentimentos faz parte do nosso papel
de educador, a fim de que possam superar as frustrações que enfrentarão por
toda a vida.
Devemos começar por criar condições principalmente no
desenvolvimento do quociente intelectual, mas esquecemo-nos do quociente
emocional e espiritual, que é a nossa capacidade de lidar com as emoções,
diante dos desafios diários da vida. A capacidade de transcender, abrir mãos de
necessidades atendidas no presente para uma vida futura melhor.
Educação de filhos
O nosso papel é trabalhar as competências dos nossos filhos, os
seus conhecimentos, as suas habilidades e, principalmente, as suas atitudes aos
valores e às crenças que inculcamos neles a partir da forma como vemos o mundo.
A escola pode ser parceira, mas os pais não podem terceirizar uma função que é
inerente à sua vocação. E a vocação dos pais católicos é serem os primeiros
educadores e catequistas de seus filhos.
O que podemos, então, fazer como pais para ajudar os filhos
desde pequenos? Primeiro, buscar o autoconhecimento, pois quem se conhece tem
mais possibilidade de se aceitar com foco na construção da autoconfiança.
Pessoas que, reconhecem as suas qualidades e defeitos, têm mais facilidade para
trabalhar comportamentos inadequados, sem se sentir uma pessoa inadequada. Isto
permite que, ela tenha coragem de mudar quando for preciso, e aceitar o que ela
não pode mudar.
Caminho para ajudar a lidar com a frustração
Trabalhar a paciência para que, eles aprendam a esperar,
fazendo com que a frustração seja menos dolorida. O diálogo é fundamental para
a criança aprender a partilhar os seus sentimentos, que, quando falados, podem
ser melhor trabalhados. Aprender a ser persistente, pois, pouca coisa nós
conseguimos sem que tenhamos de batalhar por elas. A vida não é o que a
televisão vende, mas algo conquistado passo a passo. Como diz São Paulo,
precisamos de combater o bom combate. Ter a capacidade de mudar de estado, de
acordo com algumas situações, controlar impulsos e aceitar as adversidades e as
alegrias como parte da vida, porque o mundo não se restringe ao nosso umbigo,
mas a uma coletividade.
Porém, nada disso é possível sem que os pais se lembrem de
que, o comportamento dos filhos é modelado pelos seus exemplos, portanto,
precisam de ser os primeiros a reconhecer os seus próprios sentimentos e lidar
com as suas frustrações diante da realidade da vida.
Lembrem-se: os nossos filhos são como folhas em branco, nas
quais podemos escrever nossas frustrações; os nossos medos ou contribuir para aprender
a lidar com as decepções e superá-las, assim como numa academia, temos de
começar com exercícios leves até chegar aos mais exigentes, ou seja, ajudá-los
a serem adultos maduros e felizes.
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Como lidar com a saudade de um filho que está longe |
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Como lidar
com a saudade dos filhos que estão longe
Aprenda a lidar com a saudade que sente dos filhos
Saudade, sentimento tão falado e cantado em prosa e verso,
que vai nascendo devagarinho no coração daqueles que amam.
Sinto saudade de muitas coisas, situações e pessoas. Hoje, no
entanto, vou contar-lhes a minha vivência em relação à saudade de uma filha que
saiu de casa para estudar.
Neste momento, passam-se flashs de situações que vivemos
juntas: a gravidez tranquila, o nascimento, dor que explode em alegria, a
ansiedade da mãe desajeitada dos primeiros meses, os primeiros passos, as
crises de bronquite, o primeiro dia na maternidade, o nascimento da irmã, as
mudanças de casa e de cidade, as brigas com a irmã, o seu carinho com os pais e
avós, a primeira menstruação, as festas com os amigos, o primeiro namorado, a
orientação vocacional, a espera do resultado, o “enfim passei”, a arrumação das
coisas, o dia da partida.
Deixar ir faz parte da vida
Como bons pais, fomos levá-la e deixámos milhares de
recomendações. Já ao entrar no carro, para voltar para casa, olhei para trás e…
onde está ela? Pensei: tudo bem, é só por um tempo. A viagem foi calada, só
interrompida rezar para Deus não nos desamparar neste momento, para a proteger,
e todas aquelas orações que os pais que amam sabem fazer.
Cheguei a casa e o mesmo ritmo de vida continuou, isto é, uma
correria. Mas, em alguns momentos, passando pelo seu quarto, vendo uma peça de
roupa sua, a falta na mesa para o almoço, encontrando-me com as suas colegas, a
lembrança vinha tão forte, que parecia como um soco no estômago. Eu pensava:
“Como estará ela? Será que comeu? Terá dormido bem? Não estará doente? E a
rinite alérgica? Estará a gostar do curso, da casa, das colegas?”
Preocupação é diferente de saudade
Nas conversas pelo telefone, tudo era respondido, mas, dentro
de mim, ficava uma tristeza tão grande depois que desligava o telefone; então,
compreendi que era saudade, e que precisava de diferenciá-la das preocupações.
A preocupação sempre existiu e sempre vai existir, e só é aliviada quando se
tem confiança em Deus. A saudade, no entanto, deixa um buraco no coração; é
como se algo faltasse e nada nem ninguém diferente dessa pessoa pudesse
preencher. O lugar dela está ali e é só ela quem cabe naquele espaço.
Compreender isto, ajudou a lidar com a saudade, pois entendi
que quem ama sofre muito mais de saudade, mas o amor que sente é maior que
tudo, maior que a dor da separação e até maior que a morte. Então, se sofro por
amor, este próprio amor preenche o espaço deixado pela falta.
Muitas vezes, eu questiono-me: “Porque deixei que ela
fosse?”; então, penso que esta era a decisão certa, pois eu não poderia prender
aquela que criei para ser livre, para realizar a missão a ela destinada, para
ser aquilo que deve ser.
Os anos passaram, e hoje faço um balanço: sou mais mãe, ela é
mais filha, estamos mais maduras, aprendemos uma com a outra e Deus está a
realizar uma oração que faço todos os dias pelas minhas filhas: Senhor, Deus
todo poderoso, que elas sejam felizes!
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Como elogiar o seu filho de modo correcto |
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Como elogiar o
seu filho de modo correcto
Elogiar a inteligência ou o esforço de uma criança?
O segredo da maioria das coisas é a forma como elas são
administradas. A falta ou o excesso de elogios pode ser prejudicial em muitas
situações.
Elogiar a inteligência ou o esforço de uma criança? Esta é
uma questão que certamente gera dúvida.
Quando elogiamos a inteligência de um filho, não damos
margem, por exemplo, a um erro ou a uma nota baixa. Quando elogiamos o seu
esforço, damos estímulo para que ele se possa esforçar outras vezes.
Elogios excessivos acabam por ser vazios e não ajudam no
desenvolvimento saudável dos filhos, porque acabamos por colaborar para um
estilo quase infalível e muito vaidoso de uma criança. O elogio excessivo pode,
até mesmo, colaborar para que uma criança não aceite uma correcção quando
necessário. Ou seja, quando estiver errada, certamente terá dificuldade de ser
orientada nas suas atitudes.
Quando uma criança é elogiada demais, sente-se muito melhor
que os outros e pode, em muitos casos, crescer na sua presunção e arrogância.
Preferencialmente, os elogios devem estar assentes em factos,
em comportamentos ou atitudes. O elogio do tipo “como tu és lindo, meu filho!”,
ou “que maravilha de menina!” estão assentes nas impressões de um adulto, mas
não colaboram especialmente em alguma atitude diferenciada na criança.
Que elogios, então, podem ajudar uma criança a ter uma
atitude saudável? Por exemplo: “Filho, que bom teres ajudado o teu colega de
escola!”, “Parabéns pelo teu esforço no estudo e pelas notas que tiraste!”, “É
muito normal teres partilhado os teus brinquedos com o teu amigo. Dividir é
muito importante!”, “Que bom porque me ajudaste, gosto muito quando fazes
assim!”
Estes elogios são baseados em coisas reais, em coisas que o seu
filho realmente fez e não em impressões vazias, que contribuem para que ele
possa repetir os comportamentos positivos.
Tudo o que é excesso não faz bem
Fazer uma criança amada não é estar sempre a dizer-lhe: “eu amo-te”, “como tu és lindo” ou coisas deste
tipo.
A medida é importante, já o excesso não faz bem. Quando uma
criança passa a frequentar outros ambientes como escola, igreja ou natação, nem
sempre será elogiada na mesma quantidade que os pais fazem, e isto pode gerar
nela grande decepção e frustração, inclusive na fase adulta, quando tiver de
lidar com a falta de elogios e recompensas no trabalho, o que pode ser
altamente desmotivador e frustrante para ela.
Procure dar atenção não apenas às qualidades, mas às atitudes
da criança, pois são perceptíveis e envolvem a acção e o empenho dela em algo.
Também o cuidado de não desejar que ela seja o que não fomos, é importante.
Muitas vezes, o elogio é dado no sentido de que o seu filho sempre supere,
sempre seja o melhor, sempre seja mais. Daí, novamente, a medida é importante e
a intensidade também, para que o positivo seja um facto desmotivador para ele.
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O Papa alerta para três perigos nas famílias |
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O Papa alerta para três perigos nas famílias
Três alertas que nos são apresentados na Amoris Laetitia,
sobre os perigos nas famílias.
Individualismo
O individualismo exagerado desvirtua os laços familiares e
acaba por considerar cada membro da família como uma ilha, fazendo prevalecer,
em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os seus próprios
desejos assumidos com carácter absoluto.
As tensões causadas por uma cultura individualista exagerada
da posse e fruição geram, no seio das famílias, dinâmicas de impaciência e
agressividade.
Independência
A liberdade de escolher permite projectar a própria vida e
cultivar o melhor de si mesmo, mas, se não houver objectivos nobres e
disciplina pessoal, degenera numa incapacidade de se dar generosamente.
Se estes riscos se transpõem para o modo de compreender a
família, esta pode transformar-se num lugar de passagem, onde uma pessoa vai
quando parecer conveniente para si mesma ou para reclamar direitos, enquanto os
vínculos são deixados à precariedade volúvel dos desejos e das circunstâncias.
Amor provisório
Refiro-me à rapidez com que as pessoas passam duma relação
afectiva para outra. Crêem que o amor, como acontece nas redes sociais, se possa
conectar ou desconectar ao gosto do consumidor, inclusive bloquear rapidamente.
Penso também no medo que desperta a perspectiva de um
compromisso permanente, na obsessão pelo tempo livre, nas relações que medem
custos e benefícios e mantêm-se apenas se forem um meio para remediar a
solidão, ter protecção ou receber algum serviço.
Faz impressão ver que as rupturas ocorrem, frequentemente,
entre adultos já de meia-idade, que buscam uma espécie de «autonomia» e
rejeitam o ideal de envelhecer juntos cuidando-se e apoiando-se.
Correndo o risco de simplificar, poderemos dizer que vivemos
numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque nos privam
de possibilidades para o futuro.
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Como deve ser a espiritualidade da família |
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Como deve ser
a espiritualidade da família?
A espiritualidade da família é formada por alegria, festa,
sexualidade, descanso e sofrimentos
Muitos casais, acostumados a uma participação activa na
comunidade e a um ritmo na vida de oração, sentem-se um pouco confusos, se
estão a crescer na sua espiritualidade. É que o matrimónio, a chegada ou não
dos filhos e tantos acontecimentos que influenciam na família, acabam por
causar consequências no dia a dia. É aí que surgem dúvidas. Algumas pessoas
acham que a família é empecilho para uma vida no Espírito.
Na verdade, é o contrário, a vida em família “é um percurso
de que o Senhor Se serve para levá-la às alturas da união mística”, conforme
ensina o Papa Francisco na Exortação Pós-sinodal Amoris Laetitia.
Espiritualidade feita de gestos concretos
“A espiritualidade do
amor familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos. Deus tem a sua
própria habitação na variedade de dons e encontros que fazem maturar a
comunhão”, avisa o Papa. O dinamismo das relações favorece características
fundamentais desta espiritualidade específica. A intimidade do amor conjugal dá
glória a Deus.
“O Senhor habita na família real e concreta, com todos os
seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. Quando se vive em
família, é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara. Se o amor
anima a autenticidade, o Senhor reina nela com a sua alegria e paz”,
acrescenta. O Papa explica que a família vive a sua espiritualidade própria,
sendo uma igreja doméstica e uma célula viva para transformar o mundo.
Vida no Espírito
Pessoas que “têm desejos espirituais profundos não devem
sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito”. A graça
divina é alcançada, pouco a pouco, por meio da vida matrimonial. Dificuldades e
sofrimentos oferecidos por amor permitem-nos participar no mistério da cruz de
Cristo. Momentos de alegria, descanso, festa, sexualidade são sentidos como uma
participação na vida plena da sua Ressurreição.
Gestos quotidianos moldam a família em espaço teologal,
possibilitando experimentar a presença mística do Senhor ressuscitado. A
espiritualidade matrimonial advém do vínculo habitado pelo amor divino.
Dedicação que une humano e divino, porque está cheia do amor de Deus.
Oração em família
Meio privilegiado para expressar e reforçar a fé pascal é a
oração em família. O Papa Francisco indica “alguns minutos, cada dia, para
estar unido na presença do Senhor vivo”. Nesses momentos, é possível dizer a
Deus o que nos preocupa, rezar pelas necessidades familiares, orar por alguém
necessitado, pedir ajuda para amar, agradecer pela vida e as coisas boas,
suplicar a protecção de Nossa Senhora.
“Com palavras simples, o momento de oração pode fazer muito
bem à família. As várias expressões da piedade popular são um tesouro de
espiritualidade para muitas famílias. O caminho comunitário de oração atinge o
seu ponto culminante ao participarem juntos na Eucaristia, sobretudo no
contexto do descanso dominical. Jesus bate à porta da família para partilhar
com ela a Ceia Eucarística”, diz Amoris Laetitia.
Amor por toda vida
“Quem não se decide a amar para sempre é difícil que possa
amar deveras um só dia”, afirma o Papa Francisco. “É uma pertença do coração,
lá onde só Deus vê. Cada manhã, quando se levanta, o cônjuge renova diante de
Deus a decisão de fidelidade, suceda o que se suceder ao longo do dia”,
completa o Santo Padre.
Família não é realidade perfeita
Na busca pelo crescimento, consola-nos a afirmação do Papa
Francisco de que “nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma
vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de
amar”. Esta consciência impede-nos de julgar os nossos vizinhos com dureza e permite-nos
avaliar o percurso da nossa família “para deixar de pretender das relações
interpessoais uma perfeição, uma pureza de intenções e uma coerência que só
poderemos encontrar no Reino definitivo”.
Que queres que te faça?
Fica aqui um exercício especialmente para os casais. Imitando
a atitude de Jesus, que se põe diante do cego Bartimeu com toda a disponibilidade:
“Que queres que te faça?” (Mc 10, 51), põe-te diante do teu cônjuge e pergunta:
“Que queres que te faça?” Quando uma pessoa se entrega gratuitamente, é
consequência estar diante do outro e esquecer-se de tudo o que existe em redor.
Por isso vais ver a ternura florescer, suscitarás em todos a alegria de te
sentires amado.
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Amor é laço e não nó |
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Amor é laço e
não nó
O teu relacionamento é "laço" ou é "nó"?
Nó em cima de nó fica emaranhado – e quem consegue desatar
depois? Amor precisa de duas mãos para enlaçar, sem apertar – apenas envolver
com cuidado e confiança deixando o outro à vontade, livre e abraçado num
sentimento leve, sem se sentir sufocado.
É mais favorável um relacionamento laço, baseado na parceira,
envolvimento, confiança e liberdade do que aqueles “enozados”, nos quais não há
individualidade, mas uma confusão mental e sentimental sem início e fim.
Liberdade é uma palavra que deve estar presente, ainda mais
num relacionamento. Não confundir relação com prisão e viver a vida do outro,
pois é valioso manter o teu ir e vir, as tuas companhias, a tua vida em
paralelo com a do parceiro. Ninguém pertence a ninguém. Casal é soma, não
subtração.
Uma jovem dizendo que não namora porque ama a sua liberdade.
Ora, se relacionamento é usurpar a liberdade, então fiquemos solteiros para
sempre! Ninguém quer perder os seus movimentos porque prefere alguém na vida.
Respeitar o espaço do outro, deixar este humano ser, e ter
isso em troca é o segredo da unidade dos casais. Parece até um paradoxo, mas é
assim mesmo que funciona. Do contrário, torna-se uma relação de posse,
dependência, cárcere e de um jogo emocional que anda na contramão do amor.
Não há necessidade de privar o parceiro das suas atividades,
dos seus hobbies e paixões. Casal que se ama e vive bem, se apoia, incentiva e
não limita. É triste ver os casais que só saem juntos, não fazem nada separados,
que vivem de obrigações e permissões. Isto não é parceria, é medo, é dependência
emocional. É preciso bom senso e tolerância.
Dos amores laço que devem viver os relacionamentos. Se
apertar muito, torna-se nó! Conhecer o tamanho da linha, aprender a desatar nós,
quando necessário e como enlaçar faz toda a diferença.
Sempre que escolhemos estar com alguém, esta vontade parte de
uma livre escolha, portanto, é deste princípio que a relação deve ser guiada,
dentro do respeito e cumplicidade. Relação é união e não fusão, e além disso
não há necessidade de se acorrentar almas.
A individualidade é o nosso bem precioso, perder isto é abrir
mão de quem somos. Desta forma não há encontro, não há reconhecimento do ser.
Perde-se a espontaneidade, as paixões e no fim, ficam dois estranhos numa
relação, estranhando-se um ao outro. Respeitar o outro ser humano é
fundamental.
Isto significa amor incondicional. Amar um ser livre, sem
posse, sem dependência; pessoas que estão juntas pelos laços que as unem.
Quanto mais liberdade na relação, mais presos a ela ficamos, por livre e
espontânea vontade.
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Banindo o mal do casamento |
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Banindo o mal do
casamento
O homem que
constrói a sua casa sobre a areia está condenado a vê-la desmoronar com a
chegada da ventania e da tempestade. Infelizmente, os nossos lares deixaram de
ser construídos na rocha: não são construídos em Deus.
O Senhor chama-nos a deixar a mentalidade que o mundo nos tem transmitido, para
sermos reconstrutores desta arca da salvação, que é a família, em bases
sólidas. Não mais construídas na areia, no egoísmo, mas reconstruídas no amor,
em Deus. Isso significa doação, entrega, dor...
Não há acto de amor mais lindo do que gerar, mesmo quando isso nos faz sofrer. O
amor é doloroso como um parto!
O Senhor convida-nos a ser construtores da nossa casa e, Ele próprio nos mostra
os meios: a Palavra de Deus, a oração, os Mandamentos divinos, o sofrimento
acolhido com amor, uma casa construída sobre a rocha.
Deus quer salvar-te e toda a sua família. Tu és o Noé que Deus escolheu para
reconstruir a arca, que é a sua casa.
Experiência pastoral na Itália de separados fiéis ao matrimónio
«Quase uma vocação dentro da vocação matrimonial»
Reconstrução da pessoa que vive de forma aguda
o sofrimento do repúdio, o perdão do cônjuge e a renovação do “sim” matrimonial
a Deus». Estas são as etapas do caminho espiritual que um grupo de pessoas
separadas que permanecem fiéis ao vínculo matrimonial percorre na arquidiocese
italiana de Palermo.
A Comissão diocesana para a pastoral da família encarrega-se de dar acompanhamento
a estes fiéis separados -que não
iniciaram outra convivência - que buscam um caminho espiritual que tenha em
conta a fidelidade à indissolubilidade matrimonial e ao sacramento que um dia
receberam.
Trata-se do grupo Santa Maria de Caná, coordenado por Maria Pia Campanella, que
na citada Comissão diocesana organizou no domingo passado uma jornada de
reflexão e de oração - da qual se fez eco o jornal «Avvenire» - que finalizou
com a Eucaristia e a «renovação do sim».
«Ainda que o casal viva separado, a indissolubilidade dá ao cônjuge fiel a
graça necessária para continuar cumprindo a missão do matrimónio: a santificação
do cônjuge e a própria».
Foi um caminho desejado por Maria Pia Campanella, que nos últimos anos viajou
pela Itália e em algumas ocasiões fora do país, para conhecer o que a Igreja
propõe aos separados que não têm intenção de iniciar outro vínculo de casal.
«Estou casada desde 1968 e vivo separada desde 1990 - conta a senhora
Companella, de 62 anos, docente aposentada com três filhos adultos -. Apesar da
grande dor, entendi imediatamente que não tentaria “refazer minha vida”, como
se diz. Contudo, buscava o sentido de meu sofrimento».
«O que verdadeiramente me
sustentou foi a frequência quotidiana na Eucaristia, a Palavra de Deus lida a
cada dia e a oração pessoal que elevava a Deus desde meu coração ferido. A isto acrescentava a leitura dos documentos da Igreja sobre o matrimónio,
tentando compreender que sentido tinha a indissolubilidade na separação
conjugal».
Buscando um itinerário específico, a senhora Campanella percebeu que quase
nunca os grupos de pastoral para os separados se orientavam a quem não se
tivesse voltado a casar, quase nunca oferecem meditações sobre o sacramento do matrimónio.
«Fala-se do tema sempre com incómodo», observa. Daí a eleição, guiada pelo
bispo auxiliar de Palermo, Dom Salvatore Di Cristina, de pôr em andamento um
grupo de cônjuges fiéis ao sacramento do matrimónio.
«O grupo não reúne só para orar, mas tenta valorizar o matrimónio-sacramento e
aprofundar no sentido da indissolubilidade na situação de separação conjugal».
«As etapas do caminho são
a reconstrução da pessoa que vive de forma aguda o sofrimento do repúdio, o
perdão do cônjuge e a renovação do “sim” matrimonial a Deus. A ferida existe,
mas é importante que não se converta em praga ou em gangrena», explica.
«Há que ajudar estas pessoas a introduzi-las na vida comunitária. É
interessante este caminho de espiritualidade, para que quem forma parte dele
possa apoiar-se mutuamente no consolo. É uma comunhão de esperança, quase uma
vocação dentro da vocação matrimonial. É a demonstração de que o sacramento do matrimónio
é duradouro, porque reflecte a fidelidade de Deus, que não se arrepende nunca
do amor que dá».
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Família: Oásis de amor |
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Família: Oásis de amor
Todos
nós precisamos do amor puro uns dos outros. Precisamos do amor dos nossos
Pais...e como é importante a presença, o carinho, a segurança e a firmeza do
pai e da mãe... tudo isso é amor. Amor próprio dos pais, necessário,
imprescindível na nossa formação. Essencial para o nosso crescimento, nosso
equilíbrio afectivo, nossa maturidade.
A família é o nosso hábitat. A família é o ambiente natural, criado por Deus,
para aprendermos a dar e receber amor. É aí que se aprende a amar! É aí que se
aprende a receber amor.
Nós
precisamos de aprender a receber amor. E é no ambiente caloroso de um lar, no
aconchego de uma família, por mais simples e pobre que seja, que aprendemos a
ser amados. Deixe-se amar. Deixe-se ser atingido por gestos de amor, de
bondade, de carinho, de compreensão, de perdão...
É
na família que nos conhecemos, nos descobrimos, nos aproximamos...nos
corrigimos, nos desentendemos e nos perdoamos... Na família nem tudo é cem por
cento...mas nela nos amamos, nos perdoamos, nos reconciliamos. E aí está o
essencial: a família é um oásis de amor!
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Viver em Família |
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Viver em
Família
Coerência de
vida, caminho de santidade.
Reflexão para o Tempo do Natal
José pousou no
banco de carpinteiro o tampo da mesa que estavam a construir e aproveitou a
pequena pausa para esticar um pouco os braços e costas
doridas. Do outro lado, Jesus encaixava uma das pernas com a facilidade que dá a experiência. José olhou para o filho com um íntimo orgulho. Jesus, aos seus dezasseis anos era já um hábil
carpinteiro. O trabalho de entalhe era o preferido dele: unia duas peças de madeira com tal mestria que era difícil descobrir a união sem uma observação muito atenta.
Um pouco mais atrás, o
sobrinho mais velho Tiago, com um ar muito compenetrado, trazia as ferramentas
que estavam a ser precisas e arrumava as que não estavam. No dia seguinte faria doze anos, o que
era uma data importante, e tinha de ser festejada como convinha.
Com o falecimento súbito de
Cléofas, o irmão de José, aparecera em Nazaré a viúva dele, também chamada
Maria, – "a-outra-Maria" começaram-na a
chamar por brincadeira, e tinha ficado como alcunha – e veio com uma escadinha
de seis filhos. Não tendo
mais família próxima, foi procurar ajuda a casa de José, que conseguiu fazer um anexo à pequenina casa, que ocupava com Maria e Jesus,
para poder acomodar a cunhada e os sobrinhos. O trabalho de carpinteiro que
dava sem problemas para três passou a
ter de manter dez bocas.
Ao outro lado do pátio onde
José tinha a
oficina, podia-se ouvir a animada conversa mantida entre a sua esposa Maria e a
outra Maria, que parecia nunca esgotar o tema de conversa. Tinha chegado de
fazer umas compras havia uns momentos e devia trazer notícias frescas da praça. Jesus, sem deixar o trabalho, fazia esforços para conter o riso ao ouvir as frustradas tentativas
da sua mãe para
intervir na conversa.
A irmãzinha de
Tiago saiu de casa com um cesto quase tão grande
como ela com roupa para estender. Tiago acabou de pousar as ferramentas no
lugar devido e correu a
ajudá-la.
As sombras alongavam-se e só faltava
ajustar a última perna
da mesa. José aplicou a
cola, encaixou a perna com cuidado e bateu suavem/ com o martelo na
extremidade. Assim estava terminada a encomenda de mobília feita por um casal que se acabava de instalar em Nazaré. Em breve teriam
um filho – e viriam encomendar o berço, pensou
José, com espírito prático. Como
Jesus não tivera
berço quando
nasceu, José dava
sempre prioridade a esse trabalho.
Maria, a mãe de Jesus,
saiu de casa com outro cesto de roupa. Aproximou-se da oficina e disse: - Temos a comida quase pronta; ide acabando o que
estais a fazer.
O aroma que vinha da cozinha confirmava isso e fazia lembrar aos dois
carpinteiros que levavam umas boas horas de trabalho desde a última refeição
consistente.
- Temos uma porta a roçar no chão, era preciso dar um jeito – acrescentou Maria.
- Deve ser uma dobradiça que cedeu
– respondeu Jesus; olhou de relanço para a
cara fatigada do pai – Eu vou já
ver
isso, immi.
Deu um último
retoque à perna da
mesa. Levantou os olhos para José e disse
- Vamos pôr a mesa de
pé, abbá?
Podia acrescentar, "então
acordei".
Este episódio poderia
ter acontecido na casa de Nazaré onde vivia a Sagrada Família. Não é nenhuma verdade de fé, nem sequer tem preocupação de rigor histórico, mas é um exercício de imaginação na sua
aplicação mais
nobre, que é ver o
rosto humano de Cristo.
O facto é que Deus
escolheu, para entrar na nossa história, o meio
familiar. Durante trinta anos – em noventa por cento da sua vida - Ele viveu no
seio de uma família como
qualquer outra, «Não é Ele o filho
do carpinteiro? Não se chama
sua mãe Maria e
seus irmãos Tiago,
José, Simão e Judas?
Suas irmãs não estão todas entre nós?» (Mt 13,
55-56) diziam estranhados os conterrâneos de
Jesus. É o sinal
claro da simplicidade da sua vida durante aquele tempo todo. Ninguém mais do que Maria e José sabiam que estavam a brincar, falar ou trabalhar
com o Filho eterno de Deus, o Verbo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Vejamos como é sagrada a
família que o
próprio Deus é uma família, e o Amor dentro dessa família é tal que é, Ele próprio uma
Pessoa divina, o Espírito Santo.
«Sede perfeitos
como é perfeito o
vosso Pai celeste.» (Mt, 5, 48) O ser humano não é um indivíduo – O Senhor
Deus disse: «Não ê conveniente que o homem
esteja só...» (Gen 2, 18) - mas uma família (como
Deus). A sociedade moderna prefere tratar com o indivíduo, solitário,
indefeso e nu, fácil de
dominar e manipular, e não com a
envolvente familiar que o defende e lhe dá
referências e valores para defender.
De facto a família é a fundamental referência humana, o verdadeiro valor, porque está fundada na única
realidade absoluta que é o Amor: Deus
é amor, e
quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele (1 Jo4,16).
Mas a família é uma coisa concreta: a minha família, uma minúscula
sociedade – a célula originária da sociedade humana (Compêndio do CIC, 457) – e como
tal, marido e mulher, filhos, e outros parentes que, a constituam têm de "trabalhar para o bem comum", que é a essência de uma
sociedade saudável. Esse bem
comum começa pela própria manutenção da família, ultrapassando as pequenas diferenças e atritos, inevitáveis no convívio
prolongado. Isso começa por
esquecer 1 pouco o n/ "eu", tão pesado às vezes, e procurar fazer felizes os outros.
Como tudo na vida cristã, exige
esforço. Os
filhos não são adjudicados à escola que
faça deles o
que quer que seja, mas a educação é uma responsabilidade grave dos pais, e a educação não é saber o
teorema de Tales ou ler os Lusíadas...
antes fosse, seria muito mais fácil.
A educação religiosa
não é um trabalho de três quartos de hora semanais na Catequese, são os seis dias e vinte e três horas e um quarto durante os quais o filho tem os
pais por referência: «Melhor seria para ele que lhe
atassem ao pescoço uma pedra
de moinho e o lançassem ao mar, do que escandalizar um só destes pequeninos» (Lc 17, 2).
Mesmo nas borrascas da adolescência, os
pais são o porto
de abrigo, se se empenharem um pouco. Não queiramos
ouvir naquele dia: «Porque
foste preguiçoso, porque
foste comodista, porque não tiveste
tempo, porque foste cobarde... pedi-te conselho e tu não me aconselhaste, pedi-te exemplo e tu não mo deste, pedi, mesmo, que me ralhasses com razão… e tu não o
fizeste!».
Coerência de vida:
Somos cristãos vinte e
quatro horas por dia.
Somos cristãos na
empresa onde uma empregada
fica grávida – vou
despedi-la? (o problema é
dela...).
Somos cristãos na vida
política onde
querem aprovar uma lei do
aborto ou do "casamento" homossexual – vou deixar aprovar sem reagir? (não è nada
comigo...).
Sou cristão no meu
ambiente social – vou abdicar de intervir nos conselhos de pais da escola?
(isso é com os
professores...).
Quando estas perguntas surjam, podemos recuar àquela casinha de Nazaré, e imaginar a vida diária que lá
decorreria.
A nossa oração neste
tempo de Natal poderia consistir em pedir à nossa
imaginação que nos
levasse a dar uma volta com a Sagrada Família. Ir às compras com Maria, ajudar a José a terminar uma mobília, ir pedir a Maria para fazer uns bolinhos
daqueles tão bons que
ela sabe fazer para a festa de anos do meu filho, ir com Jesus tirar as medidas
para as traves de uma casa e, por fim, jantar, num descanso merecido, com
Jesus, Maria e José,
contar-lhes as peripécias do meu
dia, rir com eles das anedotas divertidas que sempre acontecem, dizer-lhes,
também, os
momentos menos divertidos, que também os há sempre, porque saberão dar-me umas palavras de consolação.
A seguir, abrirei os olhos e verei a minha família. Sem se deixarem notar, Jesus, Maria e José estão sentados à mesma mesa. Vou ser educado
com eles.
Propósito______________________
Fazer todos os dias um pequeno serviço a cada um dos membros da minha família: por exemplo, arrumar as cadeiras ao
levantar-me da mesa, ajudar a fazer os deveres ao meu irmão pequeno, ter um café quente, ou um refresco (conforme gostar) quando o
marido chega do trabalho, «...quem vos
der a beber um copo de água por
serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa.»... (Mc
33,41)
Oração
_____________João Paulo II
- Ângelus de
28/12/1980.
Oh Deus, de quem procede toda a paternidade no céu e na terra,
Pai, que és Amor e Vida, faz que cada família humana sobre a terra se
converta, por meio de teu Filho, Jesus Cristo, "nascido de Mulher"', e mediante
o Espírito Santo,
fonte de caridade divina, em verdadeiro santuário da vida e do amor para as
gerações que
sempre renovam.
Faz que a tua graça guie os pensamentos e as
obras dos esposos para o bem das suas famílias e de todas as famílias do mundo.
Faz que as jovens gerações
encontrem na família um
forte apoio para a sua humanidade e o seu crescimento na verdade e no
amor.
Faz que o amor reafirmado pela graça do sacramento do matrimónio, se revele mais
forte que qualquer crise, pelas quais, às vezes, passam as nossas famílias.
Faz, finalmente, te pedimos por intercessão da Sagrada Família de Nazaré, que a Igreja em
todas as nações da terra
possa cumprir frutuosamente a sua missão na família e por meio da família. Tu, que és a Vida, a Verdade e o Amor, na unidade
do Filho e do Espírito Santo.
Ámen
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O desafio de viver em família |
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O desafio
de viver em família
(Trecho da Carta de São João Paulo II às famílias -1994)
A família
é realmente uma comunidade de pessoas, para quem o modo próprio de existirem e
viverem juntas é a comunhão: comunhão de pessoas. Também aqui, sempre
ressalvando a absoluta transcendência do Criador relativamente à criatura,
emerge a referência exemplar ao «Nós» divino. Somente as pessoas são capazes de
viver «em comunhão». A família tem início na comunhão conjugal, que o Concílio Vaticano
II classifica como «aliança», na qual o homem e a mulher «mutuamente se dão e
recebem um ao outro» .
Na família assim constituída, manifesta-se uma nova unidade, na qual encontra
pleno cumprimento a relação «de comunhão» dos pais. A experiência ensina que
esse cumprimento representa, no entanto, uma tarefa e um desafio. A tarefa
empenha os cônjuges, na actuação da sua aliança originária.
Os filhos, por eles gerados, deveriam — está aqui o desafio — consolidar
tal aliança, enriquecendo e arraigando a comunhão conjugal do pai e da mãe.
Quando tal não sucede, há que perguntar-se se o egoísmo, que, por causa da
inclinação humana para o mal, se esconde inclusive no amor do homem e da
mulher, não seja mais forte do que este amor
É preciso que os esposos
estejam bem cientes disto.
É necessário que, desde o princípio, eles tenham os
corações e os pensamentos voltados para aquele Deus, «do Qual toda a
paternidade toma o nome», a fim de que a sua paternidade e maternidade tirem
daquela fonte a força de se renovarem continuamente no amor.
Paternidade e maternidade representam em si mesmas uma particular confirmação
do amor, cuja extensão e profundidade original permitem descobrir. Isto,
porém, não acontece automaticamente. É, antes, um dever confiado a ambos: ao
marido e à esposa. Nas suas vidas, a paternidade e a maternidade constituem uma
«novidade» e uma riqueza tão sublime que apenas «de joelhos» é possível
abeirar-se delas.
A experiência ensina que o amor humano, por sua natureza orientado para a
paternidade e a maternidade, é às vezes afectado por uma profunda crise,
que o deixa seriamente ameaçado. Há que tomar em consideração, nesses casos, o
recurso aos serviços oferecidos pelos consultórios matrimoniais e familiares,
mediante os quais é possível valer-se, entre outras coisas, da ajuda de
psicólogos e psicoterapeutas especificamente preparados.
Não se pode esquecer,
todavia, que continuam sempre válidas as palavras do Apóstolo: «Dobro os
joelhos diante do Pai, do Qual toda a paternidade, nos Céus como na Terra, toma
o nome». O matrimónio, o matrimónio sacramento, é uma aliança de pessoas no
amor.
E o amor pode ser aprofundado e guardado apenas pelo Amor, o Amor que é
«derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi concedido» (Rom
5, 5).
A oração no Ano da Família não deveria concentrar-se sobre o ponto
crucial e decisivo da passagem do amor conjugal à geração e, por isso, à
paternidade e maternidade? Não é precisamente então que se torna indispensável a
«efusão da graça do Espírito Santo», invocada na celebração litúrgica do
sacramento do matrimónio? O Apóstolo, dobrando os joelhos diante do Pai,
implora-Lhe q «vos conceda que sejais poderosamente fortalecidos pelo seu Espírito
quanto ao crescimento do homem interior» (Ef 3, 16).
Esta «força do homem
interior» é necessária na vida familiar, especialmente nos momentos
críticos, ou seja, quando o amor, q no rito litúrgico do consentimento conjugal
foi expresso pelas palavras: «Prometo ser-te fiel, por toda a nossa vida», é
chamado a superar um difícil exame.
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A família, escola de valores |
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A família, escola de valores
A família é
primordial nos valores que regem a nossa vida e a nossa história. Vejamos
algumas riquezas e também alguns obstáculos que encontramos na vida familiar
hoje.
Tratando-se dos
problemas do mundo actual, a família é, sem dúvida, um dos mais preocupantes.
Sobre ela pesa a ameaça da degenerescência dos valores fundamentais, que as
gerações passadas nos transmitiram, e que hoje são deixados à deriva ou, até,
proscritos como nocivos.
Distanciando-se dos modelos de relação conjugal, paterna e filial que a própria
Sagrada Escritura ensina, vemos surgirem associações humanas, das mais
disparatadas, rotulando-se como famílias, segundo formas supostamente novas, “pós-modernas”.
Neste quadro, é evidente o desprezo pelos princípios de convivência, próprios
da dignidade do ser humano.
Um exemplo clássico do perigo que assedia constantemente a união familiar,
desejada e constituída por Deus, é o divórcio. O cônjuge, mesmo que contrário à
separação, vê-se obrigado a aceitá-la, mediante decisão judicial que, buscando
resguardar a liberdade de alguém, condena o outro à desagregação da própria
vida. Esta é uma injustiça que clama contra a dignidade da pessoa humana.
O Matrimónio
requer, antes de mais nada, vocação. Muitos pensam que ele seja a única via
para a realização afectiva do ser humano. Pelo contrário, nem todos têm vocação
para o Matrimónio, mas aceitam-no como o cumprimento de uma “obrigação social”,
para a qual não se encontram dispostos nem preparados. Infelizmente,
desconhecem as alegrias do celibato, que encaminha o ser humano a desabrochar
no amor, mediante uma vida toda consagrada a Deus e aos irmãos, sem
exclusivismos, mas dedicada a todos.
Quando se fala de Matrimónio,
o essencial é o amor de um pelo outro, sentimento que transcende a paixão, e
sobrevive “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...”. Não apenas
sobrevive, mas amadurece, aprofunda-se, robustece-se para além da atracção
mútua, embora esta seja ingrediente importante na vida a dois.
Alguns aspectos,
que não esgotam o significado do Matrimónio, mas, ao menos, o delineiam: vida
em comum, partilhada no amor e alicerçada na fidelidade; os mesmos ideais e a
luta para concretizá-los no apoio mútuo; abertura ao dom da vida, pelo
acolhimento da paternidade/maternidade responsável. Quem não se sente chamado a
realizar tais exigências, não tem vocação para o Matrimónio ou, pelo menos, não
está preparado para assumi-lo.
Os filhos são outra questão gravíssima. Quem, por opção, exclui a prole do seu projecto
de vida matrimonial não se casa validamente: o Matrimónio é nulo, segundo a lei
da Igreja. Existem muitas outras causas de nulidade. Quero apenas alertar para
a seriedade de um vínculo que só se realiza validamente mediante disposições
bem definidas. Não se trata de uma experiência do tipo que pode, ou não, “dar
certo”. E tais valores, muitas vezes, não são levados em conta, quando não há
vocação para o Matrimónio.
Evidentemente, não é preciso ter uma multidão de filhos, mas somente os que se
possa educar com dignidade. Por outro lado, há os que querem um filho só, para lhe
dar tudo o que não tiveram. Cuidado: quem dá ao filho tudo o que ele quer, vai
ter dele o que não espera. Marque-se bem isto. Como quer que seja, o importante
é acolher quantos Deus quiser enviar, o que não impede um planeamento familiar
responsável, baseado nos métodos que a Igreja aprova e ensina.
O Papa João Paulo
II, concluindo a Exortação Apostólica sobre a Família (Familiaris Consortio),
escreveu: “O futuro da humanidade passa pela família”. E o Papa acrescentou: “O
futuro da Igreja e o da religião também passam pela família”. Isto é uma grande
verdade, porque o amor autêntico, que deve perpassar as gerações, brota,
floresce e frutifica na família, sob a forma dos mais preciosos valores que
conhecemos.
Outra ameaça à estabilidade familiar, é a falta de recursos para a sua
sobrevivência digna. Em muitos casos, trata-se de situações de miséria, que
assolam grande parte do mundo e, infelizmente, do nosso país, e até da nossa
cidade. Diz o Papa: “Merece também a nossa atenção o facto de que, nos países
do assim chamado Terceiro Mundo, faltem muitas vezes às famílias quer os meios
fundamentais para a sobrevivência, como o alimento, o trabalho, a habitação, os
medicamentos, quer as mais elementares liberdades. Nos países mais ricos, pelo
contrário, o bem-estar excessivo e a mentalidade consumista, paradoxalmente
unida a uma certa angústia e incerteza sobre o futuro, roubam aos esposos a
generosidade e a coragem de suscitarem novas vidas humanas: assim a vida é
muitas vezes entendida não como uma bênção, mas como um perigo de que é preciso
defender-se” (FC n°6).
Compreende-se
como, em ambas as situações, as famílias necessitem de justiça e solidariedade,
seja a partir da sociedade em que se encontram, seja a partir do seu próprio
interior, como celeiro de valores cristãos e humanos. E a solidariedade deve
levar à fraternidade. Mas, ou se aprende a solidariedade e a fraternidade, em
casa, na família, ou não se aprende mais. Na rua, é impossível, e a escola,
mesmo sendo boa, será apenas uma extensão da família.
Quanto mais a família viver a solidariedade e a
busca do bem comum, tanto mais será abençoada. Isto não significa uniformidade
de opiniões. É muito saudável quando os filhos adolescentes começam a questionar
os pais, e estes se abrem ao diálogo, oportunidade excelente para transmitirem
os valores que vivenciam na maturidade.
As rixas “ideológicas” entre irmãos também são comuns.
A família deve ser, também, a primeira e mais profunda escola de oração. A
oração que se aprende no colo materno, no seio da família, essa é que persiste.
Pode-se aperfeiçoar com o estudo, no contacto com palavras mais eruditas, tudo
isto é óptimo. Mas se não tem a base na vivência familiar, será sempre algo
artificial. Lembro-me sempre de como meu pai e minha mãe rezavam. Eram pessoas
com autêntica vida de oração, que nos deixaram preciosos exemplos a este
respeito.
Uma das experiências mais dolorosas para mim foi ver a minha família dispersar-se.
Isto deu-se em consequência do amadurecimento natural, levando-nos a diferentes
caminhos, nas respectivas missões que assumimos. Mesmo assim, foi difícil.
Hoje, moramos distantes uns dos outros, mas isto não diminuiu a nossa união.
O grande amor que sempre tive à minha família, eu gostaria de transfundir a
todos os amigos e amigas, para que o conservem entre os maiores valores, as
maiores alegrias e as maiores realizações em suas vidas. E peçamos a Deus Pai,
a Jesus nosso irmão, e ao Espírito de Amor que tornem as nossas famílias
unidas, observantes das coisas mais santas e dedicadas a autênticos ideais.
Pois, é tarefa da família cristã “formar os homens para o amor e educá-los a
agir com amor em todas as relações humanas, de modo que o amor fique aberto à
comunidade inteira, permeado do sentido de justiça e de respeito para com os
demais, consciente da própria responsabilidade para com a mesma sociedade” (FC
n°64).
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Os discípulos afastavam as crianças... |
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"Os discípulos afastavam as crianças.
Jesus disse-lhes: 'Deixai-as vir a mim'"
O
pai e a mãe deram mutuamente um "sim" total diante de Deus, o qual
constitui a base do sacramento que os une; do mesmo modo, para que a relação
interna da família seja completa, é necessário que digam também um
"sim" de aceitação aos seus filhos, aos que geraram ou adoptaram e
que têm a sua própria personalidade e carácter. Assim, eles irão crescendo num
clima de aceitação e amor, e é de se desejar que ao alcançar uma maturidade
suficiente queiram dar, por sua vez, um "sim" a quem lhes deu a
vida...
Cristo sempre revelou qual é a fonte suprema da vida para todos e, portanto,
também para a família: "Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos
outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida
pelos seus amigos" (Jo 15, 12-13). O amor do próprio Deus foi derramado
sobre nós no baptismo. Portanto, as famílias sejam chamadas a viver essa
qualidade de amor, pois o Senhor é quem se faz garante de que isso é possível
para nós através do amor humano, sensível, afectuoso e misericordioso como o de
Cristo.
Com a transmissão da fé e do amor do Senhor, uma das maiores tarefas da família
é a de formar pessoas livres e responsáveis. Por isso os pais devem ir
desenvolvendo nos seus filhos a liberdade, da qual durante algum tempo são
tutores. Se estes vêem que seus pais e em geral os adultos que os rodeiam vivem
a vida com alegria e entusiasmo, apesar das dificuldades, crescerá neles mais
facilmente o prazer imenso de viver que os ajudará a superar certamente os
possíveis obstáculos e contrariedades que a vida humana comporta. Além disso,
quando a família não se fecha em si mesma, os filhos vão aprendendo que toda a
pessoa é digna de ser amada, e que tem uma fraternidade fundamental universal entre
todos os seres humanos.
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É preciso que Jesus fique na minha família |
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É preciso
que Jesus fique na minha família
A nossa casa
precisa de ser do Senhor. A nossa família toda precisa de ser inteiramente do
Senhor. Unicamente d’Ele. É triste ver que ainda há muitos dos nossos que estão
longe de Deus e não querem saber d’Ele; são renitentes, teimosos.
Em nossa casa há muitos que não frequentam a igreja. Não querem saber de padres,
da Igreja, de oração, de confissão, de Missa e, principalmente, de Eucaristia.
Também há pessoas duras, difíceis, autoritárias, ruins, maldosas, que dizem
palavrões, que fazem coisas erradas... na nossa casa. O nosso coração sofre
vendo que pessoas da nossa família agem assim ou porque estão no vício, na
bebida... Elas não calculam o mal que fazem para si mesmas e para a família.
Assim como Jesus escolheu Zaqueu, Ele nos escolheu para levá-Lo para nossa
casa. Olhemos para esta passagem do Evangelho de São Lucas:
“Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessava a cidade. Apareceu um homem chamado
Zaqueu, chefe dos colectores de impostos, muito rico. Ele procurava ver quem
era Jesus, e não conseguia por causa da multidão, pois era de pequena estatura.
Então correu para a frente e subiu a um sicómoro a fim de ver Jesus, que ia
passar por ali. Quando Jesus chegou a esse lugar, levantando os olhos,
disse-lhe: ‘Zaqueu, desce depressa: hoje preciso de ficar em tua casa’” (Lc
19,6-7).
Naquele dia,
foi Jesus quem quis ir à casa de Zaqueu. Hoje, é à nossa casa que Ele quer ir.
“Zaqueu desceu depressa e acolheu-o, todo alegre. Vendo isto, todos murmuravam;
diziam: ‘É na casa de um pecador que ele se foi hospedar’” (Lc 19,6-7). Jesus
ficou na casa de Zaqueu e quer ficar também em nossa casa. Somos fracos, temos
muitos erros, muitas fraquezas, cometemos muitos pecados, mas o Senhor escolheu-nos.
Ele decretou que quer ficar no nosso lar.
“Mas Zaqueu, adiantando-se, disse ao Senhor: ‘Pois bem, Senhor, vou repartir
pelos pobres a metade dos meus bens e, se prejudiquei alguém, restituo-lhe
quatro vezes mais’” (Lc 19,8).
Zaqueu fez isto porque a sua vida já tinha mudado. Só se mexe no bolso quando o
Senhor toca no coração.
“Então Jesus disse a seu respeito: ‘Hoje veio a salvação a esta casa, pois
também ele é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e
salvar o que estava perdido’” (Lc 19,9-10).
O Senhor realiza este Evangelho! Este é o clamor do povo: “Quero Deus,
necessito de Deus na minha família”.
Diz ao Senhor:
Jesus, escolheste-me apesar da minha fraqueza e do meu pecado. Escolheste-me
para Te levar para a minha casa.
Senhor, não sou digno de que entres na minha casa, mas preciso que entres e
digas uma Palavra. Porque basta que digas uma Palavra e a minha casa será
transformada. A minha família será mudada. Entra na minha casa e permanece
nela, Senhor.
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Quando o casal reza... |
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Quando o casal reza...
Uma
porta se abriu para nós!
Desde
o dia em que – atingidos por cruéis e inimagináveis provações – começámos a
rezar juntos, como que por milagre, uma porta se abriu para nós e nunca mais se
fechou.
Lembro-me
das muitas vezes em que nos olhávamos fixamente nos olhos, abraçados na nossa
cama, um pouco antes de dormir, ou após momentos de intimidade, e expressávamos
a alegria pelo dom da oração a dois que realizávamos no nosso casamento.
Algumas
vezes passámos por tribulações, limitações do cansaço, desânimo e outros tantos
problemas que invadem a vida de uma família e de um casal. Mas perseverámos, e
colhemos os frutos das nossas orações, que se tornavam cada vez mais
verdadeiras.
Durante
este tempo, aprendemos a rezar com um só coração! Rezávamos cansados, tristes
um com o outro, chateados, apaixonados, tomados pelo sono. Mas um puxava pelo
outro. Entusiasmados, seguimos até hoje fazendo assim! Quisemos ser tão fiéis
que, algumas vezes, até rezámos por telefone!
O
nosso amor cresceu muito! O jeito de sentir quanto nos amamos ganhou uma nova
dimensão. Vimo-nos mais apaixonados, num tempo de plenitude de amor.
A
nossa vida sexual foi premiada com muita alegria, leveza e gozo.
A
palavra da Sagrada Escritura e a reflexão, eram a nossa base de apoio.
Fomos
imensamente provados! A verdade é que não fazíamos ideia da montanha que
começávamos a subir e, de repente, num ponto em que não se podia mais retornar,
só nos restava seguir em frente.
Apesar
de tantas limitações e de um esforço enorme, desvencilhámo-nos de pesos e
coisas supérfluas, o que ajudou no amadurecimento do nosso amor, do amor pelo
nosso filho, pela nossa comunidade e por Deus.
À
medida que realizávamos os estudos bíblicos, invadíamos um terreno espiritual
novo, antes escondido ou dominado pelo mal, e começávamos a dominá-lo em nome
de Deus, pela força do sacramento do matrimónio.
Desta
forma, sofremos na pele e na alma a fúria do inimigo de Deus, que foi preciso
afastar. Mas, graças novas virão acompanhadas de intensa batalha espiritual!
Imaginamos
os resultados surpreendentes que outros casais poderão desfrutar da graça do
sacramento do matrimónio vivido na oração e desejamos que sejam fortes no Senhor,
de modo a não permitir que as suas limitações e tentações, inevitáveis, os
impeçam de seguir em frente! Que escolham juntos um momento para o realizar e
se comprometam, da forma como quiserem, a fazê-lo sempre juntos, dia após dia.
O
grande desafio será, sem dúvida, realizar o diário regularmente superando os
obstáculos mais simples, como cansaço, preguiça, pequenos desentendimentos,
situações mal resolvidas, compromissos, até encontrarem uma maneira de
prosseguir e colher os frutos desta experiência. Estes surgirão na medida da
perseverança, do conhecimento que possuem um do outro e de uma boa dose de
persistência.
Desde
já avisamos que, invariavelmente, os dois se deverão ajudar para chegar até ao
fim! Tenham paciência, saibam esperar, porém sejam determinados e audaciosos.
Que
nenhum fique à espera do outro!
Que
o casal, ao aprender a rezar juntos, reze cada vez mais e melhor e seja, por
isso, neste mundo, o maior e mais pungente sinal do Amor de Deus.
Somos
de Deus
Tu
escolheste hoje o Senhor para ser o teu Deus, para seguires os seus caminhos,
guardares as suas leis, os seus mandamentos e os seus decretos, e para
obedeceres à sua voz. E o Senhor escolheu-te, hoje, para que sejas um povo
particular, como te havia dito, a fim de guardares todos os seus mandamentos.
Assim ele te fará mais famoso do que todas as nações que ele criou para seu
louvor, sua fama e glória, a fim de que sejas um povo santo para o Senhor teu
Deus, conforme ele falou. (Dt 26,17-19)
Reflexão
Esta
palavra da Sagrada Escritura revela quão decisiva é a escolha que Deus faz a
respeito de cada um de nós. A Sua escolha é um pacto, uma aliança que
transborda nos aspectos mais simples da nossa vida. A minha esposa e eu
possuímos histórias muito diferentes e fortemente seladas com a experiência
deste pertencer-se: na nossa casa, à mesa, durante as refeições, nos nossos
momentos mais íntimos. Também a maneira como recebemos os amigos revela este
traço, concretizado no jeito feliz de acolher, servir uma refeição, conversar…
Cada
um de nós precisa, aos poucos, de revelar segredos das nossas magníficas
histórias de amor e pertença a Deus.
Foi
ele que imprimiu em nós a sua marca e nos deu como garantia o Espírito
derramado em nossos corações. (2Cor 1,22)
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Joelhos nos chão, família em pé |
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Joelhos no chão, família em pé
Durante a
nossa caminhada fomos conquistando as graças de Deus por meio da oração. A
nossa família é comum, mas o que nos torna diferentes é acreditar que, pela
oração, alcançamos as graças vindas de Deus.
Se uma casa é alicerçada pelo Senhor, mesmo que tenha rachaduras, depois da
tempestade, ela é restaurada.
Deus tem um projecto e quer restaurar a tua casa. Talvez estejas a construir em
cima da areia. Desta forma, ela não tem um alicerce firme, por isso, não
aguenta a tempestade. Deus quer reconstruir a tua casa no lugar certo.
O mundo de hoje está totalmente contra a família. Não se vê apoio nenhum a ela;
ao contrário, somente descaracterizam e brincam com a imagem dela. E, às vezes,
até aplaudimos a degradação da família.
Eu sempre percebi durante o nosso namoro [dele com a mulher, Benedita] que o
Senhor nos fecundava a partir da oração. No início virou um grande lema dentro
do nosso casamento: “Amar não é querer alguém construído, mas é construir
alguém querido.” Esta frase tornou-se um verdadeiro lema para nós. Por
isso, digo aos casais, que estão a iniciar a vida: nós não estamos prontos. Tu
que já casaste há mais de 20 anos, também não estás pronto. Eu estou casado há
2 anos e meio, e não estou pronto; tenho muito a enfrentar. Mas graças a Deus,
o alicerce da minha casa está firmado em Jesus. Se o Senhor não for o alicerce da tua
casa, tudo vai por água abaixo.
Se nós não construirmos o nosso namoro, noivado e casamento em Jesus, seremos
assolados. O mundo vem com todas as suas armadilhas, como o ar que polui e nós
nem percebemos. Ele vem com subtileza. Quantas vezes, tu és tentado por mulheres
que se metem na tua vida. E tu dás brechas, esquecendo que tens uma casa, uma
família. E por aí tu acabas por cair.
Convido-te a olhar para a tua própria casa. Como ela está? Para uma família ser
feliz é preciso existir diálogo e partilha. Tu precisas de falar com a tua
esposa das tentações que viveste no dia e pedir-lhe que reze por ti. Quem hoje
em dia faz isto?
Eu posso dizer que os meus pais acabaram por se separar por causa das
armadilhas do demónio. Eu sei o que é a dor do adultério, da traição... E não
penses que o homem que adultera se acha feliz. Não, ele carrega um peso sempre.
O mundo faz com que as pessoas nem pensem no que estão a fazer; mas quando elas
se deitam, para dormir, reflectem e percebem o que fizeram. O mundo não quer
que reflictamos. Ele quer que nós engulamos tudo, como novelas, prostituição,
drogas, aborto. Quer que tu engulas que é normal que a tua filha leve o
namorado para dentro de casa [para dormirem juntos], que é normal ensinar o teu
filho a desrespeitar as mulheres e usá-las como objectos. Se agires assim,
estarás a ensinar o teu filho e a tua filha a serem adúlteros.
Nós precisamos de construir uma família séria, em Deus. Pai e mãe, vós
precisais de reconquistar s filhos para Deus. Se hoje precisas de recomeçar a
partir de ti mesmo, então, recomeça. Começa abandonando o adultério, as
novelas, as tuas amizades que só trazem malícia para as conversas, que só
trazem desânimo, fofoca.
Eu posso testemunhar que a nossa filha, desde o início, já foi sendo acostumada
a frequentar a Santa Missa diária. Com apenas um ano e alguns meses, ela já faz
o sinal da cruz; sabe quem é Jesus, sabe quem é a Mãe do céu. Quando estávamos
grávidos, nós pedíamos à Camila o dom da alegria. Quando ela nasceu, eu fui ao
quarto e lhe disse-lhe que era o pai dela, que estava lá, e a primeira coisa
que ela fez foi sorrir. Ela sabe que é feliz e alegre, porque foi amada,
querida, desejada.
Se queres conquistar os filhos para
Deus, ama-os! Quantos dão um computador somente para que o filho fique
entretido. Isto é errado. Desta forma, estás a tirar o teu filho das mãos de
Deus. Precisas de conversar com os teus filhos se quiseres que eles sejam de
Deus. Precisas de ser uma esposa abençoada, precisa de ser um esposo abençoado,
e não um peso.
O meu pai não teve uma experiência
com Deus; graças a Deus, eu tive. Então, eu preciso de amá-lo e não julgá-lo
como todos fazem. Mulher, olha que não é atirando à cara do teu marido os
defeitos dele que ele vai mudar, porque isto o mundo já faz. Tu precisas de o
amar. Deixa Deus cuidar da tua família, porque Ele quer salvá-la.
No nosso relacionamento [ele e o pai], eu sabia das lutas dele, das
dificuldades que ele enfrentava. E, constantemente, eu não tinha receio de ir
para a capela e colocar as minhas mãos na cabeça dele. E diante dos defeitos
dele, Deus dizia-me que eu precisava de olhar para ele como Ele olhava: Com
misericórdia e amor.
Nós precisamos de levantar esta
bandeira de que somos capazes de construir uma pessoa para Deus – pela força da
oração e pela força do amor. Nós que somos casados temos a graça do matrimónio.
Tu não deves abaixar esta bandeira; mas sim, levantá-la e acreditar nesta força
do amor e da oração. Tu deves tomar posse dessa verdade e dizer: Eu amo e rezo!
Um dia, uma amiga, disse-me: “Joelhos no chão, família em pé!” Quantas
famílias já foram resgatadas por Deus por causa da força da oração, da
insistência. Por isso, mesmo quando tu achares que não vale mais a pena rezar,
tu, insiste. Tu não podes desanimar! Eu não posso desistir da minha família. Precisas
de acreditar nesta palavra: “Crê em Jesus e serás salvo tu e a tua família”.
Acompanhe o que diz a Bíblia: (Lc 18, 1-):
“Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem
jamais deixar de o fazer. Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus,
nem respeitava pessoa alguma. Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha
com frequência à sua presença para lhe dizer: Faz-me justiça contra o meu
adversário. Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por fim, reflectiu consigo:
Eu não temo a Deus nem respeito os homens; todavia, porque esta viúva me
importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar. Prosseguiu
o Senhor: Ouvis o que diz este juiz injusto? Por acaso não fará Deus justiça
aos seus escolhidos, que clamam por ele dia e noite? Porventura tardará em
socorrê-los? Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho
do Homem, acaso achará fé sobre a terra?”.
Vós, sede homens e mulheres de fé.
Acreditai que Deus tudo pode mudar. Hoje, juntamente contigo, há uma família
que pode mudar. Sabemos da luta enorme, mas Deus no fim será vitorioso.
Se achas que o amor passou, eu te digo que Jesus quer que retomes este amor.
Ele que é a fonte sublime, Ele que derramou o seu sangue na cruz, Ele que
acredita em ti, mesmo que tu não acredites. Que acredita naquela pessoa em quem
nem tu acreditas.
Fala com Jesus se a tua fé passou, se não tens forças, entrega-Lhe tudo isto.
Insiste para que a tua família seja salva. Diz o que quiseres, sim, que o teu
marido largue o alcoolismo, que a tua filha e o teu filho encontrem Jesus, que
a tua esposa seja uma mulher de Deus. Insiste para que Jesus realize esta obra.
Diz-Lhe como está o teu coração. Se estás sufocado, angustiado pela dor, fala
com Ele. Não uses máscaras, sê verdadeiro com Ele.
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A chegada de um filho com Sìndrome de Down |
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A chegada de um filho
com Síndrome de Down
Tenho 4 anos e sonho com um reino em que todos se
sintam iguais, onde possam estudar, praticar desporto, brincar e dançar, assim
como eu.
Tenho uma alteração genética, também conhecida como
Síndrome de Down. Por favor, não me chamem de mongol, pois eu não nasci na
Mongólia!
A mamã apanhou um susto no começo e ficou preocupada,
porque nem imaginava quantas coisas bonitas eu poderia fazer. Ela precisou de ler
alguns livros para entender melhor sobre o assunto, mas fui eu quem lhe mostrou
que essa alteração não é nenhum bicho-papão.
Nasci assim e ninguém sabe dizer exactamente porquê.
Sei que sou diferente, mas não somos todos diferentes? Uns magros, outros
gordos e loiros... Eu sou menorzinho, tenho as mãos pequenas e as orelhas mais
baixas. Quando me vejo ao espelho, acho-me bonito e não me importo de ter os
olhinhos puxados.
Eu tenho hipotonia... Já ouvi falar sobre a Síndrome
de Down mais de mil vezes, mas até agora não sei bem como explicar o que é.
Então, vou pedir a ajuda da minha mãe.
Não se preocupem, pois ela garantiu-me que vai
explicar de maneira muito fácil de entender.
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Oração para 25 anos de casados |
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ORAÇÃO
PARA 25 ANOS de CASADOS
Ó Deus, de quem procede toda a
paternidade no céu e na terra, Pai, que sois amor e vida, fazei que a nossa
família seja um verdadeiro santuário de vida e de amor e que Vos procure sempre
antes de todas as coisas, pois somente assim poderemos viver na unidade.
Vinde com o vosso Espírito sobre o
nosso lar e removei os problemas que em nós existam: males do corpo, da alma,
do espírito, do coração.
Vinde, com a vossa Mãe divina, vinde
habitar na nossa família.
Que façamos como se tudo dependesse
de nós, mas certos de que somente com a vossa graça poderemos, mesmo nos
sofrimentos, permanecer na vossa paz.
Que nunca nos cansemos de fazer o
bem.
Que sejamos profundamente amigos, nos
ajudemos mutuamente a crescer na prática da fé e reavivemos sempre o amor que
num dia muito feliz, livremente, selámos diante de Vós, num compromisso sagrado
e para sempre.
Que nos lembremos que o maior
presente que os nossos queridos filhos podem receber, é o amor entre nós, seus
pais.
Vinde, Deus misericordioso e da paz,
abençoar a nossa família e as famílias do mundo inteiro.
Vós, que sois a Vida, a Verdade e o
Amor, na unidade do Filho e do Espírito Santo. Amém.
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Nesta cidade não há divórcios |
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Nesta cidade
não há divórcios, por que será?
A cidade de Siroki Brijeg (na Bósnia e Herzegovina), tem uma
maravilhosa particularidade: ninguém se lembra que tenha existido um só
divórcio, entre os seus milhares de habitantes, nem alguma família que tenha
deixado a Fé católica. A população é quase toda composta por croatas, que são
católicos fervorosos.
O segredo é simples: os habitantes croatas têm mantido a sua
fé católica, suportando por causa disso a perseguição dos turcos durante
séculos, e depois dos comunistas. A sua Fé está fortemente arraigada no
conhecimento do poder salvador da Cruz de Jesus Cristo.
Este povo possui uma grande sabedoria, que vem sabendo
aplicar ao Matrimónio e à Família. Eles sabem que o Matrimónio está
indissoluvelmente ligado à Cruz de Cristo. O sacerdote diz-lhes: “Encontraste a
tua cruz. É uma cruz para amar, levá-la contigo, uma cruz que não se tira, mas
que se guarda, enterra-se na tua alma”. Quando um casal se prepara para
contrair Matrimónio, não lhes dizem que encontraram a “pessoa perfeita”. Não! A
Cruz representa o Amor Maior e o Crucifixo é o tesouro da casa. Quando os
noivos vão à Igreja, levam o Crucifixo com eles. O sacerdote benze o Crucifixo.
Quando chega o momento de afirmar os seus votos, a noiva põe
a mão direita sobre o crucifixo e o noivo põe a mão sobre a dela, de maneira
que as duas mãos estão unidas à cruz. O sacerdote cobre as mãos deles com a estola,
enquanto proclamam as promessas segundo o rito da Igreja: de serem fiéis um ao
outro, nas alegrias e nas penas, na saúde e na enfermidade, até à morte.
Depois, os noivos não se beijam, mas ambos beijam a cruz. Se
um dos dois abandona o outro, abandona a Cristo na Cruz. Depois da cerimónia,
os recém-casados levam o crucifixo para casa, onde é posto num lugar de honra.
Será para sempre o ponto de referência e o lugar de oração familiar.
Em tempo de dificuldades não vão ao advogado, nem ao
psiquiatra, mas vão juntos diante da cruz em busca da ajuda de Jesus. Chorarão
e abrirão os seus corações, pedindo perdão ao Senhor e um ao outro. E irão
dormir em paz porque no seu coração receberam o consolo e o perdão do Único que
tem o poder para salvar.
Ensinarão os filhos a beijar a cruz cada dia, e a não irem
dormir como os pagãos sem dar graças primeiro a Jesus. Sabem que Jesus os tem
nos Seus braços e não há nada a temer.
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Como fazer para educar e criar bem os meus filhos? |
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Como fazer para educar e criar bem os meus filhos?
Educar os filhos é uma missão que exige compreensão e
sabedoria
Que pai e mãe nunca falaram ou ouviram a célebre frase: “Eles
não vêm com manual!” Eu sou mãe de três e já falei e ouvi, várias vezes, esta
frase; ri muito, mas, hoje, penso na quantidade de manuais que recebemos,
diariamente, sobre como educar os nossos filhos.
É um excesso de manuais que ensinam, de diversas formas, como
educar os filhos, o que você deve ou não fazer, como eles devem ou não comportar-se,
o que deve ou não ser aceite. Como se eles fossem máquinas que precisassem de ser
programadas. Ou como se todos fossem tão iguais, que o mesmo manual servisse
para todos, “pode confiar, não tem erro!”
Cada filho é um
Como eu disse, sou mãe de três, e cada é um de um de seu modo,
mesmo com idades próximas (7, 5 e 3 anos). São educados pelos mesmos pais,
seguem os mesmos princípios, mas, meu Deus, como são diferentes! E precisam de
ser tratados assim, cada um com a sua didática. Somos, constantemente,
bombardeados pelas redes sociais, por revistas, por pessoas que, muitas vezes,
só estão interessadas no nosso dinheiro, vendendo os seus pacotes milagrosos,
que transformam os nossos filhos em anjos.
Primeiro, filhos não são anjos. Eles são, a princípio,
crianças que precisam de ser amadas e educadas, mas não à base de ferro e fogo.
O alicerce precisa de ser o amor. Sei que não é fácil, e, aqui em casa, é uma
luta diária!
O mundo vive uma fase em que tudo precisa de ser “fast”. Se
não for rápido, se não for fácil, está errado. Quem sabe, então, terceirizar os
nossos filhos seja a solução! Então vem a creche, a escola a tempo inteiro
(faço uma ressalva, aqui, para os pais que precisam de trabalhar o dia todo
para levar o sustento para os seus lares. Neste caso, a creche e a escola em
tempo inteiro são fundamentais!); porém, há pais que podem passar mais tempo
com os filhos, mas preferem enchê-los de atividades durante o dia, para que, ao
chegarem a casa, se sintam tão cansados e não deem trabalho nenhum.
Com este excesso de manuais que temos, acabamos por nos
esquecer do essencial: Deus deu-nos algo muito melhor, o instinto. Muitas
vezes, nele está a resposta para os conflitos que vivemos em nossa casa. É só
acalmar o nosso coração e ouvir a voz que vem a nós; normalmente, não tem erro!
É claro que há problemas como TDHA, síndrome de down,
autismo… Nestes casos, a ajuda profissional para a família toda é, realmente,
essencial. Mas se os filhos não apresentam nenhum destes problemas, porque não
confiar naquilo que você traz de instinto, naquilo que aprendeu com os seus
pais? A vida é feita de acertos e erros, e os nossos filhos precisam de ver isto,
até para não acharem que tudo é perfeito e que eles não precisam de ser perfeitos.
Não podemos exigir isto deles.
Passe mais tempo ao lado deles
Pare um pouco de ler os artigos que ensinam como educar os
filhos e passe mais tempo com eles. Talvez, aí já esteja a solução. Com o telemóvel
de lado, pergunte como foi a escola, quem são os amigos, se ele já tem sonhos.
Fale do amor que sente por eles, faça um bolo juntos, dê risadas com eles, faça
uma brincadeira em família, reze em família, mas não imponha nada. Aos poucos,
coloque estas práticas na rotina da casa.
A única coisa que uma criança precisa é um lar e amor. Lar
não é só uma casa física, tijolos e paredes, mas uma família estruturada, onde
há respeito, amor, compreensão, tempo de qualidade juntos, TV desligada um
pouco, para desconectar do mundo e estar em família.
Comece a observar o seu lar e ver como está sua relação com os
seus filhos, onde ela pode melhorar. Lembre-se de que os filhos são a nossa
herança, e precisamos de cuidar deles. Comece a dar passos em direção a eles,
mesmo que não sejam pequenos, pois a reconciliação é possível, ainda dá tempo
de ajustar as estruturas da casa, reconstruir os laços que, com o tempo, se
foram desfazendo.
Deus abençoe você a sua família. Faça você o seu manual e
nunca se esqueça de que o nosso lugar e o de nossos filhos é o Céu.
Oração pelos filhos
Sois, ó meu Deus, o Criador e o verdadeiro Pai dos meus
filhos.
Das Vossas mãos os recebi como a dádiva mais preciosa e cara
que me podíeis ter dado, e que a Vossa bondade conserva e mantém em meu poder,
para minha consolação e ufania.
Consagrando-me devotamente ao Vosso serviço e amor, eu Vo-los
consagro também, para que sempre Vos sirvam e sobre todas as coisas Vos amem.
Abençoai-os, Senhor, enquanto eu, por mim, igualmente os
abençoo em Vosso sacratíssimo nome.
Não permitais que, por negligência da minha parte, venham
eles a desertar, um dia, do caminho da virtude e do bem.
Velai por mim, para que eu possa velar por eles, educando-os
no Vosso santo temor, em harmonia com os ditames da Vossa lei.
Fazei-os dóceis, obedientes, inimigos do pecado, para que
nunca Vos ofendam, como eu tanto e tanto Vos tenho ofendido.
Colocai-os, Senhor de bondade, sob a maternal proteção de
Maria Santíssima, Vossa Divina Mãe e nosso incomparável modelo, para que possam
guardar sempre ilibado o formoso lírio da pureza que tanto amais.
Afastai deles as doenças, a pobreza e as riquezas perigosas.
Livrai-os, Senhor, de todas as desgraças e perigos da alma e
do corpo, e concedei-lhes todas as graças que eu não sei pedir, mas que lhes
são precisas, para que sejam bons filhos e católicos fervorosíssimos.
Fazei, finalmente, meu Deus, que com todos os meus filhos
possa eu desfrutar, no seio do paraíso, a doce e eterna ventura que destinais
aos Vossos eleitos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Amém
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Como falar sobre a sexualidade aos filhos? |
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Como falar
sobre a sexualidade aos nossos filhos?
É preciso falar, de forma saudável, sobre sexualidade
Somos seres sexuados. Desde que são pequenas, falamos com as
crianças sobre as suas características pessoais, como olhos pretos, castanhos
ou azuis, cabelos loiros ou castanhos, mão pequena, nariz afilado, sexo
feminino ou masculino e assim por diante. Então, por que não falar sobre
sexualidade, isto é, sobre tudo o que envolve ser homem ou mulher?
Hoje, vemos dois extremos perigosos quanto à sexualidade
infantil: por um lado, há a super-estimulação ocorrida por parte dos pais,
adultos em geral e, principalmente, pela mídia; por outro, a repressão
excessiva, sequela de gerações anteriores nas quais estes assuntos não estavam
na pauta do dia a dia.
Educação sexual
Lidamos com a sexualidade não somente a partir do momento em
que ela é falada, mas em todos os momentos da vida. Quando os pais cuidam do
bebé, a maneira como se relacionam com ele, por meio da relação afetiva deles
[pais], quando os papéis sociais são bem definidos e as perguntas da criança
são respondidas com clareza, quando são supridas as suas necessidades
emocionais e a maturidade e o desenvolvimento psicossocial deles são
respeitados, a criança está a receber educação sexual.
Alguns pais, por diversos motivos, antecipam informações e
disparam a falar além da necessidade da criança, gerando nela ansiedade e
tensão. No entanto, o melhor a fazer é responder, de maneira simples e na
linguagem dela, aquilo que perguntou. Caso ela não tenha entendido, perguntará
novamente. Se há uma relação de afeto positiva e uma abertura para o diálogo na
família, há um terreno fértil para que a criança se sinta à vontade para falar
sobre qualquer assunto. Contudo, precisamos de saber o que é apropriado para a
criança.
Refiro-me, principalmente, a programas televisivos, músicas,
revistas, insinuações que estimulam comportamentos erotizados e sensuais,
prejudicando o desenvolvimento dela, pois tais conteúdos podem gerar distorção
na sua capacidade de sentir, interagir, conhecer e relacionar-se. Desta forma,
a criança é estimulada a dar um salto para a sexualidade genital, sendo que não
possui condições emocionais, biológicas nem maturidade para a compreender,
despertando nela, muitas vezes, alto nível de ansiedade e depressão.
Influências externas
Insisto sobre a influência da televisão de moldar os
comportamentos, principalmente das crianças e dos jovens. As crianças passam
horas diante da televisão, e o que agrava a situação é que 80% da programação a
que assistem é para adultos.
Esta é uma questão ampla, pois envolve todo um contexto
socioeconómico e cultural pelo qual passa a sociedade moderna e em
transformação como a nossa, na qual as mães saem para trabalhar e os filhos
ficam sozinhos em casa.
Há também a questão da violência, que faz com que a maioria
das crianças e jovens não saiam para brincar nas ruas com as outras. No
entanto, não podemos parar nessas condições e cruzar os braços, como se não
dependesse de nós mudarmos esta situação. Comece em sua casa, com os seus
filhos. Converse com o seu esposo(a). Procure o diálogo, partilhe a sua vida, a
sua história. Que Deus os abençoe nesta empreitada!
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A minha mulher tem um novo amor |
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A minha mulher tem um
novo amor
O nascimento do primeiro filho traz mudanças importantes na
vida da mulher e do casal
Um primeiro olhar, as primeiras conversas, o interesse mútuo
crescente que desemboca num compromisso: o namoro. Depois disto, com a bênção
de Deus e a aplicação de ambos, o homem e a mulher tornam-se cada vez mais
unidos, até terem a certeza de que querem viver um com o outro “até que a morte
os separe”.
Celebra-se o matrimónio, um sacramento poderoso que ainda
aguarda reflexões teologais à altura do que realmente significa e opera.
Nova fase na vida do casal
Se as histórias de amor entre príncipes e princesas acabam
aí, no matrimónio cristão este é o ponto de início de uma nova fase e desejo:
gerar filhos.
O amor tem por característica unir, derramar-se e
multiplicar-se. O fruto no ventre da esposa é um novo momento de intensa
alegria para o casal, o amor está tomando a forma de um novo ser, uma perfeita
síntese dos dois.
No entanto, quando a criança nasce, o marido parece ser o mesmo,
ganhou um novo título de “pai” e uma cara que reflete uma alegria que
não consegue colocar em palavras, mas, a mulher torna-se mãe. Não exagero. Se o
homem está a tentar vestir a roupa de “pai”, a mulher (sabendo ou não como
lidar com a criança) tornou-se uma mãe.
Depois de passar por isto três vezes, posso dizer que o
impacto do primeiro filho é sempre maior.
Para o homem, que pode acompanhar tudo como espectador, a
realidade à sua volta começa a mudar: existe um único e poderoso centro das atenções,
que é o filho que chegou.
Tudo gira em torno dele, e parece até que o homem passa a ser
o terceiro na hierarquia da casa, pois, depois do reizinho, os cuidados com a
mãe (para que esta possa servir ao filho) passam a ser preponderantes.
O novo e exigente amor
Aí percebemos que, embora não tenhamos sido trocados por
ninguém, a nossa mulher tem um novo e exigente amor.
Do ponto de vista do relacionamento familiar e do casal, é
importante que o homem respeite este momento extraordinário que a nova mãe está
a viver.
Não há como o ser masculino entender estes nove meses que a
mulher passa gestando o filho, além de todas as reações e emoções que ela tem
antes, durante e após o nascimento.
Pesa também, mesmo que inconscientemente, a responsabilidade
dela de nutrir, proteger e ajudar a desenvolver este novo ser que nasceu, de
modo que ela gasta todas as suas energias e atenções neste processo. Algo que,
antes, realizava sem quase nenhuma dificuldade durante a gestação.
A mulher, ao se tornar mãe, precisa do apoio, presença e
firmeza do marido ao seu lado. Não dá para serem “dois bebés” querendo atenção
(um muito mais velho e temporão!) ou suportar um ser bicudo, que se está a
sentir um pouco de lado e, por isso, passa a ser grosseiro e resistente.
A missão fundamental do esposo
Por outro lado, faz parte da missão própria do marido, no
matrimônio cristão, ajudar a mulher a encontrar um equilíbrio na vida e na
família.
Cabe ao homem servir de baliza, fornecendo base e bordas
seguras para que a mulher se possa movimentar sem cair em exageros.
Assim, a atenção ao filho é primordial, mas é o marido quem
ajuda a esposa a não cair em extremos de não comer, não dormir ou ficar
emocionalmente instável por se preocupar demais com a criança.
A primeira febre do bebé, para algumas mães, é tão
apavorante.
Com o passar dos anos, o equilíbrio entre uma educação
materna, que se esforça a proteger a qualquer custo, e uma educação paterna,
que exige a formação de independência, é extremamente salutar para a criança, o
adolescente, o jovem e o ser humano.
Cabe também ao marido continuar o papel delicado e constante
de ajudar a mulher a entender que o filho é criado para o mundo, e não para os
pais; e que ela precisa, para o bem de ambos, de se ir desvencilhando deste –
já não tão novo – amor, mas sempre e cada vez mais exigente.
Este novo ser continua a ser amado pela mãe, mas passará a
amar e a querer unir-se com outro ser e criar uma nova família.
Ao pai fica a dica: você receberá não só uma nova e linda
criaturinha no lar, o filho, mas também irá deparar-se com uma pessoa que,
embora você tenha se casado com ela, é completamente diferente de tudo o que você
conhecia antes, é uma nova mãe.
Ela continua a ser tão amável como sempre foi, mas trará,
agora, necessidades e desejos especiais. Bem-vindo à fase dois!
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Como ter uma boa convivência com a sogra |
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Como ter uma
boa convivência com a sogra
Nunca entre em competição com ela
Fala-se muito das interferências da sogra na vida conjugal,
pois nem sempre as opiniões dela caem em boa hora ou são aceitas com
naturalidade. Já ouvimos, muitas vezes, o ditado: “Em briga de marido e mulher,
ninguém põe a colher”. Se tal advertência é válida para todos os demais
parentes, muito especialmente o será para as sogras.
Uma boa convivência com a sogra
Há sogras de todos os tipos. Algumas agem como conhecedoras
de todas as situações e, não contentes em apenas opinar, fazem mil e uma
recomendações ao filho, criticam a educação dos netos como se fossem seus
filhos. Outras chegam a intrometer-se no gosto da decoração da casa ou em
outras coisas particulares do casal.
Grandes são as crises estabelecidas entre nora e sogra,
especialmente quando esta insiste em querer agir como mãe não somente do filho,
mas fazer as vezes de mãe também da nora. Muitas acreditam que a melhor
atitude, diante de uma situação particular do casal, é fazer aquilo que elas
próprias orientam.
É evidente que a experiência de vida de nossa sogra é
superior à nossa, mas, assim como a vida nos foi capacitando para superarmos os
obstáculos, também na vida conjugal aprenderemos a resolver outras questões;
agora assumidas e resolvidas entre marido e mulher.
O problema será maior quando a mãe do esposo perder a noção
de que o “seu menino” cresceu, sem respeitar o momento ou mesmo o lugar, der
palpites, esquecendo que o casal agora já constitui uma nova família; e que uma
nova história será contada.
Entretanto, nem sempre a sogra é a grande vilã ou a “pedra no
sapato” na vida da nora. Assim como pode acontecer de sogras perderem a noção
de que o filho cresceu, há também filhos que não conseguem desligar-se do cordão
umbilical que os une às genitoras. Neste caso, seja por uma dependência
financeira, seja por mimos ou falta de maturidade, o filho recorre ao “colo” da
mãe diante de qualquer pequena dificuldade. Acostumado com os “amparos” da mãe,
isso, por sua vez, abre precedentes para que a sogra também dê os seus palpites
na vida do casal.
A importância da presença na casa dos pais
O facto de sermos casados não significa que devemos deixar de
visitar a casa dos nossos pais ou desconsiderar as opiniões deles. Contudo, não
podemos fazer dessas visitas um pretexto para apresentar um relatório das
experiências e das dificuldades da vida a dois. Caso contrário, o almoço e as
festas, que deveriam ser momentos de confraternização, serão aproveitados para
que os parentes se “alfinetem” ou transformem o encontro em ocasião para
“lavarem a roupa suja”, num território em que a nora se poderá sentir humilhada
diante do assunto trazido em pauta.
É interessante considerarmos que cada família estabelece as
suas próprias regras e normas, em comum acordo, entre os cônjuges. Uma vez
detectado o possível problema, cabe ao casal aproveitar essa oportunidade para
expor, entre si, a situação que não lhe agrada, no sentido de juntos se
adequarem ao impasse. Se ele não consegue ainda separar-se da mãe, mesmo depois
de casado, talvez seja um bom começo equilibrar o tempo de permanência na casa
materna.
Por outro lado, a interferência da mãe do esposo na relação
conjugal do filho, entre estas e outras situações citadas acima, pode ser um
indicador de que comentários (os quais deveriam permanecer estritamente entre
os muros da vida do casal) estejam a ser ventilados em conversas, mais para se
ter o que falar do que para oferecer ajuda.
Para que as sogras possam sair das margens dos
relacionamentos, basta que elas se lembrem de que os seus filhos agora têm vida
própria e que os seus conselhos, quando não forem impostos, poderão ser úteis
quando solicitados.
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Ciúme: sinal de alerta nos relacionamentos |
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Ciúme: sinal de alerta nos relacionamentos
O ciúme mexe
com as estruturas de qualquer relacionamento
Quem nunca
ouviu dizer que o ciúme é o tempero do amor? Temos assistido a muitos casos nos
quais este sentimento é o “fósforo aceso na pólvora”, ou seja, provoca reações
inesperadas e de total descontrole. Pensando assim, ainda achas que o sentir é
normal?
Tempero no
amor
Factores
culturais fazem-nos acreditar que o ciúme é uma prova de amor e que pequenos
sacrifícios, como deixar de ir a determinados lugares ou trocar de roupa para
que a pessoa amada não se chateie, são bem-vindos e são o “tempero” no amor.
A grande
questão é que os tais “pequenos sacrifícios” e este “tempero” transformam-se em
aprisionamentos à medida em que o tempo passa. Estar com o outro, passa, então,
a não ter tanto sentido, perde a graça, e, certamente, mexe com as estruturas
de qualquer relacionamento.
Do ponto de
vista psicológico, é um sentimento que envolve o medo de perder o amor da
pessoa amada e está diretamente relacionado com a falta de confiança no outro,
sobretudo em si próprio.
Quando ele
se torna exagerado, consideramos que se transforma em doença, chegando a
pensamentos obsessivos. A complexidade do ciúme é grande, pois envolve pensamentos,
emoções, comportamentos e reações físicas.
Insegurança
Pessoas
ciumentas costumam certificar-se, frequentemente, se são queridas, se as
pessoas podem dar provas de amor ou mesmo pedindo provas para que este amor
seja certificado, tais como: proibir o amado de visitar um determinado lugar,
usar esta ou aquela roupa, prometer que fará ou não fará uma coisa, dentre
tantas outras.
Muitas
vezes, coloca-se nestes pedidos, que são coisas externas, o significado do
amor, que de um sentimento interior, passa a ser construído com provas
externas.
Ciumentos
fazem interpretações distorcidas e, geralmente, fazem isso não apenas com o seu
par amoroso, mas também nas relações de amizade, trabalho, família… Eles cobram
atenção, e isto vale até mesmo para o uso de objetos pessoais por outras
pessoas.
Problemas
psicológicos
Convém
lembrar que, quando excessivo, o ciúme se torna um problema de saúde
psicológica, pois a pessoa começa a ter sentimentos paranóicos, delírios de
perseguição e temor imaginário de que a pessoa está a ser vítima do mundo, com
muitas fantasias, imprecisões, dúvidas ligadas aos ideais supervalorizados ou
delirantes.
Por vezes, a
pessoa passa a ter compulsão em dirimir as suas dúvidas e, com isto, passa a
invadir a privacidade do outro, abrindo a correspondências, mexendo nos bolsos,
no telemóvel, nas redes sociais, fazendo um perfil falso para tentar “encontrar”
provas de infidelidade e tantas outras atitudes extremistas.
Parecem
atitudes tolas e até mesmo são reconhecidas pelo parceiro, mas não servem em
nada para aliviar o ciúme, mas, aumentam a sensação de desconforto.
Se tu passas
por esta situação, é importante que converses (diálogo, muito diálogo) bastante
sobre o assunto com o teu par, procurando, juntos, as alternativas que permitam
que o verdadeiro amor, baseado na confiança e na cumplicidade, possa crescer
entre vocês, deixando também que Deus actue na insegurança, nos reflexos de
dificuldades afetivas do passado, bem como buscar ajuda especializada quando
perceber que a situação tomou uma proporção maior do que aquela que vocês podem
administrar sozinhos.
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Como ser uma boa esposa para o marido |
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Como posso
ser uma boa esposa para o meu marido?
O mais bonito de ser esposa são os elos que ela constrói com o
seu esposo, com os seus filhos e a sua família
É preciso que estejamos bem com nós mesmos para cultivarmos
relacionamentos saudáveis. A esposa deve estar num ambiente que possa ser
aceita, respeitada, valorizada e amada pela família. Um espaço que apresenta
essas características é estímulo para que elas possam desenvolver bons
relacionamentos com os seus cônjuges, filhos e sobrinhos, com a sua sogra, o seu
genro, os seus cunhados e amigos; enfim, com as pessoas que lhes são próximas.
Refletir o papel da esposa é o mesmo que refletir: “Esposa,
onde estás?”, “Marido, onde estás?”, “Filhos, onde estais?”, “Família, onde
estás?”. Este é o universo que recebe, com festa, uma mulher casada. Ela,
animadamente, decide conviver nesse lugar, ter filhos e formá-los; casar-se
para sempre.
Com o passar do tempo, é percebido que o modelo familiar e as
contingências que a cercam não permitem que a sociedade perceba a esposa como
aquela que edifica a sua casa por conta da sua sabedoria. Ao contrário, meninas
tornando-se esposas, esposas tornando-se meninas e novos arranjos familiares
surgindo; provavelmente, por conta desta falta de correspondência entre função,
habilidade, necessidade e responsabilidade em ocupar um espaço que requer todas
as competências. Contudo, exige também estímulos para estar, reforço positivo
para continuar.
Função da esposa
Uma das funções mais lindas da esposa é a de desenvolver um relacionamento
saudável com o seu companheiro. De acordo com Roberto Shinyaschiki, no seu
livro ‘A Carícia Essencial – Viva bem com as pessoas que você ama’, “alguém que
vive angustiado vai criar angústia nos seus relacionamentos. Alguém que vive
irritado vai criar sempre brigas ao seu redor”. Por causa dessas consequências,
as esposas deverão sempre perguntar-se: “Qual é a minha função no lugar em que
estou e com quem estou?” “Quem sou eu, ou como eu estou a ser como esposa?”.
A forma como eu convivo determina o modo que sou nos meus
relacionamentos. Portanto, para viver bem, a esposa deverá estar bem com sigo
mesma, e isso significa estar disposta a cuidar das suas carências afetivas e
não permitir que se instale um comportamento de solidão dentro do seu coração.
Solidão
Complementa Shinyaschiki: “Um coração vazio é lugar para
carícias negativas, que somente aumentam a dor da solidão”. Então, esposa, quem
és tu? Aquela que deverá ser tratada com carícias positivas, que se sente bem
ao estar ao lado do seu marido, que sempre é recebida pelos seus familiares com
saudações do tipo: “Que bom que tu vieste!” A esposa que é solicitada pelo seu
amado para conversar, namorar, sair, rezar e divertir-se. Tudo isto, porque a
esposa, cercada de influências como esta, também proporcionará ao ambiente do
seu casamento e da sua família a alegria, a tranquilidade, a oração, a solução,
a festa e a boa convivência.
Que Deus afaste do teu coração o vazio que a leva à solidão,
mas também a falta de vontade em continuar a ser a esposa esperada pelo seu
companheiro e pelos seus filhos. Assim, o marido deverá refletir sobre o lugar
que ele ocupa na vida dela e dos seus filhos. Então, esposo, esposa, filhos,
onde estais?
“Dediquem-se uns aos
outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vós” (Rm
12,10). É tempo de Páscoa, vamos dar honra aos que estão na nossa família!
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Como preparar o filho para lidar com a frustração |
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Como preparar
o seu filho para lidar com a frustração
A escola da vida é uma excelente academia para treinar e
lidar com a frustração
Num mundo de opções tão variadas, é possível preparar os nossos
filhos para conviver com esta diversidade? É possível dizer ‘não’ àquilo que
não é bom para eles e ensiná-los a conviver com as frustrações? Para responder a estas perguntas precisamos,
primeiro, de entender o que é frustração. É um estado que vivenciamos quando
algo nos impede de realizar o nosso objeto de prazer. Na vida, sabemos que
existem várias barreiras limitadoras – sejam elas sociais, psicológicas,
físicas ou espirituais –, e é bom que assim seja, pois elas impedem-nos de ter
comportamentos nocivos para nós e para os outros. Mas a forma de lidar com isto
gera satisfação ou insatisfação.
Durante toda a nossa vida, vivemos realidades permeadas de
expectativas não atendidas, tais como a falta de pessoas e de sentimentos que
gostaríamos que elas tivessem ou não para connosco. Estes sentimentos podem
despertar em nós emoções de raiva ou tristezas, as quais acabam por se
transformar em ira ou depressão, levando os nossos filhos a pequenos ou grandes
sofrimentos.
A frustração pode atacar principalmente a autoestima dos
nossos filhos e levá-los a fazer escolhas erradas, tais como drogas ou
relacionamentos complicados.
Como fazer para que as crianças aprendam a conviver e a
trabalhar as frustrações inevitáveis? Este é um grande dilema vivenciado
diariamente por muitos pais.
A escola da vida é uma excelente academia para treinarmos
desde pequenos, e colocarmos limites possibilita-nos criar condicionamentos
mentais, que nos vão propiciando amadurecimento e condições para lidarmos com
frustrações maiores. Poder trabalhar preventivamente é um ponto importante para
quem tem filhos pequenos.
Neste ponto, temos vivido uma realidade preocupante. Como a
vida profissional dos pais exige que estes fiquem muito tempo fora, eles acabam
por atender aos desejos dos filhos, que não deveriam, para acalmar o sentimento
de culpa que sentem por causa da ausência.
Superar a frustração
A grande maioria dos pais, quando perguntados sobre o que
mais querem para os seus filhos, provavelmente responderão: que sejam felizes.
Para isso, esforçam-se para oferecer às crianças as melhores condições, mas,
muitas vezes, perdem a oportunidade de ensinar a simplicidade da felicidade.
Temos de entender que, dentro de cada um de nós, existe uma pessoa fraca e uma,
forte. A pergunta que temos de nos fazer é: qual estamos a alimentar mais em
nossos filhos? Ensiná-los a lidar com as emoções e os sentimentos faz parte do
nosso papel de educador, a fim de que possam superar as frustrações que
enfrentarão por toda a vida.
A primeira aprendizagem que focamos muito como sucesso é o
que o mundo nos ensina, ou seja, criarmos condições principalmente no
desenvolvimento do quociente intelectual, mas esquecemo-nos do quociente
emocional e espiritual, que é a nossa capacidade de lidar com as emoções diante
dos desafios diários da vida. A capacidade de transcender, abrir mãos de
necessidades atendidas no presente para uma vida futura melhor.
O nosso papel é trabalhar as competências dos nossos filhos, os
seus conhecimentos, as suas habilidades e, principalmente, as suas atitudes aos
valores e às crenças que introjetamos neles a partir da forma como vemos o
mundo. A escola pode ser parceira, mas os pais não podem passar para terceiros
uma função que é inerente à sua vocação. E a vocação dos pais católicos é serem
os primeiros educadores e catequistas de seus filhos.
O que podemos, então, fazer como pais para ajudar os filhos
desde pequenos? Primeiro, buscar o autoconhecimento, pois quem se conhece tem
mais possibilidade de se aceitar com foco na construção da autoconfiança.
Pessoas que reconhecem as suas qualidades e defeitos têm mais facilidade para
trabalhar comportamentos inadequados sem se sentir uma pessoa inadequada. Isto
permite que ela tenha coragem de mudar quando for preciso e aceitar aquilo que
ela não pode mudar.
Caminho para ajudar a lidar com a frustração
Trabalhar a paciência para que eles aprendam a esperar,
fazendo com que a frustração seja menos dolorida. O diálogo é fundamental para
a criança aprender a partilhar os seus sentimentos, os quais, quando falados,
podem ser melhor trabalhados. Aprender a ser persistente, pois pouca coisa nós
conseguimos sem que tenhamos de batalhar por elas. A vida não é o que a
televisão vende, mas algo conquistado passo a passo. Como diz São Paulo,
precisamos de combater o bom combate. Ter a capacidade de mudar de estado de
acordo com algumas situações, controlar impulsos e aceitar as adversidades e as
alegrias como parte da vida, pois o mundo não se restringe ao nosso umbigo, mas
a uma coletividade.
Porém, nada disto é possível sem que os pais se lembrem de
que o comportamento dos filhos é modelado por os seus exemplos; portanto,
precisam ser os primeiros a reconhecer os seus próprios sentimentos e lidar com
as suas frustrações diante da realidade da vida.
Lembrem-se: os nossos filhos são como folhas em branco, nas
quais podemos escrever as nossas frustrações e os nossos medos ou contribuir
para a aprendizagem de como lidar com as decepções e superá-las. Como numa
academia, temos de começar com exercícios leves até chegar aos mais exigentes,
ou seja, ajudá-los a serem adultos maduros e felizes.
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As consequências do mau relacionamento dos pais na vida dos filhos |
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As
consequências do mau relacionamento dos pais na vida dos filhos
Quando os pais se relacionam mal, isso gera consequências nos
filhos, independente da idade que estes tenham
Atitudes são decisões internas que geram comportamentos,
ações diante de diferentes circunstâncias. Estes comportamentos são fruto do
temperamento, do ambiente que vivem e das escolhas que vão sendo feitas a
partir de determinadas realidades que os pais vivem com os filhos.
Muitos problemas de comportamento são gerados no relacionamento
com pessoas, tais como colegas, professores e irmãos, mas o de grande impacto é
a interação com os pais.
Muitos pais, no entanto, não percebem que a forma como se
relacionam um com o outro interfere na formação, no comportamento dos filhos.
Comportamentos conflituosos
Discussões entre o casal podem marcar uma criança para toda a
sua vida, gerando comportamentos conflituosos ou inadequados.
A percepção dos filhos sobre o amor, o matrimónio, o
companheirismo, os confrontos e divórcios, entre outras situações vivenciadas
pelos pais, pode ser causa de um tumulto na vida adulta dos filhos.
As crianças, na primeira infância, ficam vulneráveis e
confusas diante de um ambiente conturbado; muitas vezes, assumem a culpa pelas
dificuldades do casal. Por não terem ainda muita consciência, acabam
escamoteando os sentimentos.
Na idade escolar, podem apresentar problemas de
relacionamento consigo e com o outro, de aproveitamento na escola e, em alguns
casos, podem fugir de casa para se livrarem do ambiente conturbado ou por
acharem que vão unir os pais.
Na adolescência, o impacto do mau relacionamento dos pais
reflete-se no amadurecimento precoce, na vergonha, no uso de drogas por parte
dos filhos e na gravidez precoce.
Filhos que não se querem casar
Muitas vezes, as brigas presenciadas na infância impedem que
os filhos, na fase adulta, se queiram casar, pois o medo da situação
conflituosa se repetir paralisa algumas pessoas.
Em todas as idades, quando o relacionamento do casal se
deteriora, causando a separação, os filhos podem apresentar hostilidade,
insegurança pela perda do amor de quem sai do lar e medo do padrasto tomar o
lugar paterno.
Em casos de separação, é importante manter a presença física
e emocional, pois ausência paterna é entendida como falta de amor, podendo
aumentar o sentimento de culpa pela separação dos pais.
Quanto mais cedo os pais têm consciência destas
consequências, melhor, porque permite que eles ensinem aos filhos a trabalharem
os sentimentos diante das situações, criarem espaço para que seja partilhada e
entendida a ansiedade que as brigas provocam e tentem reconstruir uma relação
saudável na vida conjugal em benefício da vida atual e futura dos filhos.
Em alguns casos, torna-se necessário a contratação de um
profissional para juntos entenderem as circunstâncias que acarretaram o
problema de comportamento e a forma de relacionamento entre a criança e os seus
pais, porque uma melhor interação contribui para romper o círculo vicioso de
comportamentos negativos.
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A educação dos filhos e a palmada |
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A educação
dos filhos e a palmada
Desabafo de um pai:
Os filhos são educados pela fé e conquista, mesmo que hoje
seja mais difícil educá-los
Uma boa educação dos filhos não se impõe com leis, muito
menos com a lei das palmadas.
Quanto menos educação tem um povo, tanto mais leis criam os seus
governantes, dizem os sociólogos. O que precisamos é de educar os pais, colocar
o amor de Deus no coração deles e ensinar-lhes que os filhos são dons preciosos
que o Senhor lhes confiou para os educar com carinho e modelá-los como
preciosos diamantes. É preciso proteger a família, lutar contra toda a
imoralidade que a destrói e desfigura. É assim que vamos assegurar aos filhos
uma boa educação, sem violência e sem a intervenção do Estado.
O filho educa-se pela fé e pela conquista, mesmo que hoje
seja mais difícil educar, porque uma inundação de “falsos valores” entra em
nossa casa pela mídia. No entanto, com um trabalho dedicado e atencioso, os
pais podem realizar uma boa educação. Mas, para isso, terão de “conquistar” os
seus filhos, sem o que, eles não ouvirão a sua voz nem colocarão em prática os
seus conselhos. Mas esta conquista não acontece com o que damos aos nossos
filhos, mas com o que “somos” para eles. Temos tempo para eles? Brincamos com
eles? Conversamos com eles? Ajudamo-los nas suas dificuldades? Sabemos acolher os
seus amigos? Tornamos o lar um lugar agradável? Sabemos corrigi-los com
delicadeza e firmeza, sem os humilhar? Sabemos descer ao seu nível de idade e
sentimentos? Sabemos valorizá-los, estimulá-los e elogiá-los? Brincamos com os
nossos filhos?
Um dia, quando os meus cinco filhos ainda eram adolescentes,
eu li uma frase que me fez pensar muito: “Conquiste o seu filho antes que o
traficante o faça”.
Antes de tudo, os filhos precisam de “ter orgulho” dos pais;
sem isso, a educação poderá ficar comprometida. Se o filho tiver mais amor ao
mundo do que aos pais, então, ele ouvirá mais o mundo do que os genitores. É
assim que os pais “perdem” os seus filhos e já não ouvem a voz deles.
Conclui-se daí que os primeiros a serem educados são os pais,
para poderem educar os filhos. André Berge, pedagogo francês, dizia que “os
defeitos dos pais são os pais dos defeitos dos filhos”.
Deixar Deus de fora da educação dos filhos é um risco
Foi Deus quem nos criou, Ele nos conhece até a mais profunda
e escondida fibra do nosso ser, seja no campo biológico, psicológico, racional,
sensitivo ou espiritual. Por isso, querer educar os filhos sem Deus e as Suas
santas leis é relegar o homem a um plano muito inferior ao que ele ocupa: o de
filho de Deus, imagem e semelhança do seu Criador. Deixar Deus de fora da
educação dos filhos seria algo comparável a alguém que quisesse montar uma bela
e complexa máquina ou estrutura sem usar e seguir o projeto detalhado do
projetista. É claro que tudo sairia errado.
Educar é uma bela e nobre missão, pela qual vale a pena
gastar o tempo, o dinheiro e a vida; afinal, estamos diante da maior
preciosidade da vida: os nossos filhos. Tudo será pouco em vista da educação
deles. Por esta razão, não é preciso palmadas nem leis para isso.
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Uma carta à minha Mãe |
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Uma carta à
minha Mãe
Querida mamã:
Apesar de tu não teres querido que eu nascesse, não posso
deixar de chamar-te “mamã”.
Escrevo-te do mundo de além, para te dizer que estava «muito
feliz quando comecei a viver no teu seio... Eu desejava nascer, conhecer-te...
e pensava que um dia seria uma criança muito alegre. Sonhei poder ir à escola e
chegar a ser um homem importante... Eu acreditava que, quando se completassem
os nove meses de estar juntinho ao teu coração e nascesse, todos lá em casa
iriam alegrar-se com a minha chegada. Mas, tu não pensavas como eu - não é
verdade, mamã?... e um dia, quando estava tão feliz a brincar no mais íntimo
das tuas sagradas entranhas, senti algo muito estranho, que não saberia como
explicar: algo que me fez estremecer. Senti que me tiravam a vida!... Uma faca
surpreendeu-me quando eu brincava feliz e quando só desejava nascer para te
amar.
Naquele momento, não compreendi quem me estava a tirar a
vida... Diz-me, mãe: - Quem poderia entrar cruelmente dentro de ti e chegar
onde, com tanta segurança, eu me encontrava, para me matar? Quem é que sabia
que eu estava lá?... Quem foi, mamã?
Não sei o que cheguei a pensar... Perdoa-me, mas, por um
momento a dúvida passou pela minha cabeça e acreditei que só tu o poderias ter
feito. Perdoa-me este juízo. Como poderia eu imaginar que uma mãe fosse capaz
de matar o seu filho quando, em casa, não estorvam nem o gato, nem a televisão?
Agora, mamã, sei tudo... Estou aqui, no outro mundo e um
companheiro que teve a mesma sorte que eu, disse-me que sim, que foste tu...
Disse-me que há mães que matam os filhos antes de nascer. Mãe, como foste capaz
de matar-me?... Como foi possível que tivesses feito tal coisa contra mim?
Pensavas comprar uma máquina de lavar ou um aspirador, com os gastos que talvez
eu te iria causar? O mau conselho que te deram, escutaste-o, antes de ouvir o
teu coração.
Como consentiste que me cortassem aos bocados e me atirassem
para um balde?
Tinha tantas ilusões... tiraste-mas todas... Pensava poder
vir a ser um bom engenheiro, ou um sacerdote ou um santo... Poderia ter sido um
bom filho e ser um bom pai, mas, tu negaste-me tudo... Sabes uma coisa,
mamã?...
Ontem estive a falar com Deus e pedi-Lhe que, por favor, me
esclarecesse tudo acerca da verdade da minha morte. Ele abraçou-me, com muito
carinho e disse-me muitas coisas...
As mesmas que sempre sonhei escutar dos teus lábios, quando
esperava que, um dia, me embalasses nos teus braços. Disse-me que só Ele é o
Senhor da vida e que ninguém tem o direito de a tirar. Olha, mamã, já me ia
esquecer de que Ele me disse que terás de Lhe dar contas do que fizeste! Dos
meus olhos caíram torrentes de lágrimas e de saudade.
Mamã, antes de me despedir de ti, peço-te um favor: que esta
carta que te escrevo, a dês a ler às tuas amigas e futuras mães, para que não
cometam o monstruoso crime que tu cometeste.
Envio-te o carinho que desejaria ter-te dado em vida... e
peço-te que te arrependas daquilo que fizeste ao teu filho, que nunca nasceu.
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Os bebés dentro do útero gostam de "ver" os rostos humanos |
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Os bebés
dentro do útero gostam muito de “ver” os rostos humanos
Será que eles estão tão ansiosos
para conhecer os nossos rostos, como nós para vermos os deles?
No terceiro trimestre da
gestação, o feto está cada vez mais consciente do mundo fora do útero. Ele
consegue ouvir a voz da mãe desde a 18.ª semana da gravidez. Algumas semanas
depois, ele também já vê a luz que ultrapassa as paredes do útero.
São factos que intrigaram os
cientistas. Se um bebé que ainda não nasceu pode enxergar a luz, e podemos
fazer um ultrassom 4D e ter uma ideia muito clara das reações do bebé, então
ele seria atraído para uma configuração de luz semelhante ao rosto? Foi o que
perguntaram os pesquisadores. Vincent Reid e os seus colegas da universidade
britânica de Lancaster observaram 39 bebés no útero, virando a cabeça deles em
direção a três pontos de luz que brilhavam através da parede uterina. A luz
destinava-se a imitar um padrão de rosto rudimentar, com dois pontos acima,
como os olhos, e um centralizado abaixo deles, onde seria uma boca.
Mas eles não estavam interessados
somente nos pontos luminosos. Os cientistas descobriam que os bebés eram mais
propensos a seguir o padrão que imitava um rosto humano. Quando os
pesquisadores invertiam o formato das luzes, os bebés não reagiam.
Nós sabemos que os recém-nascidos
são atraídos para os rostos humanos, embora sua visão seja muito pobre. Eles
não vêem detalhes, apenas manchas escuras e leves que indicam os olhos e a boca
da mãe, desde que ela não esteja muito distante. E quanto aos bebés nascidos
prematuramente, eles são tão interessados em rostos quanto os bebés que atingem
o período gestacional completo.
A questão, como sempre, é “por
que é que isto tudo interessa?” Interessa porque todos querem saber sobre o que
os bebés podem fazer dentro do útero, quanto eles sabem, etc. Mas, isso não vai
transformar toda a gente em pró-vida, já
que nem a ultrassom o fez.
Ainda assim, isto é muito importante
para mim. Estou sentada aqui e sentindo o meu próprio filho minúsculo, contorcendo-se dentro de mim. Eu acho que isso
importa porque diz que o bebé, a seu modo, está tão ansioso para ver o meu
rosto como eu para ver o dele. Ele diz que ele se está a preparar para mim,
assim como eu me estou a preparar para ele. O amor começa muito pequeno, em
ações tão simples como o contacto com os olhos. E esta conexão cresce tanto que
reflete o próprio amor de Deus, a própria essência de Deus. Este meu bebé já se
está a preparar para se apaixonar, primeiro por mim, depois pela sua família, e
espero, finalmente, por toda a família humana, especialmente por Cristo, que
tem um rosto humano também.
Os seres humanos são feitos para
o amor. E eu adorei saber que, mesmo antes do nascimento do meu filho, ele está
a desenvolver uma atração inata para o rosto humano. É exatamente a maneira
como a sua vida deve começar, uma vez que o trabalho da nossa vida inteira é
gerar essa semente de amor e torná-la algo celestial.
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